Conquista pela perplexidade

Espaço TIM UFMG do Conhecimento quer sensibilizar o público pela força do saber

Interatividade com o público e painéis representativos da produção universitária caracterizam os ambientes de exposição

Fernanda Cristo

Física, filosofia, antropologia, arqueologia, biologia, literatura, linguística e ecologia são algumas áreas do conhecimento que acabam de se tornar mais acessíveis à população por meio do Espaço TIM UFMG do Conhecimento. Além do planetário e do observatório astronômico, o Espaço, instalado na Praça da Liberdade e inaugurado neste domingo, dia 21, abriga três andares de exposições e será palco de oficinas e palestras, voltadas principalmente para o público jovem.

Tudo isso de maneira lúdica, artística e interativa, segundo a curadora do Espaço, Patrícia Kauark. “A ideia é proporcionar ao visitante uma atitude de perplexidade. Queremos que ele, pela interatividade, assuma uma dimensão ativa no processo de apreensão do conhecimento”, diz a professora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.

Resultado de parceria entre a UFMG, a empresa de telefonia TIM e o governo de Minas Gerais, com investimento de R$ 13 milhões, o Espaço é o primeiro prédio do Circuito Cultural Praça da Liberdade aberto ao público. A exposição inaugural é Demasiado Humano, título inspirado na obra do filósofo alemão Nietzsche. Distribuída em três andares, a mostra será dividida entre os espaços Origens, Vertentes e Águas. O primeiro mostra o surgimento do Homem, desde o Big Bang até o primeiro registro da presença humana no planeta e na América Latina. A segunda parte explorará a dimensão simbólica e social do homem, enquanto a terceira será focada nas relações com o planeta, lembrando as principais questões ambientais da atualidade. A exposição terá duração de dois a três anos.

“Esperamos que o visitante saia tocado e sensibilizado pelo saber e com vontade de conhecer e aprender mais”, explica Patrícia Kauark. Ela diz ainda que a intenção da mostra é suscitar questões e indagações. “O objetivo não é apresentar verdades estabelecidas, mas proporcionar ao público o que há de mais avançado nas pesquisas universitárias”, completa. Concepção e montagem do Espaço TIM UFMG do Conhecimento contaram com a participação de 30 professores e outros cerca de 100 profissionais ligados à Universidade. O projeto museográfico é do artista plástico Paulo Schmidt.

Espaço de formação

Em vários locais do prédio, incluindo a fachada, haverá exibição de vídeos. “Grande parte das obras instaladas lida com audiovisual”, afirma o coordenador de audiovisual do Espaço, Rodrigo Minelli, professor do Departamento de Comunicação Social. No planetário, além das imagens do céu, serão projetados vídeos com conteúdos diversos. “Estamos aguardando uma licitação para produzir um vídeo sobre cosmogonia indígena que será projetado na abóbada”, revela Minelli. O termo se refere às diversas lendas e teorias sobre as origens do universo, de acordo com as religiões, mitologias e ciências.

Enquanto a exposição Demasiado Humano estiver em cartaz, todo o conteúdo audiovisual deve ser relacionado à mostra, bem como as oficinas e palestras. Para Patrícia Kauark, o ideal é que o espaço seja não apenas de visitação, mas também contribua para a formação dos jovens. Por isso as oficinas são voltadas principalmente para estudantes do ensino médio e fundamental e devem contemplar diversas áreas do saber, como arqueologia, letras, filosofia, biologia, química, entre outras. “À medida que pudermos ampliar, vamos oferecer para a população formação, e formação de qualidade. Isso é uma das dimensões importantes que a Universidade deve explorar”, defende a curadora.