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Nº 1695 - Ano 36
17.5.2010

Uma foto para a posteridade

Campanha do Projeto República busca imagens dos municípios do estado para o Memorial Minas Gerais

Fernanda Cristo

De Abadia dos Dourados a Wenceslau Braz, passando por Desterro de Entre Rios, Ewbank da Câmara, Grão Mogol, Jambruca, Nacip Raydan e São Sebastião da Vargem Alegre. Minas são muitas, já dizia Guimarães Rosa, e nada melhor do que os seus municípios – muitos deles pouco conhecidos e de nomes curiosos – para simbolizar essa diversidade. O Memorial Minas Gerais, um dos espaços do Circuito Cultural Praça da Liberdade, está construindo um painel representativo desse universo por meio de fotografias das 853 cidades do estado recolhidas por pesquisadores do Projeto República da UFMG.

A pesquisa começou há cerca de um ano, quando foi firmada parceria entre o Projeto República, a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e a curadoria do espaço. “A curadoria do Gringo Cardia (responsável pelo projeto museográfico do Memorial) propôs mais ou menos 70 temas, entre eles os municípios mineiros”, explica Bruno Viveiros, um dos coordenadores do Memorial no Projeto República.

A ideia é criar um painel com um mapa do estado. Ao tocar no ponto que representa determinada cidade, o visitante visualizará uma foto do local. “Buscamos um símbolo que seja reconhecido pelo visitante e pela pessoa daquela cidade como um bem natural, um lugar público, uma praça, um patrimônio histórico”, explica Viveiros. O primeiro passo, segundo ele, foi entrar em contato com as prefeituras e secretarias municipais de cultura, mas como nem todas dispunham de imagens, os pesquisadores decidiram buscar apoio da população.

Em parceria com o Centro de Comunicação da UFMG, foi desenvolvida a campanha Sua cidade bonita na foto, com cartazes espalhados pelo campus Pampulha, spots na Rádio UFMG Educativa e VT na TV UFMG. Desde o início da divulgação, o número de cidades sem imagens diminuiu de 290 para 82.

Para serem expostas no Memorial, as fotos devem ter dimensões superiores a 1500x1500 pixels, com resolução de 300 dpis. A equipe do Projeto República também se dispõe a digitalizar imagens impressas, de revistas, fotografias ou postais, mediante empréstimo do material. As fotografias que não forem utilizadas serão armazenadas em um banco de dados. “Queremos que o Memorial seja um espaço vivo. Inicialmente teremos uma imagem de cada município, mas à medida que os conteúdos do espaço variarem as fotos poderão ser substituídas”, ressalta Bruno.

As imagens podem ser enviadas para o endereço projetorepublica@ufmg.br. A lista das cidades cujas imagens ainda não foram encontradas está na página www.ufmg.br/projetorepublica.

Consultores

Praticamente todo o conteúdo do Memorial Minas Gerais está sendo produzido pela equipe do Projeto República. Bruno Viveiros conta que, após definir os temas que seriam explorados no espaço, a curadoria procurou a UFMG para dar sustentação acadêmica às pesquisas. “O Projeto República já está há nove anos trabalhando temas históricos por meio de narrativas e linguagens como a música, a literatura, a canção popular, o cinema. Fomos procurados por causa dessa trajetória”, justifica.

Para auxiliar o trabalho dos estagiários, os coordenadores do projeto montaram uma equipe de consultores, formada principalmente por professores da Universidade. Para desenvolver temas relacionados à arqueologia, por exemplo, foi convidado o professor André Prous, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Já a pesquisa sobre restauração ficou a cargo do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, da Escola de Belas-Artes. Na equipe de consultores também figuram professores das escolas de Belas-Artes e de Arquitetura, Fafich e Letras, e especialistas de fora da Universidade. “Na sala sobre cultura popular, havia um espaço para trabalhar com as violas caipiras. Por isso, convidamos a associação dos violeiros do Brasil”, exemplifica.

Além de Bruno Viveiros, coordenam a pesquisa para o Memorial os professores Heloísa Starling, da Fafich, Sandra Goulart, da Faculdade de Letras, e Carlos Antônio Leite Brandão, da Escola de Arquitetura. Os trabalhos são financiados pela Vale. A inauguração do Memorial está prevista para o mês de agosto.