Famílias de vítimas da ditadura recebem atestado de óbito corrigido, que coloca Estado como causador
Por Alessandra Dantas
Nesta segunda-feira, 29 de setembro de 2025, a irmã de Idalísio Soares Aranha Filho, professora aposentada da FaE, Faculdade de Educação da UFMG, ex-diretora da Unidade e ex-pró-Reitora de Graduação da UFMG, Antônia Vitória Soares, conversou com os jornalistas Alessandra Dantas e Hugo Rafael, no programa Acesso Livre.
Por muito tempo, pessoas mortas e desaparecidas pela ditadura empresarial-militar, que esteve no poder de 1964 a 1985, não tiveram o motivo real de seus assassinatos revelados e reconhecidos. Como forma de reparação aos familiares dessas vítimas, isso tem mudado recentemente. No último mês de agosto, 63 certidões de óbito foram entregues a membros das famílias de opositores do regime, com o texto: “Morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população, identificada como dissidente política por regime ditatorial instaurado em 1964”.

A cerimônia realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais no dia 28 de agosto foi a primeira solenidade de entrega das certidões de óbito retificadas de pessoas mortas ou desaparecidas políticas durante a ditadura militar, representando um momento importante da nossa justiça de transição. Entre os 63 documentos, está o de Idalísio Soares Aranha Filho.
Nascido no município mineiro de Rubim em 1947, ingressou no curso de Psicologia da UFMG, onde se destacou pela determinação em combater desigualdades sociais. Como militante do movimento estudantil, foi eleito, em 1971, presidente do Diretório Acadêmico da Fafich, órgão que hoje leva o nome de Idalísio. Casado com Walkiria Afonso Costa, também morta durante o regime militar, seguiu para a região do Araguaia e juntou-se à luta armada contra a ditadura. Foi assassinado pelos militares em algum momento entre 13 de junho e 13 de julho de 1972.
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