UFMG firma cooperação com centro de pesquisas italiano, referência no setor aeroespacial
Fundação Gran Sasso Tech busca parcerias com instituições da América Latina para missões científicas com boa relação custo-benefício
A UFMG assinou um acordo de cooperação com a Fundação Gran Sasso Tech (GST), localizada em L’Aquila, na Itália, com o intuito de desenvolver projetos conjuntos de pesquisa, organizar e promover cursos, conferências e simpósios, além de trocar informações e publicações acadêmicas. A iniciativa foi articulada pela professora Maria Cecília Pereira, da área de Engenharia Aeroespacial da Escola de Engenharia, com suporte da Diretoria de Relações Internacionais (DRI), visando a uma cooperação ampla para atender várias áreas da Universidade.
A Fundação Gran Sasso mantém parcerias importantes com indústrias do setor espacial, entre elas a Thales Alenia Space Italy, a maior empresa de satélites da Europa na área. A Fundação buscou parcerias latino-americanas na área de astronáutica – na qual a UFMG atua desde 2010 –, especialmente para desenvolvimento no setor de engenharia espacial.
Alcance interdisciplinar
Em comunicado divulgado por ocasião da assinatura do acordo, o presidente Fernando Ferroni, da GST, afirmou que a fundação é uma “candidata natural a desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento de missões científicas espaciais de baixo custo por universidades e centros de pesquisa no desenvolvimento de missões científicas espaciais com boa relação custo-benefício, além de oferecer – sem pagamento de royalties – a arquitetura de satélite 2-MF/NIMBUS como uma plataforma de hardware aberta para incentivar inovações compartilhadas por centros de pesquisa”.
Apesar de ter sido formatado, inicialmente, para a área de engenharia aeroespacial, o acordo tem potencial para abarcar colaborações com outros setores. A Gran Sasso Tech desenvolve atuação interdisciplinar nas áreas de robótica, ciência da computação, modelagem e programação.
De acordo com Maria Cecília Pereira, que é professora do Departamento de Engenharia Mecânica, a colaboração entre GST e UFMG visa, a princípio, compreender o quanto ambas as instituições podem ser potencializadas com o auxílio da tecnologia espacial, para então desenvolver sistemas aeroespaciais conjuntos para pesquisas científicas. “Estamos trabalhando para identificar tecnologias que possam resultar nos primeiros desenvolvimentos conjuntos, e acredito que a principal colaboração será com a estrutura que a Fundação tem disponível e está disposta a partilhar, o que facilitará nosso acesso a empresas do setor para aprimorar a área de desenvolvimento aeroespacial”, explica.
Conexão com a América Latina
O processo de formalização da parceria foi intermediado pelo Instituto Internacional Ítalo-Latino Americano (IILA), ao qual o GST recorreu em busca de uma universidade brasileira relevante, estruturada e com capacidade técnica reconhecida. A UFMG foi indicada em razão das iniciativas promovidas no setor aeroespacial, dos laboratórios eficientes e da infraestrutura sólida – como o Centro de Estudos Aeroespaciais.
No fim de 2024, a representação brasileira da IILA em Roma organizou uma reunião on-line, na qual foram foram apresentadas a Universidade e as áreas de atuação da GST. Em maio, pesquisadores de agências espaciais, empresas e universidades reuniram-se em L’Aquila, na Escola Spaceraise, incluindo a UFMG, representada pela professora Maria Cecília Pereira.
“Para a Fundação Gran Sasso Tech, já atuante internacionalmente com foco em tecnologias espaciais, esse é um passo importante rumo a um relacionamento cada vez mais frutífero com os países latino-americanos, com os quais estamos construindo um diálogo vivo e próximo, tanto no campo da pesquisa quanto da educação”, ressaltou o presidente da GST.
UFMG receberá missão em outubro
Ao longo do processo de acordo e assinatura, Maria Cecília Pereira manteve contato com professores e pesquisadores por meio de videoconferências, cursos e visitas. Em outubro, um grupo da GST virá à UFMG para conhecer as instalações e o trabalho feito com estudantes, visto que a formação oferecida pela Universidade foi apontada como um de seus maiores diferenciais. “Temos laboratórios eficientes e infraestrutura sólida, mas acredito que a nossa verdadeira força reside nas pessoas: nossos alunos são muito dedicados e trabalhadores, nossos professores têm sólida formação, e todos estão entusiasmados com essa colaboração. A oportunidade de conexão com pesquisadores, estudantes e empresas por meio da GST é muito estimulante e torna o nosso trabalho ainda mais rico e dinâmico”, afirma a docente.
A visita em outubro deverá ser de dois dias (em datas a serem definidas) e contemplará não apenas o âmbito da Engenharia Aeroespacial, mas também outros campos da Universidade, como a Engenharia de Computação.
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