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Nº 1717 - Ano 37
01.11.2010

A UNIVERSIDADE do SUS

Encontro discute projeto político-pedagógico de rede voltada para a capacitação de profissionais vinculados à atenção primária à saúde

Léo Rodrigues

Conhecimento e qualificação formam a base de um trabalho bem-sucedido. Essa é a aposta da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (SUS), a UNA-SUS. Composta por rede que congrega 22 instituições acadêmicas, serviços de saúde e gestão, a UNA-SUS destina-se a atender às necessidades de formação e educação permanente do Sistema.

Mantendo estreita parceria com o Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), da Faculdade de Medicina da UFMG, desde sua concepção, em 2008, a UNA-SUS realiza, nos dias 9 e 10 de novembro, um encontro para discutir seu projeto político-pedagógico. Cerca de 80 participantes estarão reunidos na Faculdade de Medicina por ocasião da oficina UNA-SUS: projeto político-pedagógico de cursos de especialização na modalidade de educação a distância.

Segundo o professor Edison Corrêa, vice-coordenador do Nescon, a iniciativa reforça o processo de construção coletiva da UNA-SUS. “Nossos encontros são sempre em sedes alternadas, porque é importante que todos conheçam a realidade dos demais integrantes da rede”, diz. O evento será dividido em dois momentos: primeiro, haverá revisão detalhada dos avanços e desafios de cada um dos projetos. Só então, considerando as concepções, metodologias e objetivos educacionais dos cursos, será discutido o projeto político-pedagógico.

O evento é organizado pelo Nescon em parceria com o Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e demais instituições da rede. Ao final, a expectativa é elaborar um documento com bases conceituais e operacionais políticas e pedagógicas para as cerca de 20 iniciativas da UNA-SUS em andamento, entre elas o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família (CEABSF) do Nescon.

“O documento final nos dará uma base para avaliarmos os projetos em andamento e propor estruturações. Nosso desafio é grande, pois se trata de manter articulada uma rede para trabalho em escala, capaz de capacitar grande número de médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas e profissionais de educação física vinculados à atenção primária à saúde”, explica Corrêa.

Tecnologias educacionais

A UNA-SUS é uma ação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde que possibilita saltos em qualidade, tempo, escala, custo e efetividade das ações de educação em saúde. Essa rede que integra o sistema educacional e o SUS tem como grande aliada a implantação de novas tecnologias educacionais. Segundo Vinícius de Araújo Oliveira, consultor do Ministério da Saúde e responsável técnico pelo projeto UNA-SUS, o diferencial da proposta é a maneira como as atividades se dividem e se articulam. “Elas estão separadas em quatro componentes: formulação de conteúdo, educação a distância, titulação dos estudantes e apoio local à aprendizagem, com suporte das tecnologias disponíveis”, enumera.

Para Edison Corrêa, o uso das novas tecnologias de informação e comunicação é “um aliado poderoso para enfrentar o desafio de capacitar a distância diversas pessoas de perfis distintos”. Um dos trunfos do projeto é a recém-lançada Plataforma Arouca, sistema integrado que concentra as informações sobre o histórico educacional e de trabalho dos profissionais de saúde. Leva esse nome em homenagem ao sanitarista Sérgio Arouca, falecido em 2003.

Corrêa enfatiza que a nova ferramenta terá utilidade prática nas discussões sobre os caminhos pedagógicos que serão tomados. “Poderemos levar em consideração o nível de formação e o perfil de todos os profissionais de saúde do país.” A ferramenta ajudará ainda os gestores do SUS, permitindo melhor planejamento e acompanhamento da qualificação e da situação dos trabalhadores.

*Repórter do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina

Rede planeja capacitar 150 mil até 2011

Uma das atribuições do Ministério da Saúde é estabelecer políticas que permitam ao SUS cumprir o seu papel de formação e ordenação de recursos humanos que trabalham na saúde pública. Em 1994, foi lançado o Programa Saúde da Família. A iniciativa logo ganhou novas proporções, transformando-se na Estratégia de Saúde da Família e demandando mecanismos de capacitação dos profissionais que nela se envolviam. As respostas mais recentes do Ministério foram a criação, em 2007, da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) e, no ano seguinte, da UNA-SUS.

A meta estabelecida para a UNA-SUS prevê a qualificação, até 2011, de 52 mil especialistas em saúde da família, além da capacitação gerencial de outros 100 mil. Para tanto, estão sendo firmadas parcerias com universidades públicas para oferta de cursos, que devem ser adaptados às realidades locais e lançar mão de atividades presenciais e a distância.

Oficina Una SUS