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Nº 1835 - Ano 39
09.09.2013

Foco no esporte

Centro de treinamento da UFMG seleciona e forma atletas enquanto dá continuidade às obras do parque aquático e inicia construção de quadra poliesportiva

Matheus Espíndola

As políticas implementadas no decorrer do último ano no Centro de Treinamento Esportivo da UFMG (CTE) projetam o futuro, e pretendem contribuir para o incremento da participação do Brasil nos quadros de medalhas das próximas edições dos Jogos Olímpicos. Os megaeventos que o país vai sediar em breve geraram um clima que reacendeu nos governantes o interesse pelos esportes e orientou também as prioridades da Universidade, como destaca o supervisor de atletismo da unidade, professor Leszek Szmuchrowski, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O complexo do CTE-UFMG, que está em obras e caminha para se tornar a principal referência no país para formação de atletas e pesquisa na área esportiva, vai receber delegações estrangeiras durante a preparação para as Olimpíadas de 2016, com sede no Rio de Janeiro. A construção, realizada em três etapas, está orçada em R$ 65 milhões. O principal retorno desse investimento para o Brasil, como aponta Leszek, é a mobilização de várias esferas da sociedade. “O trabalho contínuo tende a tornar o país um polo de treinamento olímpico”, prevê.

‘Gatilho’

Em junho do ano passado, a inauguração da pista de atletismo celebrou a conclusão da primeira etapa da reforma do CTE-UFMG. Para Leszek, o vultuoso projeto reflete uma “mudança no subconsciente” dos dirigentes. “Ao longo das décadas anteriores, a comunidade universitária não priorizou o desenvolvimento de estrutura esportiva, embora tivesse consciência dessa necessidade”, comenta o professor. Assim, a escolha do Brasil como sede dos próximos Jogos Olímpicos e da Copa de 2014 teria sido o “gatilho” para a arrojada iniciativa da UFMG. Construída com recursos da Secretaria de Estado de Esporte e da Juventude (SEEJ), com equipamentos custeados pelo Ministério do Esporte (ME), a pista foi aprovada para receber a certificação Classe 1, a máxima concedida pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF), por atender às necessidades de atletas de alto rendimento nas provas de atletismo: corridas, saltos e lançamentos.

No ano que vem, será concluída a construção de um parque aquático no complexo do CTE-UFMG, instalado em uma área de 13,8 mil metros quadrados, na parte baixa do Centro Esportivo Universitário (CEU). Também financiado pela SEEJ, o parque vai reunir, além de uma piscina suspensa de 65 metros de comprimento – com bordas móveis oficiais que permitem dividi-la para prática simultânea de diferentes modalidades –, laboratórios, consultórios médicos, sala de musculação, sala de recuperação física e fisioterapia, e vestiários.

A terceira e última etapa das obras consiste na construção do pavilhão poliesportivo, com duas quadras oficiais para handebol, basquete e vôlei, além de espaço para a prática da ginástica artística. Conforme conta Leszek, o pavilhão será útil tanto para o treinamento de atletas quanto para a formação dos acadêmicos em Educação Física. A planta do prédio, elaborada por arquitetos da UFMG como todo o complexo, e os recursos financeiros, oriundos do ME, já estão disponíveis. Várias delegações estrangeiras visitaram recentemente o CTE-UFMG e manifestaram interesse em ocupá-lo durante a preparação para os Jogos de 2016. As negociações, conforme conta Bruno Pena Couto, atual diretor da unidade, estão adiantadas, mas correm sob sigilo. Ele destaca que se trata de um dos melhores locais do país realmente preparados para receber as equipes internacionais. As instalações foram registradas em um catálogo disponível para consulta dos representantes das nações que participarão do evento.

Leszek ressalta que, diferentemente de outros projetos erguidos no país – que correm o risco de se tornarem “elefantes brancos” após os grandes eventos –, as obras do CTE-UFMG foram planejadas para além das Olimpíadas. Atualmente, por exemplo, são realizadas competições de atletismo no local aos finais de semana. “Isso demonstra que os recursos estão sendo aplicados com sabedoria, com o intuito de deixar legado consistente para a cidade”, avalia.

Formação contínua

Desde o mês de abril, o CTE dá andamento a um programa contínuo de formação de atletas. Por meio de baterias de testes seletivos, já foram recrutados 170 jovens de 12 a 16 anos de idade, que participam de treinos de alto rendimento, com vistas à formação de uma equipe profissional para a disputa das Olimpíadas de 2020, nas diversas modalidades de atletismo. A iniciativa faz parte de programa do Ministério do Esporte em convênio com a Secretaria de Educação de Belo Horizonte, e tem o atletismo como foco este ano. Graças a parcerias com prefeituras do interior mineiro, potenciais talentos têm sido trazidos do interior do estado. “Há um mix surpreendente de jovens de todas as classes sociais, oriundos de escolas públicas e particulares”, analisa Leszek, que espera, ao longo dos próximos meses, constituir equipe com 150 atletas. Os adolescentes selecionados treinam de segunda a sexta-feira, de manhã, à tarde ou à noite, mas ainda não é feito o trabalho especializado. Nessa primeira fase, eles experimentam todas as modalidades.

Isabella Lucas
Leszek: equipe de atletismo terá em breve 150 jovens
Leszek: equipe de atletismo terá em breve 150 jovens

Leszek observa que a divulgação maciça do programa nas escolas e na mídia tem implicado em boa oferta de atletas. Em agosto, uma equipe de TV visitou as instalações do CTE e divulgou as atividades em noticiário matinal. “Desde que passou na televisão, o telefone não para de tocar”, conta o professor. Na mais recente “peneirada” do atletismo, realizada em 10 de agosto, 180 jovens compareceram, sendo que 40 foram integrados.

A Universidade ­necessita de parceiros para registrar juridicamente a equipe de atletismo, burocracia necessária para o ­ingresso em competições oficiais. Nesse sentido, foi feita uma tentativa de acordo com o América Futebol Clube, de Belo Horizonte, mas sem sucesso. “Os clubes brasileiros só costumam se interessar por futebol”, lamenta Leszek. Futuramente, a Universidade deverá fazer tal cadastro de forma independente. O taekwondo também teve sua “peneirada”, no fim do mês de agosto. Dos 326 candidatos, uma centena vai compor a primeira turma. A próxima modalidade a recrutar talentos será o judô, ainda este ano. A partir de 2014, com o término das obras do parque aquático, terá início o treinamento nas modalidades de piscina: natação, polo aquático e nado sincronizado. Os professores se mostram entusiasmados quanto à evolução da vocação esportiva que se pretende para a cidade. Após a conclusão de toda a estrutura física que já está no papel, eles almejam ampliar o leque de projetos do CTE-UFMG. “Um passo mais à frente será trabalhar com esportes coletivos olímpicos de quadra e com a ginástica artística”, projeta Bruno Pena Couto.