Departamento de História celebra memória em noite de encontro com egressos do curso
Objetivo da série é fazer um registro documental por meio de relatos de experiências na UFMG e na vida profissional; próximo evento, no dia 24, receberá dois profissionais do universo dos quadrinhos
Por Hellen Cordeiro
Criado em 1957, o curso de graduação em História forma bacharéis e licenciados, que atuam como docentes, pesquisadores e gestores. Em 68 anos de existência, milhares de profissionais se formaram no curso, deixando um legado de experiências e contribuições que agora estão sendo partilhadas na série Noites de memória. A iniciativa teve início no primeiro semestre deste ano, como trabalho de registro e autorreflexão empreendido pelo Departamento de História.
A segunda edição ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 24 de setembro, das 19h às 22h, no auditório Carangola da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). O evento é destinado a professores e estudantes da Fafich e egressos. Não é necessário inscrição prévia.
“A ideia de fazer um trabalho de memória é antiga e remete ao próprio ofício de historiador e ao fato de que estamos reunindo documentos que encontramos nos gabinetes e não têm uma destinação correta”, afirma a professora Miriam Hermeto, idealizadora do projeto e atual subchefe do Departamento. Segundo ela, esse registro não provém de um arquivo institucional, mas da documentação de professores e de práticas docentes.
Em parceria com a professora Ana Paula Sampaio Caldeira, Miriam desenvolve, desde 2019, um projeto de pesquisa sobre a trajetória do Departamento de História da UFMG. Elas entrevistaram a professora Maria Efigênia Lage de Resende e trabalharam com arquivos pessoais dos professores Daniel Valle Ribeiro, encontrados na Fafich, e Caio Boschi, depositados no Centro de Memória da PUC Minas.
“Há muito tempo, sentimos a necessidade de registrar e refletir coletivamente sobre a memória do Departamento, até para pensar currículos”, explica Miriam Hermeto. O intuito era dar continuidade às entrevistas de história oral com os professores da unidade, que ainda não conta com um centro de memória. Em 2023, por ocasião dos 50 anos de fundação do curso, foi criada uma comissão para cuidar dessa documentação histórica.
Miriam explica o projeto atual: “Nas Noites de memória, temos uma dupla intenção, que é produzir um lugar de sociabilidades para que a gente partilhe essas memórias e também gerar documentação sobre o curso, registrando as narrativas dessas pessoas. A ideia é ter uma pluralidade de vozes, tanto do corpo docente quanto discente”.
História e(m) quadrinhos
Nesta quarta, 24, dois egressos do curso de História da UFMG vão compartilhar suas experiências. Afonso Andrade, formado em 1990, e Gabriel Nascimento, que se graduou em 2012, construíram suas carreiras no universo dos quadrinhos.
Afonso Andrade é gestor cultural na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais e coordena o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FIQ-BH). Ele também é curador e consultor de eventos relacionados a quadrinhos e cultura geek, além de assessor da Diretoria de Política de Festivais da Fundação Municipal de Cultura.
Gabriel Nascimento trabalhou em quatro edições da FIQ e, em duas delas (2022 e 2024), como diretor artístico. O historiador especializou-se como quadrinista e designer, com graduação em Design Gráfico pela Fumec e mestrado em Estudos de Linguagem (com foco em quadrinhos) pelo Cefet -MG. Ele desenvolve projetos na área de quadrinhos e produção experimental analógica no coletivo 62 pontos.
Em 2015, Gabriel Nascimento lançou Maria & João, uma releitura da tradicional história de João e Maria em uma narrativa sem palavras, composta de 25 xilogravuras e linoleogravuras. O livro foi destaque na Bienal de Design Gráfico ADG/Adegraf em 2017. Juntamente com João Henrique Belo, ele lançou, em 2021, o quadrinho A menor distância entre dois pontos é uma fuga, finalista do Prêmio Jabuti na categoria Quadrinhos e vencedor na categoria de melhor roteirista do CCXP Awards 2022.
Redes de sociabilidades
A primeira edição do evento, realizada em 25 de junho, foi marcada pela despedida e recepção de professores da casa. Intitulado Quem faz o departamento de história?, o evento recebeu os docentes recém-aposentados Luiz Arnaut, João Pinto Furtado e Eduardo França Paiva, e deu as boas-vindas aos novos docentes, Thais Rocha da Silva, Rachel Saint Williams e Felipe Barradas. Na ocasião, estiveram presentes, no auditório Bicalho, cerca de 20 professores, entre ativos e aposentados, além de alunos e egressos do curso.
Descrito como “uma noite de encontro e afeto”, segundo postagem nas redes sociais do Centro Acadêmico de História, o evento foi conduzido pelo professor Caio Boschi. O historiador, que se graduou na UFMG em 1969 e aposentou-se na década de 1990, contou um pouco de suas vivências no Departamento.
Miriam Hermeto enfatiza que não se trata de uma homenagem, como imaginavam alguns dos presentes da primeira edição, mas uma forma de criar redes de sociabilidades e registros da memória. “Nossa intenção não é homenagear as pessoas, é ouvi-las e criar uma cultura de que memória é trabalho. Precisamos exercitar o lembrar, o esquecer e o narrar para que a gente consiga refletir sobre quem somos”, afirma a coordenadora do projeto.
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