Busca no site da UFMG

Nº 1745 - Ano 37
22.8.2011

Formas gráficas que detalham a estrutura e o histórico de uma família, identificando seus padrões de relacionamentos e conflitos. Possuem regras próprias de construção, como simbologia, abrangência de, no mínimo, três gerações e indicação dos membros que vivem juntos na mesma casa.

Álbum de FAMÍLIA

UFMG e Ministério da Saúde lançam ferramenta que mapeia histórico familiar

Zirlene Lemos*

“Família! Família! Papai, mamãe, titia! Família! Família! /Vovô, vovó, sobrinha /Janta junto todo dia, nunca perde essa mania... /Mas quando o nenêm fica doente /Procura uma farmácia de plantão /O choro do nenêm é estridente /Assim não dá pra ver televisão... /Família! Família! /Cachorro, gato, galinha. /Vive junto todo dia nunca perde essa mania...”. Os versos são da música Família, sucesso dos anos 80 da banda Titãs. Eles retratam o cotidiano de uma família-padrão, com suas interações e angústias.

Tal enredo inspirou pesquisadores da UFMG a desenvolver um software de código livre cujo objetivo é auxiliar profissionais da área de saúde e estudantes no processo de formação e educação permanente. Trata-se de uma ferramenta gratuita denominada Álbum de Família – Genograma, desenvolvida pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina, em parceria com o Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG. A iniciativa trata da elaboração de genogramas.

O Álbum de família será lançado nesta quarta-feira, dia 24, às 11h, na Faculdade de Medicina junto com o livro A Família como foco da atenção primária a saúde. A ferramenta já está disponível em albumdefamilia.nescon.medicina.ufmg.br.

Segundo o professor Edison Corrêa, vice-coordenador do Nescon e coordenador do Álbum de Família – Genograma, a iniciativa nasceu para dar suporte aos alunos do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família (CEABSF). “Sentimos que havia a necessidade de os profissionais de saúde compreenderem a concepção de família, suas configurações e formas de organização, e como isso se processava antigamente e hoje”, conta o professor. A ideia de construir uma ferramenta própria surgiu quando a equipe do Nescon trabalhava nas pesquisas que resultaram no livro A família como foco da atenção primária a saúde. “Descobrimos que, entre as ferramentas de abordagem familiar já existentes, havia algumas em inglês e a maioria não é gratuita. Suas versões também não permitiam a construção de um genograma detalhado”, argumenta Corrêa.

Facilidades

Geralmente o genograma é utilizado na prática clínica diária em terapias familiares, na atenção primária à saúde e em pesquisas sobre família. Os profissionais de saúde desenham manualmente e arquivam o material no prontuário do paciente, porém as figuras nem sempre ficam muito claras, dificultando alterações e o compartilhamento das informações. O software desenvolvido pela UFMG facilita a visualização dos dados ao apresentar de maneira realista uma revisão do passado familiar e dos potenciais problemas de saúde. “Nossa intenção foi facilitar a criação, manipulação e compartilhamento do genograma”, esclarece Corrêa.

Outra vantagem destacada pelo coordenador é a democratização do acesso. “O próprio paciente pode acessar o Álbum de Família, desenhar seu genograma, fazer cruzamentos do histórico de seus parentes, identificar problemas de saúde e levar para o médico”, explica.
Desenvolvida com recursos do Ministério da Saúde, a ferramenta mantém seus códigos abertos, o que permite que outras instituições possam adotá-la e realizar adaptações de acordo com suas necessidades. “Só não abrimos mão de manter uma linguagem simples e acessível, de forma que qualquer pessoa pode construir seu genograma, e não apenas profissionais de saúde ou estudantes”, pondera Edison Corrêa. Interessados podem entrar em contato pelo e-mail albumdefamilia@nescon.medicina.ufmg.br.

O genograma e a saúde da família

Popularizado pelos pesquisadores Monica McGoldrick e Randy Gerson, o genograma tem sido utilizado em ambientes de atenção à saúde desde 1985, com larga aplicação em saúde da família. Pode ser utilizado na caracterização e cadastramento dos grupos familiares na Estratégia de Saúde de Família (ESF), para facilitar ações de promoção à saúde da comunidade e prevenção de agravos. Também permite visualização do processo de adoecimento e das principais enfermidades que acometem os membros de uma família, facilitando a prescrição de terapias.