Tiradentes, passado e presente: Museu Casa Padre Toledo inaugura exposição
Mostra reúne pinturas, esculturas e plantas arquitetônicas que demarcam diálogo entre o modernismo brasileiro e a preservação do patrimônio histórico
Por Ewerton Martins Ribeiro
O Museu Casa Padre Toledo, equipamento integrante do campus Cultural UFMG em Tiradentes, inaugura, nesta sexta-feira, dia 18, sua nova exposição de longa duração, denominada Tiradentes Passado Presente. A exposição convida os visitantes a refletir sobre as múltiplas camadas de memória e cultura que revestem a histórica cidade mineira.
Ao passear pela exposição, o visitante encontrará peças da Coleção Rodrigo Mello Franco de Andrade, que reúne obras, documentos e objetos emblemáticos do diálogo entre o modernismo brasileiro e a preservação do patrimônio. “Pinturas, esculturas, plantas arquitetônicas e registros históricos evocam nomes como Cândido Portinari, Lucio Costa, Roberto Burle Marx, Guignard, entre outros artistas e intelectuais cuja atuação ultrapassou o campo das artes, influenciando profundamente a formulação das políticas culturais e preservacionistas no Brasil”, explica Jardel Santos, servidor responsável pela comunicação do museu.
“A nova expografia propõe renovar o olhar sobre o passado colonial e reconectar o patrimônio histórico às questões contemporâneas, como diversidade, pluralidade, direitos culturais e democracia”, ele informa. “O projeto busca estimular uma aproximação crítica e sensível entre o público e os bens culturais, contribuindo para o fortalecimento dos valores que sustentam a convivência em sociedade”.
Com a exposição, avalia o pró-reitor de Cultura, Fernando Mencarelli, a Casa Padre Toledo “afirma sua vocação como um museu sobre a história e o presente de Tiradentes”.
Programação
Prevista para as 15h, a abertura da exposição contará com participação da reitora Sandra Regina Goulart Almeida, do pró-reitor de Cultura, Fernando Mencarelli, da diretora do campus Cultural UFMG em Tiradentes, Patricia Franca-Huchet, do presidente da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, Pedro Vasconcelos Maia do Amaral, e da deputada estadual Andréia de Jesus (PT), autora de emenda parlamentar destinada ao museu. Também participarão outras autoridades locais e representantes de instituições parceiras.
Em seguida, às 16h, haverá um debate entre os curadores da exposição e especialistas da UFMG envolvidos no trabalho de museologia – Fabrício Fernandino, diretor do Centro Cultural da UFMG, Diná Marques, coordenadora do Patrimônio Cultural da Pró-reitoria de Cultura (Procult), Lorena Mello Martins, museóloga da UFMG no Museu Casa Padre Toledo, e Luiz Cruz, pesquisador e um dos responsáveis pelos textos da exposição, ao lado do professor João Antonio de Paula.
Ao debate, se seguirá uma apresentação de congado com Mestre Prego. Por volta das 16h45, haverá uma visita guiada pela exposição. O museu Casa Padre Toledo fica na rua Padre Toledo, nº 190, no centro da cidade.
O museu e sua exposição, por Jardel Santos
“Localizado em uma das mais expressivas e significativas construções civis do século 18 em Minas Gerais, o solar que abriga o Museu Casa Padre Toledo é testemunha de momentos fundamentais da história nacional, como as primeiras articulações da Conjuração Mineira. A antiga residência, palco de reuniões dos inconfidentes durante o período da opressão fiscal imposta pela Coroa Portuguesa, foi também um dos marcos iniciais do movimento modernista de preservação do patrimônio cultural no Brasil, liderado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), sob a direção de Rodrigo Mello Franco de Andrade.
“A nova expografia apresenta um percurso imersivo que articula as diversas dimensões da história da cidade e da própria casa. Os eixos expográficos convidam à reflexão sobre o cotidiano da vida colonial, os modos de morar, produzir e conviver nas Minas do século 18, as expressões de religiosidade e sincretismo, e a presença marcante das populações afrodescendentes na construção da identidade local. A memória das irmandades religiosas, as festas do Rosário e os congados ganham destaque, assim como os registros das práticas agrícolas, dos ofícios tradicionais e dos saberes transmitidos ao longo das gerações. O próprio edifício – com seu torreão, seu porão e suas pinturas raras – constitui testemunho dos processos construtivos coloniais e das transformações pelas quais passou ao longo dos séculos: de residência senhorial a sede administrativa, de teatro a cinema, de seminário a espaço museológico.”
“Em diálogo com o Centro de Estudos e Biblioteca e com o Quatro Cantos Espaço Cultural, o Museu reafirma o compromisso da UFMG com uma abordagem crítica, inclusiva e participativa da história e do patrimônio, valorizando as múltiplas vozes e memórias que compõem o passado da cidade. Ao propor novas formas de fruição, interpretação e apropriação simbólica do patrimônio, a exposição Tiradentes Passado Presente convida o público a redescobrir Tiradentes como um lugar vivo: onde o silêncio das pedras coloniais e a força das manifestações culturais seguem inspirando o encontro entre memória, presente e futuro.”
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