
Espaço Acervo Artístico UFMG participa da restauração de pintura do século 18 do Museu Casa Padre Toledo do Campus Tiradentes
Recuperação do quadro ‘Fuga para o Egito’ começou há 2 anos e está na fase final do trabalho
O Espaço Acervo Artístico, da Pró-reitoria de Cultura UFMG (Procult), realiza a fase final de restauração da pintura Fuga para o Egito, da Coleção Rodrigo Melo Franco de Andrade. A obra do século 18, de autor desconhecido, está atualmente na fase de reintegração cromática, uma das últimas etapas da restauração, sob responsabilidade da restauradora Elaine Pessoa.
O trabalho começou há cerca dois anos, vinculado ao projeto de extensão Preservação e documentação do acervo do Museu Casa Padre Toledo, sob coordenação das professoras Giulia Villela Giovani e Maria Alice Sanna, do Curso de Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis da Escola de Belas Artes. O projeto conta com o apoio do Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor) e do Centro de Conservação e Restauração, ambos vinculados à Escola de Belas Artes, e também do Laboratório de Preservação de Acervos da Escola de Ciência da Informação e do Acervo Artístico da UFMG.

Durante quatro semestres, o quadro foi restaurado por estudantes do curso de graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, sob supervisão das professoras, nas disciplinas Prática de restauração de pintura e Tratamento de Suporte. Inicialmente o trabalho foi feito dentro do Laboratório de Conservação-Restauração de Pintura do curso, mas, devido ao tamanho da obra, foi transferido para o Espaço Acervo Artístico, onde os alunos continuaram trabalhando na tela por três semestres. Nesse período foi realizada toda a parte de tratamento estrutural e também parte do tratamento pictórico. “Essa obra chegou pra gente com uma abertura no meio da tela, bem suja, danificada. Durante as disciplinas conseguimos chegar até a fase de nivelamento, que é o preenchimento das lacunas onde houve perda da camada pictórica”, explica a professora Giulia Giovani.
Para a fase final da restauração, chamada de reintegração cromática, a coordenação do projeto optou pela contratação de uma restauradora, por se tratar de “uma fase mais delicada de ser feita a várias mãos, dá uma diferença quando a pessoa vai fazer essa complementação [das cores que faltam na tela]”, justifica Giulia. A escolhida foi a restauradora Elaine Pessoa, que é egressa do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da UFMG e trabalhou na fase de reintegração cromática de outra pintura do mesmo acervo e período, Anunciação, restaurada no próprio Museu Casa Padre Toledo, em Tiradentes. Ela explica que a tinta utilizada na restauração é diferente da tinta original “em primeiro lugar para evitar uma falsificação, porque se você utiliza a mesma tinta do pintor original, você está modificando a obra. O segundo motivo é permitir a retratabilidade, ou seja, é uma tinta que pode ser removida, se necessário, e o quadro restaurado novamente”.
Sobre a obra
Fuga para o Egito é uma pintura em óleo sobre tela, de autor desconhecido. O quadro integra o acervo artístico preservado pela Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade e foi doado por Afonso Arinos Mello Franco de Andrade. Investigações sobre procedência e autoria das obras estão nos planos da equipe do Museu Casa Padre Toledo.

A restauração de Fuga para o Egito marcou também o retorno dos estudantes da graduação em Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis às atividades presenciais. Para Alícia Martins, estudante do 12º período do curso que participou da restauração, esse foi o primeiro trabalho prático na graduação. “Deu um medinho, né? Porque desse tamanho e dessa importância… Durante tratamento estrutural, precisamos retirar a tela do chassi para fazer a recuperação estrutural e, na hora de recolocar,, o tamanho foi um grande desafio”, relembra.
Após o processo de restauração, que ainda deve durar cerca de um mês, o quadro será incorporado novamente à exposição do Museu Casa Padre Toledo.
Mais informações em ufmg.br/campustiradentes.