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Nº 1974 - Ano 43
24.04.2017

Obra da devoção

Presépio foi incorporado ao patrimônio da UFMG em 1976

Matheus Espíndola

Oitenta e dois anos. Esse foi o tempo que Raimundo Machado Azeredo levou para erguer uma das mais emblemáticas obras da cultura popular de Belo Horizonte. Autodidata, ele construiu o Pipiripau entre 1906 e 1988 sem nunca ter projetado o resultado final de sua criação, cujos quadros surgiram de sua curiosidade, habilidade e devoção.

O presépio cresceu com a inclusão de cenas do cotidiano e de passagens bíblicas. Personagens típicos do dia a dia mineiro do início do século 20, como lavadeiras, sapateiros, caçadores, lenhadores e pedintes, convivem com cenas religiosas, como a procissão católica. Ainda estão retratadas brincadeiras infantis características da época, como carrossel e pau de sebo. As principais passagens relacionadas com o nascimento, à vida, à morte e à ressurreição de Jesus Cristo estão reproduzidas em cronologia aleatória.

Entre os mecanismos usados para prover movimento aos personagens, o autor usou pedais de antigas máquinas de costura, sistema de cordas de gramofone e uma caldeira a vapor, substituída posteriormente por um motor elétrico.

Com área de 20 metros quadrados, o Pipiripau foi transferido em 1976 para o MHNJB. A manutenção continuou a ser feita por Seu Raimundo até sua morte, em 1988. Desde 1984, o presépio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).