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Nº 1688 - Ano 36
29.3.2010


Trabalhar para continuar avançando

Itamar Rigueira Jr.

Médica pediatra e professora da Faculdade de Medicina, Rocksane de Carvalho Norton deixou o campus Saúde há cerca de três anos para cuidar da assistência estudantil da UFMG, e presidiu a Fump até o início da campanha visando às eleições para a Reitoria. Com mais essa experiência, Rocksane tornou-se na semana passada vice-reitora da Universidade. Nesta entrevista ao BOLETIM, ela fala de saúde, assistência e cultura, entre outros temas.

Quais são as grandes questões relacionadas à saúde na UFMG?

A saúde é uma área muito especial, e os hospitais são um grande desafio que temos pela frente. Eles têm estruturas muito caras, mas indispensáveis para o ensino, em todos os cursos da área de saúde. Precisamos equacionar principalmente a questão financeira, especialmente no HC. O presidente Lula assinou, em 27 de janeiro deste ano, o decreto 7.082 para a reestruturação dos hospitais universitários, que deverão elaborar projetos para seu adequado financiamento. Este é, portanto, um momento muito especial, oportunidade de ter uma fonte de financiamento que nos dê tranquilidade. A ideia é que o Ministério da Saúde passe a ter compromisso com os hospitais universitários. Isso vai gerar receita e permitir o seu equilíbrio financeiro.

A abertura de novas escolas médicas tem diminuído as oportunidades de estágio, as vagas vêm sendo ocupadas por alunos de outras instituições. Os serviços de saúde exigem contrapartidas das escolas médicas para receber alunos em treinamento. Por isso, é tão importante investir também no Hospital Risoleta Tolentino Neves.

Os hospitais (HC e Risoleta Neves) e os ambulatórios são fundamentais para o ensino, a pesquisa e a extensão na área de saúde.

Quais são os planos para a assistência estudantil?

A UFMG é exemplo para todo o Brasil porque, além da preocupação com a permanência – alimentação, saúde e moradia –, proporciona aos estudantes de pior condição socioeconômica oportunidades de desenvolvimento das atividades acadêmicas e culturais. Investimos em cultura, aquisição de livros, oportunidades de intercâmbio dentro e fora do Brasil, cursos de idiomas etc. Isso se reflete nas taxas de evasão, que são as menores do país. Pretendemos manter e ampliar o trabalho durante os próximos quatro anos. É uma questão de princípio para nós, principalmente depois que a política de bônus trouxe estudantes com necessidades maiores. Há projeto com recursos aprovados para reforma do restaurante Setorial 1, que atenderá o número crescente de alunos que chegam a partir da adesão da UFMG ao Reuni. Os estudantes reivindicam a criação de uma pró-reitoria de assistência estudantil, o que certamente estará na pauta de debates em nosso Reitorado.

O novo Reitorado já encontra os primeiros resultados da política de bônus. Qual é a maior preocupação?

Já existe uma comissão de acompanhamento dos alunos que ingressaram por esse mecanismo, a Cais, que será apoiada integralmente. Esperamos os resultados desse trabalho. Temos muita preocupação com o acompanhamento desses alunos, mas também com o impacto do aumento do número de alunos em toda a Universidade.

E a cultura, como será tratada pela nova gestão?

A área de cultura ficará sob a responsabilidade da Pró-Reitoria de Extensão. Mas projetos que estão ainda amadurecendo vão continuar, por ora, vinculados ao Gabinete. É o caso do Espaço TIM UFMG do Conhecimento e da série Sentimentos do Mundo. A ideia é expandir a área de cultura, contando com a volta da Diretoria de Ação Cultural para a Pró-Reitoria, que vai coordenar também as ações de meio ambiente, que ainda estão espalhadas por vários setores na Universidade.

Quanto a outras pró-reitorias, que mudanças já estão planejadas?

Na Graduação, o grande desafio é o Reuni. Durante a etapa de implantação havia uma coordenadoria especial, vinculada à Pró-Reitoria de Graduação. Essa coordenadoria será incorporada à Prograd, que deverá manter e acompanhar os novos cursos, diurnos e noturnos. Há, portanto, necessidade de fortalecimento da estrutura da Graduação. Na Pró-Reitoria de Pesquisa, pretendemos que a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) tenha maior independência para desempenhar ainda melhor seu papel.

A senhora imaginou ocupar cargo tão alto na direção na UFMG? E qual sua visão dos próximos quatro anos?

Nunca imaginei. Me dedicava ao ensino, extensão e pesquisa na Faculdade de Medicina. Deixei o campus Saúde há apenas três anos, quando fui chamada para ajudar em momento de crise da assistência estudantil, assumindo a presidência da Fump. Para os próximos quatro anos, o sonho é manter a qualidade e a relevância que tem a Universidade, e o reconhecimento da sociedade brasileira. Falar da UFMG em qualquer fórum é motivo de orgulho, e temos que fazer jus a isso. E trabalhar para continuar avançando.