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Nº 1888 - Ano 41
08.12.2014

Onde o povo está

Coral Ars Nova leva sua arte a públicos diferentes e prepara mudança de repertório

Itamar Rigueira Jr.

E o Ars Nova – Coral da UFMG segue sua trajetória, na nova fase, ampliando seu público – e chegando mais perto dele. Aos quase dois anos de atividades pós-retomada, o coro aderiu à tendência dos flashmobs, as performances-surpresa em ambientes longe dos palcos. Fez três apresentações no fim de novembro em Belo Horizonte, duas em shoppings e uma no Mercado Central, com a Ave Maria, de Franz Biebl, e Quel augellin che canta, de Claudio Monteverdi. Iniciativas como essa visam, naturalmente, não só divulgar o trabalho do grupo e a música de coro como também estabelecer conexão mais forte entre artistas e espectadores.

“É importante diminuir a distância entre coro e público. Acabamos recebendo uma resposta mais emocionada. Algumas pessoas agradecem o ‘presente’”, afirma a professora Iara Fricke Matte, regente e diretora do Ars Nova. Ela destaca o cuidado de levar a música coral a ambientes distintos dos teatros e igrejas (no quadro, a programação dos concertos de Natal).

As apresentações deste fim de ano comemoram os 55 anos de criação do coro e fecham um período que pode ser considerado muito produtivo. Desde abril de 2013, quando o Ars Nova reuniu a nova formação depois de três anos inativo, foram 28 concertos, todos gratuitos, e trabalho intenso destinado a transformar cantores em um conjunto com uma linguagem comum.

“As vozes vão se adaptando, os integrantes aprendem a se ouvir e a equilibrar volume, timbre, respiração e articulação do texto, interpretando a música em troca harmoniosa com a regência”, diz Iara. “Conseguimos excelentes resultados, e, para isso, foi fundamental o comprometimento de todos os cantores.”

O regente assistente do Ars Nova, Diego D’Almeida, que integra o naipe de contraltos, ressalta o esforço bem-sucedido do grupo para manter a qualidade das fases de ouro do coral, que foi criado em 1959 e liderado por maestros como Sergio Magnani e Carlos Alberto Pinto da Fonseca. “O grupo tem conseguido manter a tradição e, ao mesmo tempo, criar uma nova estética”, afirma Diego.

Transição para a música contemporânea

O Ars Nova tem trabalhado, sobretudo, com repertório de música antiga, dos períodos barroco e renascentista. Segundo Iara Fricke Matte, esses estilos têm estética vocal similar ao repertório contemporâneo – a voz não é tão lírica, com uma impostação que soa muito próximo ao natural –, que é mais alinhada com o objetivo de desenvolver uma sonoridade coral específica para esse tipo de composição. A partir do início do próximo ano, o foco será na música contemporânea, que apareceu de forma tímida até agora.

“Vamos fazer uma transição suave, incorporando aos nossos programas de concerto peças de (Maurice) Ravel, (Claude) Debussy, (Paul) Hindemith e (Benjamin) Britten. Essas obras ajudarão a preparar o coro para novas propostas sonoras”, afirma a diretora, acrescentando que, em breve, o Ars Nova vai convocar compositores para criarem especialmente para o grupo. Ela já recebeu, informalmente, cinco peças, três delas de alunos da Escola de Música da UFMG. Um jovem americano enviou uma partitura que o Ars Nova se prontificou a ler. “Consideramos que é nosso papel incentivar a produção de novos compositores”, completa Iara Fricke Matte.

Concertos de Natal

O Ars Nova encerrará 2014 com dois concertos comemorativos de seus 55 anos, em Belo Horizonte, sempre com entrada franca. O programa inclui peças de Johann Sebastian Bach e Antoine Brumel.

13 de dezembro, às 20h30

Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244)
Ingressos devem ser retirados a partir das 12h, na troca por um quilo de alimento não perecível.

14 de dezembro, às 20h30

Igreja de São José (Rua Tupis, 164)
Sugere-se levar um quilo de alimento para doação