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Nº 1697 - Ano 36
31.5.2010

Ceale analisa livros de língua portuguesa que serão adotados em 2011

Ana Rita Araújo

De 21 de junho a 4 de julho, quando professores e diretores das escolas públicas de ensino fundamental de todo o país escolherem os livros didáticos de língua portuguesa que vão utilizar a partir de 2011, estarão lidando com obras que passaram pelo crivo do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da UFMG, que desde 1998 integra a equipe de trabalho do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Órgão complementar da Faculdade de Educação (FaE), o Ceale coordena e executa todas as ações da avaliação do PNLD de língua portuguesa para as séries de alfabetização, anos iniciais e finais do ensino fundamental. Isso inclui planejamento, definição de critérios de avaliação, análise de todas as obras, elaboração de resenhas, de pareceres e do Guia de Língua Portuguesa. Disponível no endereço www.fnde.gov.br, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o documento traz a resenha das coleções aprovadas.

Segundo a professora Ceris Ribas, uma das coordenadoras da equipe, o processo é contínuo e cada etapa tem início bem antes da data prevista para a entrega dos livros nas escolas. “No primeiro ano é realizada a avaliação, no segundo ocorrem a divulgação dos resultados e a escolha dos livros pelas escolas, que recebem o material no início do terceiro ano.”

As obras ficam em uso durante três anos, podendo ser substituídas na avaliação seguinte. Durante esse período, há apenas reposição de exemplares, para completar o estoque. A desatualização das obras didáticas é um dos grandes problemas vivenciados pelas escolas. “Em algumas áreas – ciências, por exemplo – isso pode ocorrer de um ano para o outro, dependendo das alterações e novidades que surgem nos campos da pesquisa e das metodologias de ensino e aprendizagem”, comenta Ceris Ribas. Ela explica que o PNLD procura trabalhar com períodos de apenas três anos. “Esse intervalo foi definido por ser o mínimo necessário para organizar todo o processo de avaliação, divulgação, escolha e distribuição das obras. Vivemos em um país continental, e muitos problemas e desafios precisam ser enfrentados, como organizar essa logística”, pondera.

Critérios

Atenta às mudanças que ocorrem não apenas nos campos do conhecimento, mas no próprio desenho do ensino no país, a equipe da área de língua portuguesa considera natural que tenha havido significativo percentual de renovação nas coleções aprovadas, em comparação com a avaliação que resultou na escolha dos livros adotados em 2008. “Quatro das 16 coleções aprovadas aparecem pela primeira vez no Guia de Língua Portuguesa, o que perfaz um percentual de 25% de renovação”, informa.

Das 26 coleções de língua portuguesa destinadas ao segundo segmento do ensino fundamental que passaram pelo processo avaliatório no PNLD para 2011, 38,46% foram excluídas e 16 (61,54%), aprovadas. Ao comparar esses resultados com os do PNLD anterior, percebe-se queda no percentual de aprovação, que havia sido de 73% em 2008. A mudança não ocorreu por acaso, mas considera as demandas do novo ensino fundamental.

Contudo, sejam elas novas ou antigas, as coleções do Guia 2011 trazem, em conjunto, inovações que, segundo os avaliadores, aprofundam o processo de adequação dos livros didáticos “à virada pragmática no ensino de língua materna, responsável, há aproximadamente 27 anos, pelas grandes transformações que vêm ocorrendo tanto na concepção do que é uma disciplina como língua portuguesa, quanto nos métodos de ensino considerados adequados”. Em atendimento a resolução do MEC, de 2008, as obras seguem as novas regras ortográficas.

Em linhas gerais, a avaliação segue critérios de coerência e adequação metodológicas; respeito às especificidades do manual do professor; adequação da estrutura editorial e dos aspectos gráfico-editoriais; correção dos conceitos e informações básicos; observância de preceitos éticos, legais e jurídicos.

Diversidade

Outra importante característica do trabalho de avaliação dos livros é a diversidade. “Estamos definindo obras para o país inteiro, por isso, não podemos avaliar apenas com a visão de Minas Gerais”, explica a professora Delaine Cafiero, coordenadora, ao lado de Ceris Ribas. “Há uma indicação do Ministério da Educação de que todas as equipes devem ser coordenadas por uma universidade – a UFMG no caso da língua portuguesa –, e ser fundadas na diversidade”, acrescenta. Assim, os coordenadores polos e os avaliadores são especialistas das áreas de ensino de Língua Portuguesa e alfabetização de quatro grandes centros de pesquisa no Brasil: universidades federais de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Universidade de Campinas (Unicamp). “Além da competência teórica, os pareceristas precisam ter relação estreita com o ensino fundamental, sendo ou tendo sido professores dessas séries”, completa Delaine Cafiero.

A UFMG lidera a avaliação dos livros de língua portuguesa, enquanto outras instituições realizam processos semelhantes relacionados com as outras disciplinas do ensino fundamental – matemática, ciências, história, geografia e língua estrangeira.