Aconteceu, nos dias 3 e 4 de outubro, no Auditório A104 do CAD 2, o workshop “As revoltas anti-coloniais no século XIX na África: estudos sobre o papel social e político do Islã – a experiência dos movimentos mahdistas”, ministrado pela professora da Unifesp, Dra. Patrícia Teixeira Santos, e promovido pelo Centro de Estudos Africanos da UFMG.

No primeiro dia do curso Patrícia discutiu sobre o Islã na África pré-colonial, principalmente na região norte do continente, explorando temas como os fundamentos básicos do Islã e a sua expansão pelo continente africano. Segundo a professora, a introdução muçulmana se deu da Península Arábica em direção a África de forma tolerante a outras crenças já existentes, o que resultou na sua expansão por todo o continente e na internalização de seus princípios pelas comunidades locais, tanto através de escritos como pela oralidade.

Ao ser questionada sobre as divisões do islamismo, Patrícia respondeu que “apesar de haverem várias subdivisões, as principais vertentes do islamismo são o sunismo e o xiismo. Essa separação se iniciou por divergências de opiniões: os primeiros, seguidores da sunna, escrita pelo próprio profeta, acreditam que os líderes comunitários devem ser escolhidos pela própria comunidade, enquanto os segundos acreditam que a liderança pertence aos descendentes de Maomé”. Ela ressaltou ainda que os islâmicos da África são majoritariamente sunitas.

No segundo dia, a professora tratou dos movimento anti-coloniais na África, em especial na Argélia, com a exibição de trechos do filme “A Batalha de Argel”, do diretor italiano Gillo Pontecorvo, abordando o movimento pelo fim da colonização francesa na Argelia sob o ponto de vista dos argelinos. Segundo Patrícia, a jihad, com significado correspondente ao de “empenho” em português, teve para os islâmicos uma importante função nesses movimentos, no sentido de ser um esforço de civis a fim de proteger uma comunidade ameaçada de desaparecer, mas que atos como os de homens-bombas são considerados heréticos por grande parte dos muçulmanos.

Ao fim do workshop, no dia 4, aconteceu ainda o lançamento do livro de Patrícia, “Fé, guerra e escravidão: uma história da conquista colonial do Sudão (1881-1898)”.