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Conexões

Pesquisadora do Gesta UFMG fala sobre os 10 anos do rompimento da barragem da Samarco em Mariana

Uma década se passou desde que a barragem de Fundão, da Samarco, se rompeu em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. Às quatro e vinte da tarde de 5 de novembro de 2015, quarenta milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração jorraram da estrutura e destruíram tudo por onde passaram. Dezenove pessoas morreram, comunidades foram riscadas do mapa, e o Rio Doce nunca mais foi o mesmo.

Nesses dez anos, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela tragédia. Há um ano, a Justiça Federal absolveu a Samarco e todos os demais réus. Em decisão de 14 de novembro de 2024, a juíza federal substituta Patricia Alencar Teixeira de Carvalho considerou que os documentos, laudos e testemunhas ouvidas no processo “não responderam quais as condutas individuais contribuíram” para o desastre, e que a dúvida “só pode ser resolvida em favor dos réus”. No mês seguinte, o Ministério Público Federal recorreu da decisão. O procurador da República defendeu que as omissões de todos aumentaram o risco da operação da barragem, e que grandes crimes ambientais não ocorrem pela conduta de uma única pessoa, mas, sim, pela atuação de uma complexa estrutura organizacional. Quase um ano depois, no entanto, esse recurso ainda não foi analisado pela Justiça. Devido à demora do processo, vários crimes pelos quais os réus foram denunciados já prescreveram.

Os efeitos do rompimento da barragem podem ser vistos até hoje. Desde que recebeu uma avalanche de rejeitos de mineração o Rio Doce mudou. A tragédia favoreceu o avanço de espécies exóticas, em detrimento das nativas, e a bacia ficou mais pobre em biodiversidade. Além disso, segundo especialistas, as ações de reparação ambiental executadas na última década não foram suficientes para reverter os danos. Pelo contrário, elas podem estar contribuindo para a perda de variedade da fauna e da flora nos locais afetados. Da população ribeirinha à urbana, as ondas de lama também levaram os sonhos de famílias, sua subsistência, já que muitos moradores utilizavam como fonte de renda e hidratação o Rio Doce, e seus animais de estimação.

O programa Conexões convidou Raquel Oliveira, professora do Departamento de Sociologia da UFMG e uma das coordenadoras do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – Gesta UFMG, para comentar os 10 anos da tragédia-crime na cidade de Mariana-MG.

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