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Exposição virtual faz passeio pelas telas da Ópera Tiradentes no Conservatório UFMG

Conjunto de obras instaladas no Conservatório UFMG ganha destaque em mostra comemorativa ao 21 de abril e aos 300 anos de Minas Gerais
Foto: Foca Lisboa
A Diretoria de Ação Cultural da UFMG (DAC) disponibilizou, em seu canal no YouTube, uma exposição virtual que explora as 14 telas da Ópera Tiradentes, instaladas desde 1926 na Sala de Recitais do Conservatório UFMG. A iniciativa é uma ação conjunta entre o Conservatório, o Campus Cultural UFMG em Tiradentes e o Acervo Artístico UFMG, geridos pela DAC. Assista agora pelo link: https://bit.ly/2VPwShV

Os quadros foram encomendados aos pintores Antônio e Dakir Parreiras na época da inauguração do edifício, e retratam cenas inspiradas na ópera do violinista e compositor Manoel Joaquim de Macedo Júnior (1845-1925). O manuscrito da ópera, preservado na Biblioteca da Escola de Música da UFMG, contém 1192 páginas e narra a história sobre a Inconfidência Mineira, ocorrida entre os anos de 1789 a 1792.
 
Além de permitir o acesso ao conjunto de obras durante esse período de quarentena, o vídeo traz informações sobre as cenas da trama, que acontece em quatro atos: A Aspiração, A Conspiração, A traição e Julgamento e Patíbulo. A exposição revela detalhes sobre as obras, cruzando as imagens com as histórias do libreto e da Inconfidência. O trabalho de pesquisa e elaboração da mostra foi conduzido pela coordenadora do Acervo Artístico UFMG, Ana Panisset, a coordenadora do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, Verona Segantini, o diretor do Conservatório UFMG, Fernando Rocha, e a servidora do Conservatório UFMG, Letícia Miranda.
 
História
Criado em 1925, o Conservatório Mineiro de Música (atual Conservatório UFMG) foi instalado em 1926 no prédio da avenida Afonso Pena, 1534. Neste contexto, encomendou-se ao artista Antônio Parreiras (1860/1937) uma pintura para decoração do auditório. Com a colaboração de seu filho, Dakir Parreiras (1894/1967), ele executou o conjunto de obras que conhecemos hoje: 13 telas instaladas nas paredes laterais e um painel principal, instalado no palco. 
 
Originalmente, as telas eram fixadas à parede com a técnica de marrouflage, sendo removidas em 1965, com a reforma do prédio do Conservatório.  Permaneceram guardadas e enroladas na então Prefeitura da UFMG até o final da década de 70.  Sob a orientação do restaurador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Geraldo Francisco Xavier Filho, professores da Escola de Belas Artes da UFMG (EBA) iniciaram o processo de recuperação das pinturas. As obras receberam reentelamento à cera, chassi e moldura e foram novamente expostas na Escola de Música, em 1978. 
 
Esse processo de restauração repercutiu na constituição do Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis e, posteriormente, na criação do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor/EBA), pela professora Beatriz Coelho.  As obras retornaram ao Cecor 21 anos depois e o novo trabalho de restauração foi coordenado pela professora Anamaria Neves, envolvendo alunos do XIII Curso de Especialização em Conservação e Restauração da EBA. Em 2009, o conjunto foi registrado pelo projeto "Inventário do Acervo Artístico de Bens Móveis da UFMG", coordenado pelo professor Fabrício Fernandino e pela conservadora-restauradora Moema Nascimento Queiroz.  
 
A ópera
Boa parte do que se sabe sobre a Ópera Tiradentes foi levantada pela pesquisadora e professora da Escola de Música da UFMG, Patrícia Valadão. Em seus estudos, ela aponta que a composição de Manoel Joaquim de Macedo foi inspirada no libreto intitulado Tiradentes - Ópera Lyrica em Quatro Atos, do escritor e político Antônio Augusto de Lima (1859-1934). Em 1897, o poeta concluiu o libreto e doou uma cópia para o Arquivo Público Mineiro, do qual foi diretor, sendo também publicada na Revista do Arquivo. 
 
A versão para canto e piano da ópera foi concluída por volta de 1908. Com o desejo de orquestra-lá, Macedo partiu para a Europa em 1909, onde participou da Exposição Universal de Bruxelas e de um concerto em benefício das vítimas das inundações de Paris. Porém, devido a 1ª Guerra Mundial, a falta de recursos e a saúde do musicista, a ópera não pode ser apresentada em sua totalidade e Macedo voltou para o Brasil em 1922. A última tentativa de apresentação da obra completa ainda em vida, se deu com a proposta de financiamento do então presidente Arthur Bernardes, o que acabou não se efetivando em virtude das condições de saúde do autor.
 
Em 1926, a viúva de Macedo doou o manuscrito ao Estado como forma de homenagear o compositor. No mesmo ano, trechos da obra foram executados pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de Belo Horizonte, sob a regência de Francisco Nunes. No ano seguinte, o manuscrito foi temporariamente emprestado à Rádio Inconfidência para execução em seus programas.
 
Posteriormente, o manuscrito foi transferido para o Conservatório Mineiro de Música e uma cópia feita na década de 1950. Mas foi apenas em 1986 que o manuscrito foi reencontrado pela então diretora da Escola de Música da UFMG, Sandra Loureiro Reis. A ópera foi montada parcialmente em 1992, para a comemoração dos 200 anos de morte de Tiradentes. Desde então, foi reapresentada em diversos eventos na UFMG. 
*Foto: Foca Lisboa
 
 
 
 
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