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Nº 1778 - Ano 38
4.6.2012

Reitor discute com Mercadante temas da agenda universitária

Reivindicações dos servidores relacionadas à jornada de trabalho e implantação de ponto eletrônico, perdas de vantagens resultantes de decisões judiciais e medidas governamentais, reformulação das carreiras docente e dos técnicos e administrativos em educação e mais recursos para custeio e obras de expansão foram alguns pontos abordados em reunião que o reitor Clélio Campolina teve no dia 28 de maio com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em Brasília.

Satisfeito com os resultados da conversa, Campolina disse que Mercadante concordou com vários pleitos apresentados e comprometeu-se a intervir naqueles pontos da competência do Ministério. Confira abaixo um relato do reitor sobre os principais assuntos da reunião.

Jornada de trabalho e ponto eletrônico

A posição do ministro foi explícita e imediata de que o regime de trabalho, por lei, é de 40 horas, e que ele iria tomar as providências para que todas as universidades cumprissem a legislação. Sua avaliação é de que não há como abrir mão das 40 horas, porque fere a legislação e afeta o funcionamento das universidades, uma vez que a redução da jornada poderia implicar a necessidade de expandir o atual quadro de servidores. Quanto ao ponto eletrônico, ele entende que essa é a forma de controle, não uma perseguição aos servidores. O Ministério está em situação delicada, porque quatro instituições federais de ensino superior estão implantando o ponto eletrônico por medida judicial, por ação do Ministério Público: as universidades federais da Paraíba, de Campina Grande, do Triângulo Mineiro e de Santa Maria (RS). Por outro lado, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já tem o ponto eletrônico funcionando de forma adequada desde 2011.

Prejuízos para professores titulares

Outro ponto de discussão foi a situação do concurso de professor titular, que está provocando a perda de estabilidade e de salário para quem já é da carreira dentro da Universidade. Isso porque o professor que pode se aposentar e faz o concurso para professor titular, e por uma questão ética renuncia à aposentadoria para não ficar com dois salários, perde o abono provisório, e consequentemente o aumento salarial que ocorreria. Dessa forma, a elevação do provimento ao se passar de professor associado 4 para titular é inferior à redução decorrente da perda do abono. Isso está criando uma situação de desconforto na Universidade. Em geral, as pessoas quando chegam à condição de professor titular já construíram uma trajetória acadêmica de dedicação à Instituição, e de repente estão sendo penalizadas, além de criar um desconforto simbólico pela perda de estabilidade. O ministro concorda que esse problema precisa ser corrigido urgentemente e que se trata de um despropósito.

Carreiras

Reafirmei que ambas as carreiras – docente e de servidores técnicos e administrativos – foram concebidas há muito tempo e que hoje já não correspondem à realidade. Do ponto de vista da carreira docente, temos uma dedicação exclusiva generalizada, mas muitas áreas do conhecimento precisam de forte interface com a prática profissional, o que é coibido por esse tipo de regime. Temos que flexibilizar a carreira. O ministro concorda inteiramente, sabe que é complexo, pois depende de legislação, mas está disposto a discutir e nos pediu que ajudássemos a fazer propostas. Quanto à carreira técnica-administrativa, há mais de 20 anos venho dizendo que ela precisa permitir a ascensão funcional, o que não ocorre. Ela está dividida em cinco classes – de A a E – e não se passa de uma a outra sem concurso público. Isso estrangula a ascensão funcional e impede que seja beneficiado o servidor que se dedica e se capacita no processo de trabalho. O ministro também concorda, nos pediu ajuda para preparar uma proposta, e a Pró-reitoria de Recursos Humanos está pensando essas questões, longas, demoradas, que implicam o conjunto das universidades brasileiras.

Decisões do TCU que prejudicam servidores

Outro assunto da pauta da reunião girou em torno de decisão do TCU e de uma decisão judicial que já transitou em julgado no Supremo Tribunal Federal. A primeira diz respeito a um conjunto de horas-extras historicamente incorporadas e de outras vantagens que o TCU está mandando cortar. No caso da UFMG, a medida afeta 1.301 pessoas, boa parte já aposentada. Em algumas situações, são cortes de valor muito baixo, que têm significado de punição e nenhum resultado prático para o orçamento da União. Afeta pessoas já idosas, aposentadas. Achamos que precisa haver negociação com o TCU. O segundo aspecto são ascensões funcionais promovidas por sistemas de avaliação ou concursos internos, há 23 anos, e a decisão final do Supremo Tribunal é de reenquadrar as pessoas nos cargos de origem – isso está impactando 75 pessoas na UFMG, sendo 25 aposentados. A medida implica perda salarial e obriga, em muitos casos, pessoas que se capacitaram ao longo da carreira a voltarem a ocupar cargos de origem que muitas vezes nem existem mais.

