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Nº 1765 - Ano 38
5.3.2012

O termo surgiu em 2004 com Thomas Vander Wal, para designar uma classificação popular que se origina das ações de representação da informação desempenhada pelos usuários de diversos serviços na web. É uma inovação que explora o uso da linguagem cotidiana e o potencial das redes sociais na organização da informação.

Um MUNDO sem FRONTEIRAS

Tese de doutorado analisa novo padrão de mobilidade estabelecido por fluxos informacionais

Gabriella Praça

A mobilidade informacional proporcionada por dispositivos móveis de comunicação, como notebooks, celulares e tablets, propicia ao usuário novas maneiras de estar no mundo, habitando um espaço híbrido entre o “real” e o “virtual”. A partir dessa perspectiva, a tese Narrativas da mobilidade: comunicação, cultura e produção em espaços informacionais, defendida em novembro na Escola de Ciência da Informação da UFMG, analisa o fenômeno em três instâncias: o discurso acadêmico, o mercado de tecnologias móveis e as narrativas dos usuários.

A autora, Camila Mantovani, dedicou atenção especial aos celulares, que, alçados à categoria de smartphones, disponibilizam recursos de consumo e produção de conteúdos semelhantes aos oferecidos por computadores pessoais. “Antigos ou modernos, são o modelo mais emblemático de mobilidade no Brasil, já que a grande maioria da população tem acesso a eles”, justifica a recém-doutora, autora de várias pesquisas de usabilidade em empresas de telefonia celular.

Para compreender o fluxo informacional possibilitado pelo uso do aparelho, Camila investigou o grupo dos “globalmente móveis”, formado por pessoas que se movimentam espontaneamente e veem o mundo como um território a ser explorado. “Esse padrão de mobilidade segundo o qual o indivíduo é capaz de transitar, não só fisicamente, por fronteiras, mas também por meio da tecnologia, é um ideal de vida no mundo contemporâneo”, salienta. A partir de grupos de discussão e entrevistas em profundidade com representantes dessa classe, foi possível traçar um panorama sobre a mobilidade possibilitada por fluxos de informação.

Registrar sem viver

Uma das principais características do usuário móvel, simultaneamente produtor e consumidor de dados, é a vivência cotidiana midiatizada: o indivíduo preocupa-se mais em registrar o momento do que em vivê-lo. Seja por meio de uma fotografia, de uma mensagem de texto ou de um post nas redes sociais, o instante deve ficar marcado. “As pessoas precisam registrar sua experiência o tempo todo, da mais boba à mais importante; senão é como se ela nunca tivesse acontecido”, observa a pesquisadora.

Além disso, o usuário estabelece novas formas de se encontrar com os demais, possibilitadas pelo ambiente de conexão generalizada, com acesso constante à informação, o que resulta em sensação de conforto e segurança. Assim, o indivíduo se movimenta com mais liberdade por acreditar que, caso precise fazer contato com outras pessoas, não terá dificuldade para localizá-las.

No entanto, como aponta Camila, essa vantagem pode se tornar um incômodo na medida em que cria a obrigação social de se estar permanentemente conectado, atendendo instantaneamente às demandas de interação. “O simples ato de não se atender o celular, por exemplo, já é capaz de gerar ansiedade em quem está ligando”, observa.

Já em relação ao mercado verificou-se a preocupação em garantir ao usuário produtos que o atendam, tanto em relação ao design quanto à facilidade de uso. Como o celular tem a particularidade de acompanhar o sujeito aonde quer que ele vá, além de ser um aparelho leve e fácil de carregar, deve permitir a transmissão de dados a qualquer momento e em qualquer lugar, em consonância com a ubiquidade informacional que marca os dias de hoje.

Tese: Narrativas da mobilidade: comunicação, cultura e produção em espaços informacionais
Autora: Camila Maciel Campolina Alves Mantovani
Orientadora: Maria Aparecida Moura
Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação
Defesa:21 de novembro de 2011