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Nº 1835 - Ano 39
09.09.2013

Obras pela cooperação

Reforma de prédio e construção de anexo criam no ICB estrutura para novas relações de trabalho e práticas de formação acadêmica

A ideia de cooperação e compartilhamento de espaços e equipamentos permeia todo o projeto arquitetônico que vai guiar a reforma do Edifício Professor Amílcar Vianna Martins, que há quatro décadas abriga o Instituto de Ciências Biológicas (ICB), no campus Pampulha. “Estamos sugerindo que o melhor para a ciência e para a cultura é a cooperação”, afirma o diretor do ICB, professor Tomaz Aroldo da Mota Santos. Segundo ele, a nova concepção implica “divisão de ônus e bônus, de desafios intelectuais e o prazer de superá-los; o exercício das perguntas e o alcance prazeroso das respostas”. Ele destaca que a ciência, como o ensino e a extensão, são ações coletivas. “Tal dinâmica fortalece a colegialidade como processo de decisão política e representa um convite à cooperação, mais que à competição, no contexto de nossas relações de trabalho”, pondera.

A primeira fase da obra, que começa agora e tem duração prevista de 12 meses, será a transformação dos blocos G e H, com a completa modernização dos espaços internos, sendo mantidas apenas as estruturas externas. Todos os 17 blocos passarão pelo mesmo processo, em etapas programadas para evitar interrupções nas atividades acadêmicas. Os dois primeiros a serem reformados funcionarão como “blocos-estação”, recebendo os laboratórios localizados naqueles que serão modificados a seguir. Com a chamada reforma global, o prédio de quatro andares passa a contar com espaços multiusuários que incluem laboratórios, salas de reunião e auditórios. Também está programada a construção de anexo que receberá os laboratórios de aulas práticas e, em outra etapa, a edificação de ambiente específico para abrigar as coleções taxonômicas.

Realizar todas essas mudanças sem comprometer a rotina de aulas, pesquisas e projetos só é possível porque o ICB pode contar – assim como todas as unidades acadêmicas da Universidade – com a estrutura do Centro de Atividades Didáticas 1, erguido com recursos do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Recursos preservados

Com 40 anos de uso “intenso e profícuo”, como ressalta o diretor, o Edifício Professor Amílcar Vianna Martins sofreu o desgaste do tempo, mas a reforma é necessária também para atender exigências legais e a dinâmica atual da pesquisa em biologia, além de criar espaço para receber mais alunos e professores, que chegaram a partir da implantação do Reuni. Segundo Tomaz Aroldo, a ideia de construção de um novo prédio para todo o Instituto logo foi descartada, devido ao alto custo e à pequena disponibilidade de espaço edificável no campus. “A Congregação optou pelo caminho que, apesar de mais incômodo, é o que mais preserva recursos ambientais e do erário: a reforma global e a construção de anexos”, informa, destacando como aspecto positivo a elevada flexibilidade da estrutura do edifício, que permite mudanças como remoção de paredes e realocação na distribuição de insumos como água, energia elétrica.

Com essas informações e a partir de contribuições colhidas da comunidade por meio de audiências públicas, a Congregação aprovou o plano diretor, cujas diretrizes gerais definem compartilhamento de espaços, de equipamentos – em especial os de grande porte – e de recursos humanos; e priorização de espaços comuns ou multiusuários, com flexibilidade na organização e gestão central. Espera-se que a nova dinâmica estimule a formação e a interação de novos grupos de pesquisa, por “afinidade temática ou convivencial, sejam do mesmo departamento ou interdepartamentais”, diz o diretor. Tais mudanças levaram à criação de serviços administrativos centrais, por meio de sete gerências que estão em fase de implantação – resíduos, comunicação, eventos, recursos humanos, infraestrutura, apoio acadêmico e informática.

Oito mil pessoas

A obra de reforma deve abranger em torno de 30 mil metros quadrados e custar cerca de R$ 70 milhões. A professora Maria Lúcia Malard, que vai coordenar a reforma global, rememora que nos anos 70 participou da construção do prédio, como arquiteta recém-contratada pela Universidade, responsável pelo desenvolvimento do projeto. “Trabalhei sob a direção do arquiteto Alípio Castelo Branco”, comenta.

Maior unidade de pesquisa da UFMG, o ICB tem hoje população composta por cerca de oito mil pessoas, somados os seis mil alunos de 22 cursos de graduação – incluídos o ciclo básico de 19 cursos de diversas áreas da Universidade e os de Ciências Biológicas nas modalidades presencial, divididos em bacharelado, licenciatura e noturno, e um na modalidade a distância –, os 1.200 estudantes de 12 programas de pós-graduação, 280 professores e 180 servidores técnico-administrativos. “No total, são ministradas 150 disciplinas”, informa a vice-diretora do ­Instituto, professora Janetti Nogueira de Francischi.