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Psicologia e Direitos Humanos

Núcleo Conexões de Saberes ganha menção honrosa em prêmio que reconhece práticas antirracistas

Grupo de pós-graduandas e docentes da UFMG promove, desde 2022, seminário que se consolidou como espaço de diálogo com os saberes indígenas e quilombolas

O tema do IV Seminário Reflorestar, realizado neste ano, foi a permanência de estudantes quilombolas e indígenas na universidade
Foto: Arquivo Conexões de Saberes

O Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão Conexões de Saberes, da UFMG, foi agraciado com menção honrosa na III Edição do Prêmio Profissional Virgínia Bicudo “Práticas para uma Psicologia Antirracista“, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O reconhecimento se deve ao Seminário Reflorestar a Psicologia junto aos Povos Indígenas e Quilombolas, atividade de extensão realizada desde 2022 por pós-graduandas e docentes da área de psicologia da UFMG.

O prêmio tem o objetivo de identificar, valorizar e divulgar estudos e ações de profissionais, coletivos e grupos que atuam no campo das relações étnico-raciais, fundamentadas nos direitos humanos, com impacto na saúde mental, na redução das desigualdades sociais e no posicionamento antirracista.

Inscrito na categoria Experiências Coletivas do prêmio, o trabalho agraciado com a menção honrosa, intitulado Diálogos interepistêmicos com povos indígenas e quilombolas: reflorestando uma psicologia antirracista, apresenta e analisa as quatro edições do seminário Reflorestar. A entrega da premiação ocorre nesta quinta-feira, dia 20, às 18h30, em atividade do Congresso Brasileiro de Psicologia, que começou nesta quarta-feira, dia 19, em Brasília.  O evento é organizado pelo Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB) em parceria com o próprio Conselho Federal de Psicologia.

O artigo inscrito na premiação é de autoria de Monaliza Alcântara, Amanda Barbosa Veiga dos Santos, Aquila Bruno Miranda, Eledá Isadora Corrêa Trindade, Júlia Costa de Oliveira, Werymehe Alves Braz e Claudia Mayorga – a última, professora do Departamento de Psicologia da Fafich, é também a coordenadora do Núcleo Conexões de Saberes.

Enfrentando o epistemicídio e o etnogenocídio
No resumo do artigo apresentado, o grupo de autoras explica que o Seminário Reflorestar a Psicologia junto aos Povos Indígenas e Quilombolas é “uma atividade de extensão em Psicologia que, em suas quatro edições, consolidou-se como espaço de diálogo interepistêmico entre a psicologia e os saberes indígenas e quilombolas, promovendo rodas de conversa, mesas de debate e atividades culturais que contribuem para o fortalecimento da formação de estudantes de graduação, bem como de profissionais da psicologia, da saúde, da educação”.

Ainda no texto, as autoras avaliam que a “ação tem possibilitado a valorização dos saberes-fazeres-viveres dos povos tradicionais, a construção de alianças entre universidade e território e contribuído no enfrentamento ao epistemicídio e ao etnogenocídio, apontando caminhos para uma psicologia comprometida com os direitos humanos e com a luta antirracista”.

Imagem de um artigo escrito por estudante quilombola
Trecho de texto em que Márcia Kambeba reflete sobre a presença dos povos tradicionais na universidade apresentado no seminário de 2025
Foto: Arquivo Conexões de Saberes

O Núcleo
Criado em 2012, o Núcleo Conexões de Saberes dedica-se ao desenvolvimento de estudos em psicologia social, pesquisas e projetos de extensão com foco na democratização da sociedade. O grupo propõe análises interseccionais dos aspectos psicossociais da desigualdade social brasileira e formas de enfrentá-la, principalmente por meio do fortalecimento das políticas públicas.

Em 2021, foi criada a coletiva girassol-urucum no âmbito do Núcleo. Ela é formada por estudantes de pós-graduação em psicologia que desenvolvem seus trabalhos em aliança com povos indígenas e quilombolas. Dessa frente de trabalho, nasceu o Seminário Reflorestar a Psicologia.

Virgínia Bicudo, uma pioneira
Virgínia Leone Bicudo, que dá nome ao prêmio do CFP, foi pioneira em várias frentes: foi a primeira mulher a fazer análise na América Latina, a primeira psicanalista não médica no país e a primeira a defender, ainda na década de 1940 em uma universidade brasileira, uma tese sobre relações raciais no Brasil. O trabalho teve como título Estudo de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. Virgínia Bicudo também integrou a primeira gestão do Conselho Federal de Psicologia. A ata de sua posse data de dezembro de 1973.

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