Aluno do DCC cria teclado ergonômico que combate tendinite e garante conforto na digitação
Kael Soares Augusto desenvolveu o Kaly42, cujo design auxilia na postura correta e permite o ajuste do ângulo de uso
Por Nathalie Rajão | DCC UFMG
O uso constante de teclados convencionais e a postura inadequada podem ocasionar sobrecarga muscular e provocar lesões como a tendinite, que é a inflamação nos tendões das mãos e dos pulsos. Essa condição levou Kael Soares Augusto, estudante do curso de Ciência da Computação da UFMG, a desenvolver o Kaly42, um teclado ergonômico que promete transformar a experiência de digitar.
“Eu criei o teclado para tentar me ajudar com a tendinite. Uma das causas foi o uso repetitivo de teclados, que pode ser cansativo e prejudicial aos tendões. Ao conhecer a comunidade de teclados ergonômicos, decidi buscar uma solução que atendesse às minhas necessidades, já que as opções existentes têm defeitos ou limitações”, explica o estudante.
Conforto e ergonomia
Com um mascote fofo, um paquímetro sorridente chamado Kaly, o projeto busca unir tecnologia, saúde e acessibilidade. O teclado foi projetado para ser mais ergonômico, portátil e confortável, em alternativa às teclas escalonadas do modelo convencional, com layout QWERTY. Ao buscar por soluções, o estudante inspirou-se em formatos ergonômicos como o Ferris Sweep.
O interesse de Kael por teclados mecânicos e pela comunidade de customização foi essencial para o desenvolvimento do projeto, em que também configurou o firmware que roda o microcontrolador. O Kaly42 prioriza a ergonomia, com layout que segue o tamanho dos dedos e linhas retas que facilitam o uso sem forçar os dedos ou as mãos. As seis teclas para os polegares facilitam o acesso a muitas funções.
O design dividido auxilia na postura correta, pois possibilita afastar mais os ombros, e a possibilidade de rotacionar as metades do teclado propicia ajustar o ângulo de uso e evita a necessidade de dobrar os punhos de forma prejudicial, uma das principais causas de tendinite. Para reduzir movimentos desnecessários e facilitar o uso com as mãos em posições mais naturais, as 42 peças são dispostas de forma que nenhuma esteja a mais de uma tecla de distância dos dedos.
Conexão com a graduação
Kael destaca que os conhecimentos adquiridos na graduação, especialmente no uso do firmware QMK, foram fundamentais para o desenvolvimento do teclado. “Aprendi a configurar o firmware, adaptar o layout e fazer as modificações necessárias usando conhecimentos adquiridos no curso, o que facilitou bastante a criação do projeto”, afirma.
Segundo o professor do DCC Fernando Magno Quintão Pereira, coordenador do Laboratório Compiladores, Kael ama genuinamente a tecnologia e a ciência da computação. “Ele é ótimo aluno, brilhante e disciplinado. E esse teclado que criou é prova disso. Ficou muito legal: bonito e confortável. O Kael sempre foi muito entusiasmado com esse projeto, e é superinspirador ver que está dando certo. Lembro-me que, enquanto estava projetando o teclado, Kael costumava pedir a opinião de seus colegas sobre vários aspectos do aparelho: formato, logomarca, cor etc. Ele dava as opções, e as pessoas escolhiam aquelas de que gostavam mais. Todo mundo achava o projeto superlegal. Fico muito feliz em ver que deu tudo certo”, relata, orgulhoso, o professor Fernando Quintão.
Código aberto
O Kaly42 é um projeto open-source (código aberto) licenciado sob a licença Apache-2.0, que autoriza qualquer pessoa a fazer uso dele e modificá-lo, desde que respeite os direitos autorais. Está disponível na plataforma GitHub, com firmware e especificações prontos para serem enviados a fabricantes de PCB. O estudante também disponibiliza no Dwctor, seu canal no YouTube, vídeos e textos que documentam a jornada da criação
Kael afirma que há planos para melhorias, como case, teclas hot-swap, bluetooth e outras funcionalidades. Ele não pretende comercializar o teclado devido às dificuldades com taxas e importações no Brasil, mas já recebeu mensagens de pessoas ao redor do mundo que construíram seus próprios Kaly42s, o que demonstra o potencial de mercado e interesse na inovação.
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