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Nº 1845 - Ano 40
18.11.2013


Avaliação qualificada

UFMG desenvolve metodologia que favorece análise ampliada dos problemas expostos nas avaliações de disciplinas

Ana Rita Araújo

Ao se prepararem para a matrícula em novo semestre ­letivo, os alunos são convidados a preencher questionário de avaliação relativo às disciplinas recém-cursadas. Mas, afinal, para que servem tais dados e o que revelam? “O resultado dos questionários pode ser utilizado como importante instrumento para a análise da qualidade do ensino”, afirma a diretora de Avaliação Institucional da UFMG, Maria do Carmo de Lacerda Peixoto.

Segundo ela, os resultados das avaliações – disponibilizados para os próprios alunos, professores e colegiados – “têm potencial para subsidiar os gestores no planejamento de ações visando ao aprimoramento da qualidade do ensino, bem como no estabelecimento das correções de rumo que se fizerem necessárias”. Junto com o vice-diretor de Avaliação Institucional, Paulo José Modenesi, a professora propôs metodologia que permite comparar as diversas dimensões analisadas no questionário utilizado pela UFMG.

De acordo com a professora, a sistematização dos dados por meio dessa metodologia atende a uma antiga demanda dos estudantes: tomar conhecimento mais detalhado do conjunto dos problemas expostos em sua avaliação. Atualmente, uma visão geral dos resultados é oferecida por meio de consulta ao Portal MinhaUFMG. Para isso, basta selecionar o semestre letivo desejado e digitar o código da disciplina, que pode ser obtido no catálogo de cursos da UFMG, seção Estrutura Curricular ou Ementas. Esse “caminho” dá acesso aos dados por disciplinas em percentuais de respostas para cada opção de pergunta do questionário. O problema é que essa apresentação de resultados, além de restringir o escopo da análise, dificulta a realização de comparações (entre unidades e cursos, por exemplo) e a análise da evolução da percepção dos estudantes ao longo do tempo sobre algum item do questionário.

Já a metodologia desenvolvida pela Diretoria de Avaliação Institucional favorece o conhecimento e avaliação mais rápida desses resultados atribuindo notas de 0 a 100 a cada item do questionário, de acordo com as respostas dadas pelos estudantes. Além disso, para as questões com opções de “muito bom” a “muito ruim”, é possível dar um conceito similar a partir da nota calculada.

Artigo

O questionário de avaliação das disciplinas e dos professores pelos estudantes é aplicado semestralmente, com acesso pelo sistema de matrícula. A participação é voluntária. Com base na metodologia proposta, Maria do Carmo Peixoto e Paulo Modenesi se debruçaram sobre os dados de avaliações elaboradas de 2004 a 2012. Suas análises são objeto do artigo Instrumentos de autoavaliação e qualidade da educação superior, que será apresentado na UFMG no dia 27 de novembro, durante a etapa Sudeste dos Seminários Regionais sobre Autoavaliação Institucional e Comissões Próprias de Avaliação, promovidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep).

Segundo os autores, os dados obtidos de 2004 a 2012 permitem identificar, a partir das percepções dos estudantes, que os cursos de graduação da UFMG oferecem, em sua maioria, “disciplinas bem estruturadas e atualizadas, ministradas por docentes qualificados e que demonstram grau elevado de compromisso institucional”. Os dados são tratados e empregados em suas diversas dimensões: universidade, unidades acadêmicas, departamentos, cursos, turmas e professores. Como exemplo, os autores citam a assiduidade dos professores em sala de aula. A nota média geral na UFMG, nos últimos dois anos, foi 84, sendo que a pior média entre as suas unidades acadêmicas girou em torno de 77; ambas correspondem a uma avaliação “boa”. Entre os vários itens relativos ao desempenho do professor, o de pior avaliação pelos estudantes é a sua capacidade de transmissão de conhecimentos – média em torno de 77 na UFMG, também considerada satisfatória.

Embora os estudantes apresentem uma visão positiva da qualidade dos cursos, os pesquisadores também identificaram “dificuldades dignas da atenção”, que, segundo eles, não chegam a impactar os resultados gerais. “As análises feitas pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) têm sido divulgadas para diversas instâncias, em especial os colegiados de curso, o que possibilita a verificação da pertinência de aplicação de medidas visando proporcionar maior qualidade aos cursos”, informam.

Para os autores, o fato de as avaliações ruins serem em número reduzido, não significa que elas podem deixar de ser objeto de exame mais acurado por parte da gestão da Universidade e objeto de ações saneadoras. “Análise preliminar feita pela CPA mostra que a ocorrência dessas avaliações se dá de forma esporádica, sugerindo a possibilidade de haver algum problema isolado com relação a determinada disciplina ou professor”, comenta Maria do Carmo Peixoto. Contudo, observa que em alguns casos a avaliação ruim se repete em turmas e períodos diferentes, o que exige “intervenção dos diversos níveis de gestão da Instituição”.

Participação é alta

Nos últimos dois anos, o índice de adesão dos estudantes de graduação à avaliação de professores e disciplinas tem girado em torno de 56%. “É uma participação muito boa, considerando que o preenchimento é voluntário”, comenta o professor Paulo Modenesi, vice-diretor de Avaliação Institucional.

Apesar de reconhecer que existe uma percepção de que a Universidade não utiliza as informações dessa avaliação para aperfeiçoar sua prática acadêmica, Modenesi entende que os ganhos desse processo são inegáveis, “principalmente pela transparência propiciada pela divulgação de seus resultados na internet”. Além disso, continua ele, seus resultados já estão incorporados na avaliação de docentes em estado probatório e poderão vir a ser considerados na progressão de todos os professores.