Foca Lisboa
Reitor Clélio Campolina
"Do ponto de vista da carreira docente, temos uma dedicação exclusiva generalizada, mas muitas áreas do conhecimento precisam de forte interface com a prática profissional. Temos que flexibilizar a carreira"

O ministro concorda inteiramente que isso não faz sentido, mas ressaltou que não está ao alcance do Ministério o encaminhamento de uma solução para a questão. Ainda assim, mostrou abertura para tentar identificar caminhos possíveis para alterar uma decisão da última instância do judiciário brasileiro. Do ponto de vista legal, a próxima etapa é a Corte Internacional de Haia, mas é complicado uma matéria dessa natureza chegar a esse tribunal. Envolveria custos enormes. No caso do TCU, poderia haver negociação via ministério; o órgão poderia mudar essa decisão caso se convença, já que tem caráter administrativo. Já fizemos inclusive uma reunião de conciliação com a Advocacia Geral da União e com o TCU e estamos aguardando uma segunda reunião para discutir com o ministro do Tribunal que atua junto às universidades a possibilidade de mudar essa decisão, porque achamos que as pessoas que estão sendo atingidas, em geral, recebem salários baixos. A Universidade está absolutamente aberta a ajudar, nos limites de suas possibilidades.

Mais recursos para custeio

Conversamos também sobre a necessidade de complemento de recursos para o orçamento de custeio. Temos cursos novos, estamos aumentando nossa internacionalização, o que tem implicações sobre custos. O Ministério vai nos atender nos limites do seu orçamento. A Universidade tem orçamento de custeio de R$ 150 milhões em 2012. Nosso pedido foi de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões a mais para este ano.
Discutimos também os investimentos para 2013, porque o orçamento da União fecha agora. O MEC tem até julho para consolidar a proposta, que deve ser encaminhada ao Congresso Nacional até 30 de agosto. Estamos pleiteando recursos para assegurar a continuidade das nossas obras e para abrir novas licitações com a finalidade de concluir o campus Pampulha e as obras do Reuni. Pedi R$ 490 milhões para três anos. Eles vão estudar. Especificamente para 2013, o pleito é de R$ 169 milhões. Lembrei ao ministro que temos dois CADs novos e um belo prédio em Montes Claros, que precisam ser inaugurados. Estamos estudando uma agenda.

Universidades de língua portuguesa

Falei com o ministro sobre a Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Aulp), da qual sou vice-presidente pelo Brasil. A presidência está com Moçambique, e isso representa grande oportunidade de ampliar a nossa integração com a África, pela importância política, cultural e econômica, inclusive pela nossa dívida social relacionada com a escravidão, pela identidade cultural que temos com os países de língua portuguesa, e pela importância geopolítica mundial. De 18 a 20 de junho teremos encontro em Moçambique, convidei o ministro, ele não pode nos acompanhar porque vai coincidir com a Rio+20, mas está dando todo apoio, inclusive com um edital da Capes para apoiar essas atividades.

Consolidação do Enem

Conversei com o ministro e com o presidente do Inep [Luiz Cláudio Costa] sobre o Enem, porque o adotamos na primeira etapa do nosso Vestibular. Falamos da necessidade que temos das informações em tempo hábil, para preparar a segunda etapa. Pelo que me foi relatado, está tudo articulado e aguardamos que cada vez mais o Enem se consolide como o exame nacional do ensino médio. Sou um defensor do Exame, é uma boa prática, acredito que vai repercutir positivamente sobre a educação pública. Também discutimos a situação da educação fundamental e média no país, que é precária. Ficamos de organizar, com o Inep, um grupo de trabalho para estruturar critérios de ranqueamento das universidades.

Nota à comunidade

Na condição de diretores de unidades acadêmicas e unidades especiais da UFMG, expressamos apoio irrestrito ao magnífico reitor, professor Clélio Campolina Diniz, quanto ao cumprimento da jornada de trabalho de 40 horas semanais e à instituição do controle de ponto eletrônico para os servidores técnico-administrativos desta Instituição. Estamos convictos de que ambos os atos representam o estrito cumprimento da legislação vigente.

Belo Horizonte, 30 de maio de 2012.

Escola de Arquitetura
Prof. Flávio de Lemos Carsalade

Escola de Belas-Artes
Prof. Luiz Antônio Cruz Souza

Escola de Ciência da Informação
Prof. Ricardo Rodrigues Barbosa

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Prof. Emerson Silami Garcia

Escola de Enfermagem
Profª Maria Imaculada de Fátima Freitas

Escola de Engenharia
Prof. Benjamim Rodrigues de Menezes

Escola de Música
Prof. Maurício Freire Garcia

Escola de Veterinária
Prof. José Aurélio Garcia Bergmann

Faculdade de Ciências Econômicas
Prof. Reynaldo Maia Muniz

Faculdade de Direito
Profª Amanda Flávio de Oliveira

Faculdade de Educação
Profª Samira Zaidan

Faculdade de Farmácia
Prof. Lauro Mello Vieira

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Prof. Jorge Alexandre Barbosa Neves

Faculdade de Letras
Prof. Luiz Francisco Dias

Faculdade de Medicina
Prof. Francisco José Penna

Faculdade de Odontologia
Prof. Evandro Neves Abdo

Instituto de Ciências Agrárias
Prof. Delacyr da Silva Brandão

Instituto de Ciências Biológicas
Prof. Tomaz Aroldo da Mota Santos

Instituto de Ciências Exatas
Prof. Antônio Otávio Fernandes

Instituto de Geociências
Profª Tânia Mara Dussin

Escola Básica e Profissional (Ebap)
Profª Carmen Maria De Caro

Hospital das Clínicas
Prof. Antônio Luiz Pinho Ribeiro

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