Restaurado pelo Cecor, painel cerâmico de Mário Silésio volta a ser exposto no Centro de BH
Obra compõe fachada do antigo prédio do Detran, na avenida João Pinheiro
Por Ewerton Martins Ribeiro
Nos últimos dois anos, uma equipe multidisciplinar do Centro de Conservação e Restauração (Cecor) da Escola de Belas Artes (EBA) atuou na restauração do painel cerâmico Abstrato, do artista mineiro Mário Silésio (1913-1990), que adorna a fachada do prédio da Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais (antigo Detran), no número 417 da avenida João Pinheiro, no Centro da capital mineira. Na semana passada, em uma cerimônia realizada no auditório do órgão, a restauração foi dada por concluída, e o painel, reaberto aos olhares da cidade.
Considerado um tesouro modernista do patrimônio artístico-arquitetônico mineiro, o painel de 13 metros de largura por dois de altura passou mais de dez anos coberto por tapumes, devido ao desprendimento de algumas peças de cerâmica e outros danos gerados pela ação do tempo e do homem.
Cada uma das mais de 600 peças de cerâmica do painel foi cuidadosamente documentada, analisada, estudada e restaurada pelos profissionais da UFMG, graças a uma parceria formada entre várias entidades, entre as quais, a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep).
A meta foi recuperar os detalhes intrincados e as cores vibrantes da obra original, que foi produzida em 1959. O trabalho começou em janeiro de 2024, com a remoção mecânica do antigo faceamento da obra e a análise de peça por peça do painel. A restauração foi viabilizada por um programa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O programa MGTV, da Rede Globo, fez uma reportagem em vídeo sobre a restauração, repercutida em matéria no Portal G1. Nela, é possível conferir detalhes do processo de restauração.
O artista
Mário Silésio de Araújo Milton nasceu em 13 de maio de 1913 em Pará de Minas, Minas Gerais, e faleceu em 1990, em Belo Horizonte. Pintor, desenhista, muralista e vitralista, realizou seus estudos de Direito na então Universidade de Minas Gerais (UMG), futura UFMG, de 1930 a 1935.
De 1943 a 1949, Mário estudou desenho e pintura na Escola Guignard, onde foi aluno, entre outros, de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) e de Franz Weissmann (1911-2005). Em 1953, recebeu uma bolsa do governo francês e viajou para Paris, onde ingressou no curso do escultor e pintor francês André Lhote (1885-1962).
De volta ao Brasil, Mário Silésio executou diversos painéis em edifícios públicos e privados de Belo Horizonte, de 1957 a 1960, incluindo o famoso painel no prédio da Polícia Civil. Outras obras suas foram instaladas no Teatro Marília, no Santa Efigênia, no edifício do antigo Banco Mineiro da Produção, na Praça Sete de Setembro, e na Faculdade de Direito da UFMG.
O Acervo Artístico UFMG conta hoje com uma obra do autor em sua guarda. Trata-se de uma pintura a óleo de cerca de 60 por 80 centímetros, de título desconhecido, guardada no âmbito da coleção Amigas da Cultura.
Várias outras obras de Mário Silésio podem ser conhecidas em seu site na internet. “Em plena descoberta da arte moderna, Silésio sintetizou em suas obras a liberdade e a disciplina, sem inibições, experimentando um novo processo criativo”, anota-se no portal, denominado Mário Silésio em curvas, retas, cores, telas e faixadas.
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