Urbanização reduz diversidade de espécies de borboletas, mostra pesquisa da UFMG
Estudo que reuniu mais de 1,4 mil amostras desses insetos na região da Serra de São José é tema do novo episódio do ‘Aqui tem ciência'
Por: Assessoria de Imprensa UFMG
O crescimento das áreas urbanas pode levar à proliferação de espécies de borboletas que se adaptam melhor às condições das cidades. É o que sugere uma pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
Autora da tese de doutorado, a bióloga Thaís Pignataro explica que as borboletas atuam como bioindicadores e exercem importante papel ambiental, atuando na polinização e reprodução de espécies vegetais e, na fase larvar, no controle do ciclo da matéria orgânica, por exemplo.
“Os insetos respondem rapidamente a mudanças climáticas e no uso da terra, ao longo do espaço e do tempo. Borboletas são consideradas bons bioindicadores porque são ecologicamente diversas, ocupam diferentes estratos e são sensíveis a variações do clima e da vegetação”, diz a pesquisadora.
Regiões temperadas e tropicais
O estudo foi realizado nas cidades mineiras de São João del-Rei, Tiradentes e Prados, na região da Serra de São José, onde foram coletadas 1.451 amostras de 116 espécies de borboletas. A pesquisa também envolveu a análise de mais de 1.227 estudos já publicados sobre os efeitos globais da urbanização nas comunidades de borboletas.
Pignataro observou uma tendência de aumento de trabalhos relacionados ao tema nas últimas décadas, predominantemente desenvolvidos em regiões temperadas. Por outro lado, nas regiões tropicais, o número de estudos é menor, embora o efeito da urbanização na diversidade de borboletas seja mais forte.
“Nas regiões temperadas, os efeitos da urbanização podem ser sentidos de maneira menos imediata em comparação aos ambientes tropicais. Os ambientes temperados têm uma adaptação climática mais estável e menor biodiversidade das espécies, comparadas às áreas tropicais”, explica.
Adaptação
O trabalho de campo realizado nas três cidades mineiras mostrou que a proximidade de um centro urbano está associada à diminuição da quantidade e da diversidade de espécies de borboletas. Mas isso não significa, necessariamente, redução da abundância desses insetos, uma vez que algumas espécies se tornam predominantes exatamente porque conseguem se adaptar a esses ambientes.
“Pressões bióticas e abióticas ocasionadas ao longo do gradiente de urbanização acabam exigindo adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais das borboletas que, consequentemente, podem afetar importantes traços da história de vida das espécies”, conclui Thaís.
A pesquisa foi realizada sob orientação da professora Tatiana Garabini Cornelissen, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do ICB, com coorientação da pesquisadora Giselle Martins Lourenço.
Ouça o novo episódio do Aqui tem ciência e saiba mais sobre o estudo
Raio-x da pesquisa
Título: As cidades atuam como filtros ambientais para borboletas? Padrões espaço-temporais de distribuição, traços funcionais e filogenia de borboletas em gradientes urbanos Autora: Thaís Neres Guimarães Pignataro
Programa de Pós-graduação: Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre
O que é: Tese de doutorado sobre os impactos da urbanização para comunidades de borboletas. O trabalho de campo foi realizado nas cidades mineiras de São João del-Rei, Tiradentes e Prados, na região da Serra de São José, onde foram coletadas 1.451 amostras de 116 espécies. A pesquisa também envolveu a análise de mais de 1.227 estudos já publicados sobre os efeitos globais da urbanização nas comunidades de borboletas. Os resultados mostram que a proximidade de um centro urbano está associada à diminuição da quantidade e da diversidade de espécies. Algumas delas passam por mudanças morfológicas, fisiológicas e comportamentais para se adaptar a esses ambientes.
Orientadora:Tatiana Garabini Cornelissen
Coorientadora: Giselle Martins Lourenço
Ano da defesa: 2024
O episódio 203 do Aqui tem ciência tem produção de Hugo Reis, roteiro e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade.
O Aqui tem ciência vai ao ar na frequência 104,5 FM, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e na página da emissora, às segundas, às 12h45, com reprises às quartas, às 17h45. Pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.
Fonte
Assessoria de Imprensa da UFMG
assessoriadeimprensa@ufmg.br