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'Coexistência é demanda da contemporaneidade', afirma diretor do Festival


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O tema do 50º Festival de Inverno da UFMG, coExistência - umdoisNós, de acordo com seu diretor artístico, o professor Mauro Rodrigues, da Escola de Música, teve inspiração em uma máxima difundida pelo diretor britânico de teatro, Peter Brook. Conforme o postulado, o artista precisa ter três conexões coexistindo harmonicamente – que foram detalhadas durante a solenidade de abertura do evento, ocorrida na noite desta sexta-feira, dia 20, no auditório da Reitoria.
 
 
 
“A primeira delas é a conexão do artista consigo mesmo. Ela diz respeito àquilo que só ele próprio pode fazer por si. São as dificuldades e as possibilidades com que só ele mesmo lida”, disse Mauro. “A segunda refere-se ao trabalho com o grupo, que acessa uma experiência e uma impressão nascidas da interação, as quais o indivíduo, sozinho, não alcançaria. A terceira conexão, com o espaço, diz respeito à necessidade de criar e sustentar as condições para que o trabalho exista”, completou.
 
Para o professor, o fomento à coexistência passa por essas três conexões e tem especial relevância nos dias atuais, época em que, segundo ele, prepondera uma atmosfera de “radicalização e não aceitação das diferenças e da legitimidade do outro”. “A ‘coexistência’, demanda da contemporaneidade, não implica unanimidade. Em vez disso, sabemos que a harmonia nasce exatamente da possibilidade da relação com o que é diferente, diverso, contrário”, explicou, sobre o tema que será sobrelevado ao longo de todas as dinâmicas do Festival.
 
Imersão
Nas palavras de Mauro Rodrigues, o Festival de Inverno da UFMG, depois que passou a ser realizado em Belo Horizonte, “perdeu um componente de imersão, porque a cidade é muito grande”. Segundo ele, em municípios como Tiradentes, Ouro Preto e Diamantina, em que o Festival ocorreu em outros momentos, “as pessoas da cidade estavam, de modo oposto, constantemente dentro do evento”.
 
“Buscamos resgatar aquela imersão com a criação da modalidade de residências artísticas. Elas criam a condição para que as rotinas mecânicas fiquem suspensas e haja espaço para a transformação e o aprendizado”, observou. O diretor artístico ressaltou o caráter interdisciplinar perseguido por todas as atividades. “Dança e música, por exemplo, figuram juntas e complementarmente, dialogando entre si. Esse é o conceito que permeia o Festival como um todo”, pontuou.
 
Espaço privilegiado
A exposição Clébio Maduro: obra gráfica foi inaugurada no saguão da Reitoria durante a solenidade. Ela reúne 97 obras que vieram sendo produzidas pelo gravador desde a década de 1980.
 
Na mostra, essas obras foram divididas em duas categorias: uma ilustrando diversas formas de desastres; a outra, paisagens de cidades históricas. Para a curadora da exposição, professora Lucia Gouvêa Pimentel, trata-se da oportunidade ideal de projetar, em um espaço privilegiado, o legado de um artista reconhecido internacionalmente. “Maduro tem uma rica história de formação de ilustradores, tanto na Escola de Belas Artes como durante outras edições do Festival. A mostra de gravuras, embora não seja uma modalidade muito popular, é de extrema importância para o cenário das artes em Minas Gerais”, destacou.
 
O diretor de Ação Cultural da UFMG, Rodrigo Vivas, enalteceu o empenho da equipe de organização do Festival, que considerou “impecável e digno das melhores expectativas”. Já o vice-reitor da UFMG, Alessandro Moreira, salientou que a Universidade se renova anualmente com a realização do Festival de Inverno. “As atividades culturais são tão valiosas quanto as de pesquisa, ensino e extensão. Até por isso, o tema da ‘coexistência’ nos é tão caro e ilustra os ideais da UFMG de modo muito genuíno”, afirmou.
 
A exposição Clébio Maduro: obra gráfica fica aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O Festival de Inverno segue até o dia 28 de julho. A programação detalhada pode ser conferida no site do evento.
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