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Nº 1755 - Ano 38
31.10.2011

A BELEZA do INVISÍVEL

Excelência técnica e apuro estético rendem prêmios a imagens geradas no Centro de Microscopia da UFMG

Ana Rita Araújo

Imagens produzidas no Centro de Microscopia da UFMG foram premiadas no XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM), realizado no Rio de Janeiro este mês. Na categoria Materiais-Microscopia Eletrônica de Transmissão, a vencedora foi a inusitada micrografia da silhueta de um coelho formada pelo arranjo casual de folhas de grafite. O objeto visualizado tem cerca de 50 nanometros – é cerca de mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo – e foi ampliado em aproximadamente 300 mil vezes.

A mesma imagem já havia conquistado o segundo lugar em meados deste ano em concurso internacional promovido pela FEI Company, empresa especializada na fabricação de equipamentos de microscopia. Ela foi obtida pelo pesquisador Douglas Miquita, a partir de amostras de materiais de estudo dos pesquisadores Sérgio de Oliveira e Viviany Geraldo, do Departamento de Física ICEx.

O congresso da SBMM premiou, ainda, outra imagem produzida no Centro de Microscopia. Inscrita na categoria Materiais-Microscopia Eletrônica de Varredura, foi produzida pelo técnico Wesller Schmidt, servidor do quadro permanente do Centro. Com o sugestivo título de “geleira”, em analogia aos glaciares antárticos, é uma imagem de concha de mexilhão, obtida a partir de amostras da pesquisa de Arnaldo Nakamura, da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec). O pedaço de concha micrografado tem em torno de 30 micrometros – equivalente à metade da espessura de um fio de cabelo – foi aumentado em aproximadamente quatro mil vezes. Ambas foram coloridas para fins artísticos.

Wesller Schmidt também recebeu o prêmio pelo melhor pôster do congresso, com resumo de sua pesquisa de mestrado, em andamento no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Minas Gerais, sob orientação de Ivete Peixoto Pinheiro e coorientação de Wagner Nunes Rodrigues, do Departamento de Física do Icex. O trabalho focaliza o estudo e a fabricação de redes de difração para sensores de infravermelho baseados em poços quânticos (QWIP – Quantum Well Infrared Photodetector).

Segundo Wesller, o processo de litografia com o Feixe de Íons Focalizados (Focused Ion Beam – FIB) permite a produção de estruturas submicrométricas. Para o desenvolvimento de detectores de infravermelho avançados é preciso fabricar redes de difração com essas dimensões.

A proposta do trabalho é obter dados para escolha de processos de texturização a serem utilizados na fabricação dos detectores, em escala industrial. Essa pesquisa tem relação com o trabalho desenvolvido na UFMG no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Nanodispositivos Semicondutores.

Para a diretora do Centro, professora Elizabeth Ribeiro da Silva, as premiações evidenciam a qualidade do corpo técnico que atua em uma estrutura considerada uma das melhores na América Latina para esse tipo de atividade.

Efeito multiplicador

Segundo Nelcy Della Santina Mohalem, que também integra a diretoria, o Centro de Microscopia conta atualmente com número expressivo de usuários de diversos campos do conhecimento associados a 21 programas de pós-graduação da UFMG. “A abrangência e a qualidade desses programas garantem o efeito multiplicador das atividades do Centro, com repercussões importantes na pesquisa básica e aplicada, assim como em setores industriais relevantes para a economia do estado e do país”, comenta.

A equipe técnico-científica do Centro é formada por dez professores de diferentes departamentos da UFMG, cinco servidores do quadro permanente, um pesquisador com pós-doutorado, dois contratados pela Petrobras em projeto de pesquisa coordenado pela professora Glaura Goulart Silva, do Departamento de Química do Icex, e estagiários do próprio Centro de Microscopia. De acordo com a diretoria, a equipe terá um incremento significativo com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), “imprescindível para o aprimoramento das atividades do órgão”.

A implantação do Centro seguiu plano de metas formulado em 2003. Na primeira etapa, foi construído o prédio, localizado em área de mil metros quadrados na parte extrema do quarteirão 10 do campus Pampulha, perto do Centro de Pesquisas Hidráulicas da Escola de Engenharia. A inauguração foi em setembro de 2006.

Órgão suplementar da Universidade, o Centro de Microscopia tem por missão proporcionar infraestrutura multiusuária e interdisciplinar para execução de técnicas de microscopia necessárias à promoção e ao aprimoramento de pesquisas científicas e tecnológicas, com inserção e complementação nas atividades de ensino e extensão.