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Conexões

Mortes trans: “Pessoas se sentem à vontade para cometer crimes de ódio”, diz vereadora Juhlia Santos

Nesta quarta-feira, 19 de novembro de 2025, a primeira mulher travesti, preta e quilombola vereadora de Belo Horizonte, integrante do Kilombo Manzo Ngunzo Kaiango, militante LGBTQIAPN+, com atuação nas causas trans, agitadora cultural, graduada em Comunicação Social e pesquisadora de gênero há 15 anos, vereadora Juhlia Santos, conversou com o jornalista e apresentador Hugo Rafael, no programa Conexões.

Em menos de um mês, duas mulheres trans foram espancadas e mortas em Belo Horizonte. Em 20 de outubro, câmeras de segurança da rua Padre Pedro Pinto, na região de Venda Nova, flagraram o exato momento em que Christina Maciel Oliveira, de 45 anos, levou um golpe do ex-companheiro Matheus Henrique Santos Rodrigues. Com a vítima caída, o agressor deu sucessivos chutes nela, a maioria na cabeça. Ao perceber que a mulher estava desacordada, ele seguiu andando pela calçada. Christina morreu no local do crime.

Apenas três dias depois, Alice Martins Alves, de 33 anos, foi espancada na madrugada de 23 de outubro, na Savassi, Região Centro-Sul da capital. O suspeito seria funcionário de um estabelecimento chamado Rei do Pastel, e estava acompanhado de outros dois homens, que teriam rido da agressão. Os ataques só terminaram e a vítima não morreu no local porque um motociclista interveio.

Conforme o registro policial, Alice desmaiou e foi socorrida por pessoas no local, sofrendo fraturas nas costelas, desvio de septo nasal e perfuração no intestino. Em 9 de outubro, ela morreu depois de ficar internada em um hospital para tratar complicações das agressões que sofreu.

A vereadora Juhlia Santos afirmou que a sociedade ainda passa por um processo de sensibilização coletiva e que os dois casos mostram que não é só discurso quando ela afirma: “Nossa luta é pela vida”. A parlamentar também chamou a atenção para o fato da morte de Christina ter acontecido em uma das avenidas mais movimentadas da cidade sem que ninguém tentasse impedir.

No caso de Alice, ela comentou a resistência dos comerciantes do entorno em colaborar com as investigações ao negarem o acesso às imagens das câmeras de segurança. Outro ponto levantado foi a falta de políticas públicas e de assistência do Estado, o que deixa as pessoas à vontade para cometerem crimes de ódio, além da certeza da impunidade.

 

Produção: Vyctoria Alves, Hugo Rezende, Alessandra Dantas e Luiza Glória

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