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Nº 1700 - Ano 36
21.6.2010

opiniao

O futuro das bibliotecas

Diego Guilherme da Silva*

Acabo de acessar a internet do meu aparelho de bolso e, para minha surpresa, leio a notícia de que a mais antiga biblioteca eletrônica, datada do ano de 2025, foi destruída por uma descarga elétrica causada pela tempestade que caiu na tarde de ontem. Segundo a perícia, os equipamentos de para-raios não resistiram à força da natureza, o que provocou a sobrecarga dos sistemas e a queima do hardware central que armazenava o original do livro O futuro do passado. Um livro escrito e vendido no formato digital sem nunca ter “visto” uma folha de papel real – feita de fibrose. Conheceu, sim, a imagem do Word no programa do notebook em que foi escrito. O que demonstra que o papel não ficou esquecido e precisamos de sua imagem em formato eletrônico para continuarmos a ler e escrever.

Mas o que o futuro reserva às bibliotecas? Falar sobre o futuro é bom porque podemos utilizar nossa imaginação até seu ápice sem que ninguém nos chame de futuristas loucos. Haja vista que futuristas como Da Vinci, Julio Verne, Issac Asimov, só para citar alguns, possuíam uma visão à frente de seu tempo e muitas das coisas por eles idealizadas se tornaram hoje realidade. De fato, a ciência vive dessa “ficção” que sonha e busca colocar o sonho em realidade.

Mas o que o futuro reserva às bibliotecas? Biblioteca (do grego βιβλιοϑήκη, composto de βιβλίον, “livro”, e ϑήκη, “depósito”) é o nome dado desde os gregos para a coleção de documentos com intuito de preservá-los para consultas (antigas bibliotecas gregas Alexandria e Pergamum). Do nome deriva bibliotecário que, por sua vez, é formado em Biblioteconomia. Daí a imagem recorrente no senso comum de que bibliotecário só trabalha em biblioteca.

Mas o que o futuro reserva às bibliotecas? Como visto acima, a biblioteca caminha junto com o desenvolvimento do conhecimento. De fato, ela visa organizar o conhecimento para deixá-lo acessível a quem dele necessite. Os responsáveis pela organização das bibliotecas eram visto como sujeitos, sobretudo na idade média, cultos, generalistas, que dominavam o saber, pelo fato de serem os guardiões dos livros e documentos produzidos pela humanidade.

"Estamos seguros de que a biblioteca, seja eletrônica ou física, nos acompanhará ao longo da história."

Mas o que o futuro reserva às bibliotecas? Bom, as bibliotecas têm ao longo da história passado por mudanças que vão desde os diversos tipos de suportes do conhecimento, como os antigos códices que elas armazenavam, feitos de papiro, sucedido pelo pergaminho, até chegar ao papel (e hoje com os formatos digitais); às suas formas de organizar o conhecimento, como o método adotado pelas universidades na idade média, as sete artes liberais, até alcançar a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU), modernas ferramentas que permitem organizar os documentos a fim de facilitar sua localização em bibliotecas tradicionais.

Mas o que o futuro reserva às bibliotecas? Depois de breve viagem ao futuro, voltamos ao passado das bibliotecas e chegamos, finalmente, ao presente. As discussões do que o futuro reserva para as bibliotecas têm sido levantadas desde o surgimento dos computadores. Muitos na época diziam que, no futuro – hoje, no caso –, o papel estaria extinto. Vemos, hoje, o surgimento de novas tecnologias como livros eletrônicos, que subvertem o tradicional suporte de papel, adotando formatos em bits em que se podem armazenar os milhares de livros em um simples aparelho de bolso. Todas essas tecnologias têm despertado as atenções sobre a migração do formato tradicional das bibliotecas para soluções digitais. Sabemos que elas possuem a facilidade de acompanhar esse progresso, o que só é possível por causa da atuação de bibliotecários competentes, atentos às mudanças. Ledo engano de quem pensa que os bibliotecários apenas cuidam de bibliotecas. Eles são profissionais encarregados de gerir, organizar e recuperar a informação e o conhecimento, independentemente dos suportes em que estiverem.

Mas o que o futuro reserva às bibliotecas? A pergunta nos acompanha desde o início deste artigo e pode ter cansado o leitor ansioso por respostas. Acredito que elas se adaptarão às novas tecnologias, mantendo sua função essencial de armazenar, organizar e disponibilizar a informação e o conhecimento. A história tem mostrado a importância das bibliotecas e dos bibliotecários para o conhecimento e a humanidade. Estamos seguros de que a biblioteca, seja eletrônica ou física, nos acompanhará ao longo da história. As novas tecnologias não acabaram com as bibliotecas tradicionais e os bibliotecários. Para isso, existem escolas como a de Ciência da Informação da UFMG, que, neste ano, completa 60 anos e, atenta às mudanças, tem preparado profissionais para enfrentar qualquer desafio.

* Aluno do 6o período de Biblioteconomia da Escola de Ciência da Informação e bolsita Fapemig do projeto Mapa Hipertextual “MHTX”