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UFMG participa, na Bélgica, de encontro da rede mundial de refugiados culturais

UFMG participa, na Bélgica, de encontro da rede mundial de refugiados culturais

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Evento reúne mais de 250 artistas e representantes das cidades-membros da International Cities of Refuge Network

O pró-reitor de Cultura da UFMG, Fernando Mencarelli, é o representante da UFMG no 6º encontro bienal da International Cities of Refuge Network (Icorn), realizado em Bruxelas, na Bélgica.
 
O evento teve início na quarta-feira, 22, e segue até esta sexta-feira, com o objetivo de promover reflexão sobre o trabalho realizado pela rede em prol da liberdade de expressão, da democracia e dos direitos humanos. O pró-reitor esteve no painel Universities as sites and supporters of protection (Universidades como locais e apoiadores da proteção), nesta quinta-feira, 23.
 
A Icorn é uma rede de mais de 70 cidades e regiões que recebem escritores e artistas refugiados afetados pela falta de liberdade de expressão em seus países de origem. No Brasil, a UFMG foi a primeira instituição a assinar um convênio com a rede, tornando Belo Horizonte uma das cidades de refúgio para artistas vítimas de perseguição política. No país, a Universidade Federal do Sul da Bahia também faz parte da rede.
 
A convenção deste ano reúne mais de 250 escritores, artistas, jornalistas, delegados das cidades-membros, representantes políticos e culturais, e organizações parceiras para três dias de discussões, workshops e performances. Sob a diretriz temática ampla do “‘Papel’ e seu poder paradoxal em construir pontes por meio da arte e da escrita, ainda que limitando a identidade e o movimento”, um dos principais temas do encontro é a possibilidade de cruzar fronteiras, de forma literal e metafórica.
 
“Nos últimos anos, o Brasil também assistiu à perseguição de artistas, escritores e jornalistas. Muitos ainda buscam segurança fora do país. Após o período da pandemia, que impossibilitou a continuidade do projeto, estudamos retomá-lo, uma vez que se trata de um dos temas centrais da contemporaneidade em todo o mundo, que tem milhões de refugiados. Entre eles, os que sofrem a censura e a perseguição por seu trabalho criativo. As universidades têm um papel importante a desempenhar. E é do painel sobre as universidades que participei”, explica Mencarelli, que teve ao seu lado, na mesa, representantes da Universidade Metropolitana do México, da Universidade Harvard (EUA) e da Universidade de York (Reino Unido).
 
O professor Paul Gready, de York, apresentou estudo sobre o papel das universidades como espaços de ativismo e proteção, como parte do trabalho da cadeira da Unesco para proteção dos defensores de direitos humanos e expansão dos espaços políticos, que ele dirige em sua instituição. UFMG,  Metropolitana do México e Harvard aparecem no estudo como casos exemplares.
 

Pioneira na América Latina

A reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, reitera a importância da participação da UFMG no projeto de apoio a artistas e intelectuais refugiados, lembrando que a universidade preza incondicionalmente pela liberdade de pensamento e expressão. Além disso, segundo a reitora, a parceria com o Icorn viabiliza da melhor maneira o acolhimento dessas pessoas na UFMG.
 
“A presença entre nós de refugiados em razão de censura à liberdade de expressão e perseguição política representa contribuição inestimável para a diversidade na instituição, outro valor fundamental para a UFMG. “Estamos sempre abertos à convivência com pessoas de experiências e visões de mundo diferentes, que enriquecem o debate e a geração de conhecimento, atuando no ensino, na pesquisa, na extensão e na produção cultural da Universidade”, afirma Sandra Goulart Almeida.
 
Com a assinatura do convênio, em 2017, a UFMG se tornou a primeira instituição da América Latina a integrar a rede Icorn e a estabelecer parceria para acolhida a artistas refugiados.
 
Naquele mesmo ano, a UFMG recebeu o escritor e acadêmico Félix Ulombe Kaputu, primeiro refugiado cultural por meio do acordo. Doutor em Literatura Inglesa e Literatura Comparada, Kaputu deixou seu país natal, a República Democrática do Congo, em 2006, perseguido pelo regime local. Antes de chegar a Belo Horizonte, o pesquisador passou por universidades dos Estados Unidos, do Japão, da Bélgica e da Polônia.
 
Felix Kaputu permaneceu na UFMG de 2017 a 2019 e desenvolveu uma série de projetos, palestras e cursos, também em outras universidades e instituições culturais do país. O convênio foi assinado pela UFMG, por meio da então Diretoria de Ação Cultural, sob coordenação da professora Leda Maria Martins. 
 
Em 2019, Félix Caputo obteve uma bolsa Capes/Print como professor convidado do Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG, sob supervisão do professor Fernando Mencarelli. Também atuou nos cursos de Música, História e Comunicação. As professoras Lúcia Castelo Branco e Sylvie Debs, do projeto Cabra – Casas Brasileiras de Refúgio, estiveram à frente da parceria da UFMG com o Icorn.
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