“Mata Rasteira” é a nova atração do Poente Cultural UFMG, dia 23 de maio

O espetáculo teatral acontece no Museu Casa Padre Toledo,
em parceria com a Mostra Tiradentes em Cena
Espetáculo teatral "Mata Rasteira", do Grupo Caras Pintadas (Foto: Flávio Patrocínio)

Espetáculo teatral “Mata Rasteira”, do Grupo Caras Pintadas (Foto: Flávio Patrocínio)

A agenda de maio do Poente Cultural, projeto que integra o Circuito Cultural UFMG, apresenta no dia 23 de maio (quinta), o espetáculo teatral “Mata Rasteira”, do grupo Caras Pintadas, de Belo Horizonte, aberto ao público e com entrada franca (retirada prévia de senha). A peça exibida às 20h30 no Museu Casa Padre Toledo, um dos espaços do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, é um dos vários eventos integrantes de uma parceria cultural do Campus com a Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena, edição 2019.

Inspirada no romance “Mata Rasteira – A origem da resistência” de Abner Laurindo, a apresentação reúne teatro e cultura afro-brasileira, retratando a história de luta pela liberdade da população negra no Brasil. É idealizada e produzida pelo grupo de teatro e circo Caras Pintadas, formado por Rodrigo Negão (concepção e atuação), Gabriel Coupe (direção e dramaturgia), Anderson Martins e Alexis Abraham.

Para Gabriel Coupe, “A temática central do espetáculo são as rebeliões nos quilombos, nas senzalas e a luta dos negros, desde o período colonial até os dias de hoje”. Histórias que remetem ao período escravocrata brasileiro, que durou 400 anos, em um país que abriga a segunda maior população negra fora do continente africano, atrás apenas da Nigéria. No Brasil, mais de 50% da população se declara negra ou parda, uma parcela considerável que ainda permanece distante dos espaços privilegiados, que luta para preservar sua identidade e contra a violência racial cotidiana. É justamente essa jornada de sobrevivência que “Mata Rasteira”, desempenhada pelos integrantes do Caras Pintadas, busca representar.

Rodrigo Negão relata que o contato mais aprofundado com sua identidade negra se deu em 2012, compondo o elenco do espetáculo “Zumbi”, dirigido por João das Neves (1934-2018) e com direção musical da cantora Titane. “Foi a partir deste espetáculo que eu me encontrei com a minha negritude e comecei a praticar a capoeira angola e a entender que eu era um homem preto e que em minha vida permeiam todas as questões de um homem negro na sociedade atual”, afirma o ator.

O início desta caminhada fez com que Rodrigo se envolvesse em outros trabalhos ligados à temática negra, entre eles um evento que celebrava o dia da Consciência Negra, na cidade de Sorocaba, em 2017. Foi na ocasião que conheceu o escritor Abner Laurindo, o autor do romance que viria a inspirar a idealização do espetáculo. Laurindo cedeu-lhe vários livros, entre eles justamente o romance Mata Rasteira, entendendo haver uma conexão entre seus próprios objetivos, enquanto escritor, e os de Rodrigo, enquanto ator. “Quando li [o romance], quis transformar as questões que este livro aborda em teatro, achei interessante a narrativa e vi que era uma forma de continuar esse debate sobre a repressão sofrida pelos corpos negros”, conclui o artista.

O Poente Cultural convida o público de Tiradentes e região a visitar o Museu e os demais espaços do Campus Cultural UFMG em Tiradentes. Shows, contação de histórias, performances teatrais e outras atrações buscam privilegiar a produção de artistas, tanto do Campo das Vertentes como de outras regiões mineiras.

Serviço
Espetáculo “Mata Rasteira” – Grupo Caras Pintadas | Poente Cultural UFMG
Data: 23/05 (quinta) | Horário: 20h30
Local: Museu Casa Padre Toledo | Rua Padre Toledo, 190 – Tiradentes
Entrada gratuita e aberta ao público (retirada de senha 1 hora antes do início da peça)
Mais informações: (32) 3355-1257
Créditos: fotos 1 e 2, Flávio Patrocínio; foto 3, Ramon Brant.