Revista da Universidade
Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 8 - outubro de 2005
Segundo Boaventura de Sousa Santos, “a universidade no século XXI será certamente menos hegemônica, mas não menos necessária que o foi nos séculos anteriores” – numa reflexão sobre a crise da instituição universitária, que se vê, hoje, contestada em seus fundamentos humanistas, em seu papel socializador e em sua natureza de bem público. Nessa perspectiva, é como se lhe restasse apenas a alternativa de alinhar-se à sociedade ou submeter-se ao mercado.
Vlad Pompeu Poenaru |
Sabemos que essa crise, como bem analisou Sousa Santos, não pode ser expressa na sua complexidade por uma equação tão simplificada. Mas compreendemos também que há alguns aspectos dessa mesma complexidade que se deixam apreender por meio de temas e procedimentos que podem ser indicadores dos caminhos a percorrer no enfrentamento da crise.
Consideramos, assim, que as questões relativas ao exercício da cidadania, entendida como expressão dos direitos civis, econômicos e sociais, podem se apresentar como opção de atuação para uma universidade que se quer autônoma, independente e efetivamente responsável. No âmbito da Universidade Federal de Minas Gerais, embora ainda reste um largo caminho a ser percorrido, podemos constatar inúmeras iniciativas no sentido de reforçar os laços com a cidadania, potencializando os recursos das comunidades para sua emancipação e autodeterminação e delas recebendo o influxo de novas demandas e ensinamentos.
Nossa equipe de profissionais saiu em busca dessas iniciativas e procurou abordá-las de modo a revelar suas motivações, suas conexões, seus êxitos e suas dificuldades. Apresentamos, assim, à crítica dos leitores o resultado dessa investigação, que alinhou os projetos desenvolvidos na área da farmácia social, no atendimento aos idosos, nos pólos de cidadania, nas ações afirmativas, na divulgação científica, no estímulo à leitura e na atenção à saúde. São informações e depoimentos que demonstram o compromisso da UFMG com o exercício da cidadania e a constituição de direitos em diversos campos de sua atuação. As reportagens – como tem sido o nosso propósito nas edições temáticas – são acompanhadas por artigos de professores que buscam refletir sobre os temas nelas abordados.
A entrevista com o professor Boaventura de Sousa Santos, que abre a edição, nos ajuda a compreender o papel da universidade frente às complexas determinações do mundo contemporâneo. A revista apresenta também, mais uma vez, o trabalho de ilustração realizado por professores da Escola de Belas Artes da UFMG, que pretende articular “razão e sensibilidade” ao tema tratado nessa edição.
A todos, a Diretoria de Divulgação e Comunicação Social, responsável por Diversa, apresenta seus agradecimentos, desejando que os leitores possam, com essa nova edição, conhecer um pouco mais da UFMG e, dessa forma, participar da construção da Universidade que queremos: uma instituição altiva que constitui na excelência do seu trabalho acadêmico a contraface de sua relevância social.
Maria Ceres Pimenta Spínola Castro
Diretoria de Divulgação e Comunicação Social