Virgílio Almeida vence Prêmio Unesco-Uzbequistão sobre Ética na IA
Indicado pelo Ministério das Relações Exteriores, professor do DCC sustenta que a tecnologia deve estar a serviço da coletividade e dos direitos sociais
Por Nathalie Rajão | DCC
O professor Virgílio Almeida, do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, foi um dos vencedores da edição inaugural do Prêmio Unesco-Uzbequistão para Pesquisa Científica sobre Ética na Inteligência Artificial, reconhecimento internacional concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com o governo do Uzbequistão.
Criada em 2024, a premiação homenageia iniciativas que abordam os desafios éticos da inteligência artificial (IA) e propõem soluções inovadoras e responsáveis para o uso dessas tecnologias. O prêmio celebra ainda o legado do pensador Abu Rayhan al-Biruni, estudioso do século XI da região de Khwarezm — atual Uzbequistão —, símbolo do pensamento multidisciplinar e humanista que inspira o reconhecimento.
Durante a cerimônia, realizada em Samarcanda, Uzbequistão, na última quinta-feira, dia 6, Virgílio Almeida expressou sua gratidão à instituição. “Sinto-me profundamente honrado em receber essa prestigiosa distinção que reconhece contribuições para o avanço da ciência. Esse prêmio carrega um profundo significado simbólico em nosso tempo — uma era de rápidas transformações e incertezas, mas também de esperança no progresso científico e no poder duradouro das humanidades para orientar esta nova era da inteligência artificial”, afirmou o professor.
Ser humano no centro dos avanços
Em seu discurso, Virgílio destacou a importância de recolocar o ser humano no centro dos avanços tecnológicos e de reforçar o diálogo entre ciência e humanidades. Segundo ele, o desenvolvimento da inteligência artificial deve ser acompanhado por reflexões éticas e sociais que garantam benefícios coletivos e respeito aos direitos humanos. “Os desafios éticos e sociais da IA não surgem apenas da tecnologia em si, mas de como a projetamos, implantamos, utilizamos e governamos. A questão central não é apenas o que a IA pode fazer, mas o que ela deve fazer”, disse.
Referência internacional nos estudos sobre governança digital, ética e impacto social da tecnologia, Virgílio Almeida tem defendido que o desenvolvimento e a aplicação da IA devem estar voltados ao bem público e à redução das desigualdades sociais. Suas pesquisas buscam compreender os efeitos da tecnologia sobre o comportamento humano, a democracia e a vida pública.
A candidatura do professor foi recomendada pela Comissão Nacional do Brasil para a Unesco, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, e sua escolha foi feita por unanimidade por um júri internacional de especialistas. Segundo o governo brasileiro, o reconhecimento ao trabalho de Virgílio reforça o compromisso do país com uma governança inclusiva e ética da inteligência artificial, consolidando o protagonismo nacional em debates sobre tecnologia, sociedade e valores humanos.
Ao fim de seu pronunciamento, o professor ressaltou que o avanço da IA exige profissionais capazes de comunicar ideias complexas com clareza e de traduzir a tecnologia em compreensão social. “Nossa sociedade precisa, mais do que nunca, de estudiosos e educadores que unam disciplinas, conectem ciência e ética e mantenham a inteligência artificial alinhada aos valores humanos e ao bem comum”, concluiu.
Virgílio Almeida voltará a refletir sobre o assunto durante a conferência Inteligência artificial, ética e universidade: por que precisamos de regras?, que abre, nesta segunda-feira, 10 de novembro, a 24ª edição do Encontro de Reitores do Grupo Tordesilhas, rede que visa fortalecer a colaboração acadêmica entre universidades do Brasil, da Espanha e de Portugal.
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