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BH. A cidade de cada um

Jornalista Rosaly Senra lança livro sobre o bairro Santa Efigênia

Evento será neste sábado, 8, na loja Made in Beagá, situada no próprio bairro, onde também está o campus Saúde da UFMG, uma de suas principais referências

Por Ewerton Martins Ribeiro

Rosaly Senra, autora do livro 'Santa Efigênia', no centro da imagem, olhando para a câmera
Rosaly Senra comandou por dez anos o programa Universo Literário, da Rádio UFMG Educativa
Foto: Álvaro Starling

A jornalista Rosaly Senra, servidora aposentada do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, lança neste sábado, 8, das 10h às 14h, o livro Santa Efigênia (Conceito Editorial), que integra a coleção BH. A cidade de cada um. Na obra, Rosaly recupera a história do bairro, um dos mais antigos de Belo Horizonte, criado para acolher os militares que vieram de Ouro Preto para morar e trabalhar na nova capital mineira, na entrada do século 20. O lançamento do livro terá vez na loja Made in Beagá, que fica na Avenida Brasil, 305, no próprio Santa Efigênia.

“Estamos falando de um bairro que teve em sua construção originária a Igreja de Santa Efigênia dos Militares e o Quartel do Primeiro Batalhão, marcando a presença militar forte. E produziu espaços de arte, cultura e educação muito potentes, como a Praça Floriano Peixoto, em frente ao quartel, palco de diversas atividades culturais da cidade até hoje, e o Grupo Escolar Pedro II, patrimônio mineiro tombado e referência educacional no ensino público. É um bairro vivo, central, essencial para a vida e a história de Belo Horizonte”, diz Rosaly.

Capa do livro 'Santa Efigênia', de Rosaly Senra
Lançamento será sábado, 8, das 10h às 14h

No avançar das décadas, o bairro se tornaria predominantemente hospitalar (em particular, sua porção oeste, situada dentro da Avenida do Contorno), na esteira da emergência de Belo Horizonte como destino privilegiado para aqueles que buscavam, no ar puro que emanava da Serra do Curral, um complemento para o tratamento de doenças pulmonares, como a tuberculose. Com efeito, hoje uma das principais referências do bairro é o campus Saúde da UFMG, composto pela Faculdade de Medicina, pela Escola de Enfermagem e pelo complexo do Hospital das Clínicas.

“O campus Saúde sempre foi um espaço pleno de oportunidades aos servidores e ao público externo: consultas, laboratórios, lojas, livrarias, agência bancária, auditório para palestras, espetáculos ou shows e local de assembleias nos tempos de greve da Universidade ou resistência à ditadura, marcando sua posição política e protagonizando momentos históricos”, escreve Rosaly. No livro, a autora relata, entre outras histórias, a visita da física e química polonesa Marie Curie ao “Instituto do Radium” em agosto de 1926. Mais tarde, o instituto seria renomeado como Hospital Borges da Costa e incorporado à UFMG.

Rosaly também rememora a ocupação estudantil do prédio desse hospital entre 1980 e 1998. Incorporado à UFMG em 1967, o hospital funcionou até 1977, quando foi desativado. Em 1980, o prédio foi ocupado por estudantes, que o transformaram em uma moradia estudantil. “Foi um plano silencioso de poucos alunos em busca de um lugar para morar, já que a Universidade não mantinha moradia estudantil”, escreve a autora. Apesar de improvisada, a residência coletiva funcionou durante 18 anos. Ao ser desmobilizada, o hospital foi reativado. Hoje ele integra o complexo do Hospital das Clínicas.

“É muito interessante notar que as ruas do Santa Efigênia, nomeadas em homenagem aos militares e médicos que foram ocupando uma região mais tarde conhecida como ‘área hospitalar’, preservam a essência de um bairro que sempre teve um papel de efervescência cultural forte e uma resistência social muito importante, a exemplo da Moradia Borges da Costa e do Quilombo Manzo. A vocação do Santa Efigênia sempre foi a arte e a mobilização social. E continua sendo, como uma das regiões mais efervescentes no Carnaval”, demarca a autora, que dedica o penúltimo capítulo de sua obra às festividades de fevereiro.

A coleção, seus livros e autores
Servidora aposentada do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, Rosaly Isabel Senra Barbosa integrou o grupo de pioneiros da Rádio UFMG Educativa, emissora na qual conduziu por quase uma década (2005-2014) o programa Universo Literário. Nele, Rosaly entrevistava ao vivo, diariamente, autores dos principais lançamentos nacionais, além de ilustradores, agentes e mediadores de leitura.

Como escritora, Rosaly é autora de Em busca de cerejas: nas trilhas de Santiago de Compostela (Gutenberg, 2007), Otto (Editora Peirópolis, 2011) e Quitandas de Minas: Receitas de família e histórias (Gutenberg, 2012, em coautoria com Imene Senra). Nascida em Congonhas, Minas Gerais, ela viveu no bairro Santa Efigênia a partir do final dos anos 1970, quando veio estudar na capital. Atualmente, mora em Arraial d’Ajuda, na Bahia.

Santa Efigênia é a 41ª obra da coleção BH. A cidade de cada um, que completou duas décadas de existência no ano passado. Idealizada pelos jornalistas José Eduardo Gonçalves e Sílvia Rubião, a série se vale do discurso literário para narrar a história das grandes referências afetivas urbanas – bairros, praças, escolas, monumentos, edificações – dos moradores da capital mineira.

A estreia da coleção se deu com o título Lagoinha, de Wander Piroli, ao qual se seguiram Mercado Central, de Fernando Brant, e Estádio Independência, de Jairo Anatólio Lima, todos lançados ainda em 2004. No site da editora, há informações detalhadas sobre as quatro dezenas de obras que, lançadas ao longo desses 20 anos, integram a coleção.

Outros membros e ex-membros da comunidade universitária já lançaram livros pela coleção – alguns deles, sobre temas relativos à própria UFMG. Em 2005, a jornalista Clara Arreguy, ex-aluna da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), lançou Fafich, o 5º volume da coleção. No ano seguinte, João Antônio de Paula, professor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), lançou Livraria Amadeu, obra em que trata da história de Amadeu Rossi Cocco, talvez o mais importante livreiro da história de Belo Horizonte. O livro foi o 8º volume da série.

Em 2007, Flávio Carsalade, professor da Escola de Arquitetura, lançou Pampulha, o 10º volume da coleção, que trata da lagoa, do bairro e da região onde a UFMG mantém seu principal campus. Em 2012, a jornalista Nereide Brandão, que foi diretora do Cedecom, lançou Serra, bairro em que nasceu e foi criada, como o 22º volume da coleção. Em 2019, foi a vez de Heloisa Starling, professora do Departamento de História, lançar Campus UFMG, livro em que coleciona anedotas e discorre sobre o principal território da Universidade. A obra saiu como o 33º volume da série.

Livro: Santa Efigênia
Autora: Rosaly Senra
Editora: Conceito Editorial (Coleção BH. A cidade de cada um)
R$ 50 / 160 páginas

Categoria: Arte e Cultura

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