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Nº 1738 - Ano 37
16.05.2011

Ensino MÉDIO bem acima da MÉDIA

Educação de jovens e adultos da UFMG oferece formação profissional a seus alunos

João Kleber de Mattos

Era para ser só o ensino médio, mas de bônus eles encontraram uma formação profissional. Desde 2006, os alunos que participam do Projeto de Ensino Médio para Jovens e Adultos (Pemja), do Colégio Técnico da UFMG, ampliam seu nível de escolaridade e, de quebra, se qualificam em áreas como eletricidade, informática e contabilidade.

Um deles é Douglas Penaforte, 68 anos, do terceiro ano, que parou de estudar para trabalhar e só voltou às salas de aula há cinco anos. No Pemja, também cursa informática, que segundo ele, “está em tudo”, e já faz planos para quando concluir sua jornada no Projeto: deseja cursar Belas-Artes.

Escolhida por Penaforte, a área de informática é a que abriga o maior número de alunos – 37. Segundo a coordenadora do Pemja e vice-diretora do Coltec, Rosilene Siray, o grande avanço do mundo digital leva a uma maior procura por esse tipo de curso e muitos começam a adquirir maior confiança na hora de usar o computador. “A média de idade de nossos estudantes é de 45 anos, mas temos alunos que já estão na faixa dos 70”, conta Rosilene. Já o curso de auxiliar de instalações elétricas residenciais, que reúne 23 alunos, busca capacitá-los para instalar, fazer manutenção e reparar fiações elétricas residenciais.

Retorno social

Espaço de ensino, pesquisa e extensão, o Pemja contribui também para a formação dos estudantes de graduação da UFMG. Todos os professores, exceto os do curso de auxiliar de contabilidade, são bolsistas de graduação. “Aqui temos a oportunidade de ajudar pessoas a superar o analfabetismo digital, a exercitar o compromisso social e a oferecer algum retorno à comunidade, que custeia a universidade pública”, analisa o professor do curso de qualificação profissional em informática, Roberto Carlos Rebouças, bolsista de extensão e aluno do 4º período de Física.

O curso de contabilidade é a mais recente formação oferecida pelo Pemja. Foi criada no ano passado em parceria com a Rede Integrar, que congrega vários contabilistas-consultores e formará sua primeira turma no final deste semestre. Os próprios profissionais ministram as aulas e oferecem estágio remunerado em suas empresas. “As aulas acontecem nas noites de sexta-feira e, apesar do cansaço, os alunos são participativos”, diz Maria Inês Lara, coordenadora da atividade junto à Rede Integrar. O curso reúne 27 alunos, sendo que dois fazem estágio em empresas de contabilidade.

Além dos muros

Há dois anos, a proposta pedagógica do Projeto ganhou uma inovação: a realização de trabalhos de campo em cidades do interior. A primeira excursão, em 2009, levou os alunos do terceiro ano à histórica Diamantina.

A cidade voltou a ser destino das atividades das turmas do terceiro ano em 2010. Os alunos também foram a Tiradentes e visitaram a Serra de São José, onde fizeram uma reflexão sobre os impactos do turismo. Para este ano, o plano é que todas as turmas de ensino médio façam dois trabalhos de campo e apliquem os conteúdos estudados em sala de aula. O primeiro, no início de maio, teve como palco o município de Catas Altas. “Percebemos que o nosso estudante procura mais informações e hoje tem um perfil mais crítico e questionador”, avalia o subcoordenador geral do Pemja, Eliano de S. M. Freitas.

Outro fruto do projeto sai do prelo até o final do ano: o livro O trabalho de campo como estratégia pedagógica no ensino de Jovens e Adultos (título provisório), que traz uma reflexão sistematizada sobre a experiência e se destina a professores que lidam com educação de jovens e adultos.

Pemja já certificou 500 alunos

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) na UFMG começou há 25 anos, com a oferta de curso de alfabetização e ensino fundamental para os funcionários da instituição. A partir de 1998, abriu suas portas para a comunidade externa e passou a ministrar o ensino médio – o Coltec se responsabiliza pela oferta e certificação. Em 13 anos, o Pemja certificou cerca de 500 estudantes no ensino médio e contribuiu para a formação de 200 graduados, entre estudantes de licenciatura e bacharelado de diversos campos disciplinares da UFMG.

Os conteúdos ministrados nas aulas são agrupados em cinco eixos: Expressão-Cultural, Lógica-Matemática (Matemática e Física), Sócio-Química-Biológica (Biologia e Química), Sócio-Histórica (História, Geografia, Sociologia e Filosofia) e Psicopedagogia (Psicologia, Pedagogia e Serviço Social).