Universidades do Brics fazem balanço de 10 anos de cooperação
Em conferência realizada em Brasília, Aziz Saliba, diretor de Relações Internacionais da UFMG, apresentou possibilidades de cooperação nas áreas de ciências sociais e humanas
Por Luana Macieira
Nesta semana, representantes das Universidades do Brics (Brics NU), principal iniciativa institucional de cooperação acadêmica entre os países que integram o bloco, reuniram-se em Brasília para fazer um balanço de uma década da rede. Representantes das universidades do grupo apresentaram as iniciativas de sucesso em temas prioritários para os seus países e conversaram sobre novas e futuras parcerias.
O professor Aziz Tuffi Saliba, diretor de Relações Internacionais e professor da Faculdade de Direito da UFMG, participou do encontro. Ele explicou que a colaboração entre as universidades do grupo se justifica, entre outras razões, porque os países do Brics ocupam posições de destaque na produção científica global.
“Esse fator já seria suficiente para justificar a colaboração. No entanto, o cenário político internacional atual reforça ainda mais a necessidade de diversificação das parcerias acadêmicas. Muitos países enfrentam mudanças políticas abruptas, marcadas por ataques à ciência, às universidades e ao multilateralismo. Nesse contexto, o fortalecimento de redes alternativas de cooperação se torna ainda mais relevante”, disse Saliba.
O professor acrescenta que o Brasil, na condição de país que exerce a presidência do Brics, optou por fortalecer a rede de universidades recompondo a participação nacional por meio de edital da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Esse edital, explica Aziz Saliba, estabeleceu onze áreas prioritárias de cooperação que se alinham aos objetivos fundamentais da cooperação internacional, como o fomento ao desenvolvimento humano e científico, a redução das desigualdades e a mitigação das mudanças climáticas. “Acreditamos que nossa participação na conferência representa uma contribuição concreta para ampliar a colaboração internacional das instituições brasileiras no contexto do Brics”, afirmou. A UFMG, que está entre as 20 universidades escolhidas, vai liderar estudos na área de ciências humanas e sociais.
A UFMG e o Brics
No evento, Aziz Saliba apresentou possibilidades de cooperação entre os países do Brics nas áreas de ciências sociais e humanas, destacando iniciativas como a Escola de Verão sobre Estudos Brasileiros e a Escola de Estudos Jurídicos do Brics, ambas conduzidas pela UFMG.
Ele explicou que a UFMG participa ativamente da Brics NU desde a criação da iniciativa e que, logo na primeira chamada de projetos da Capes relacionada à Brics NU, realizada em 2015, a Universidade teve três projetos selecionados entre os seis aprovados nacionalmente, nas áreas de Ciência da Computação, Economia e Saneamento.
“Nos últimos anos, a UFMG tem buscado expandir de forma qualificada suas colaborações internacionais, com especial atenção à intensificação de vínculos com a China, a Rússia, a África do Sul e a Índia – países que, com o Brasil, integram a formação original do grupo, hoje ampliado. Contamos com Centros de Estudos Regionais que apoiam intercâmbios científicos e culturais com diversas regiões do mundo, incluindo todos os países do Brics. Reconhecendo esses esforços, o Ministério da Educação (MEC) solicitou que apresentássemos nossas iniciativas neste encontro”, disse o diretor de Relações Internacionais.
Algumas das iniciativas destacadas pelo professor em sua apresentação no encontro são o curso de férias sobre estudos brasileiros – cuja última edição contou com a participação de estudantes oriundos de 27 universidades de 17 países, a Formação Transversal em Estudos Internacionais, conjunto de cursos on-line de português como língua estrangeira oferecidos a estudantes de instituições parceiras da Ásia Oriental e da Rússia, o Programa de Leitorado de Russo para a comunidade da UFMG e a Escola de Estudos Jurídicos do bloco Brics.
Aziz Saliba destacou também, como frutos da atuação da UFMG no grupo, a realização no Brasil da 59ª Olimpíada de Química Mendeleev, a convite da Moscow State University. Esse evento teve a participação de estudantes de 40 países e foi financiada por parceiros russos. “É interessante também notarmos como tem aumentado o fluxo de mobilidade entre Brasil e os países do Brics. Em 2024, enviamos 14 alunos para Rússia e China e recebemos cerca de 36 para o semestre regular e para os cursos de férias sobre estudos brasileiros e estudos jurídicos”, informa o diretor.
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