Internacional

Desequilíbrio é marca da educação superior na América Latina e no Caribe

Rede de ensino superior cresce na região, mas expansão numérica não representa avanço qualitativo

Marcílio Lana

O Mapa da Educação Superior (Mesalc), estudo desenvolvido pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior da América Latina e do Caribe (Iesalc), revelou uma realidade de contrastes e indicou, apesar de apontar sinais de avanços, um diagnóstico preocupante: o sistema de ensino superior da região é altamente desequilibrado e assim como um paciente de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) necessita de cuidados e atenção.

A pesquisa, que reúne dados e estatísticas de 28 dos 33 países membros da Unesco, indicou que existem na América Latina e no Caribe 8.910 instituições de ensino superior, mas apenas 1.231 (13,81%) delas são universidades ou centros universitários. O Brasil lidera o ranking com 2.547 unidades de educação superior e na outra ponta está Santa Lúcia, ilha localizada no leste da América Central, com apenas uma instituição. O México aparece em segundo lugar, com 2.397 unidades. Para a diretora do Iesalc e ex-reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzola, este não é um dado frio, mas um indicador da inexistência ou precariedade de regulação dos sistemas de educação que pode explicar a qualidade do ensino superior oferecido na região. "Normalmente, são as universidades e centros universitários que passam por processos de avaliação e este sistema é que assegura a qualidade do ensino", destaca Gazzola.

O diagnóstico da educação superior produzido pelo órgão da Unesco revela que a taxa de cobertura, índice resultante da divisão do número de matrículas em educação superior pela população entre 18 e 24 anos, está em ascensão. Em 1994, o sistema latino-americano e caribenho registrava 7.544 matrículas. Em 2006, foram anotadas 17.017. O crescimento médio por triênio, entre 1994 e 2006, é de 22,5%. Mas este salto está apoiado na expansão do ensino privado. No Brasil, a situação é a mais extrema. A rede particular responde por 73% das instituições de ensino superior no país.

O secretário de Educação da Cidade do México, Axel Didriksson, reconhece que a expansão percebida na última década foi positiva para ampliar o acesso da população ao ensino superior na região. Mas é enfático ao afirmar que o avanço não é qualitativo. "O perfil de cursos e carreiras criados pelas instituições de ensino, sobretudo pelas privadas, privilegiou necessidades do mercado. Muitos dos cursos surgiram sob a influência direta de demandas mercadológicas e não no sentido de produzir conhecimento", sentencia. Para Didriksson, a educação, sobretudo a superior, é fundamental para a transformação da realidade, com o melhoramento da qualidade de vida e a promoção do bem-estar social e da democracia.



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Revista Diversa nº 15
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