Verônica Pimenta é aluna do curso de Licenciatura em Dança, da Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, atualmente cursando Estudos Artísticos na Universidade de Coimbra (UC), Portugal e está entre os 3% melhores alunos da instituição. Ela é participante do PLI, Programa de Licenciaturas Internacionais, que tem como objetivo selecionar projetos de parceria universitária entre cursos de Licenciatura brasileiros e Universidades portuguesas parceiras, visando à realização de graduação sanduíche, com dupla diplomação.

Conheça um pouco da trajetória e história da aluna no Programa e na Universidade de Coimbra (UC). Acompanhe a entrevista:

                                                                                          

Por que você se interessou em participar do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI)?

O PLI é interessante por um conjunto de fatores. Primeiramente, o programa oferece todo o suporte para a dedicação exclusiva aos estudos. Isto muda tudo, pois muitos PLIs são estudantes e trabalhadores no Brasil. Me interessei também porque havia a oportunidade de dupla titulação, isto é, diploma de ambas as universidades. Isto me pareceu muito mais interessante do que um programa de intercâmbio convencional e de curta duração. Entretanto, a característica mais especial do PLI é fazer parte de um conjunto de estratégias para democratizar a universidade brasileira. O edital n° 2 do programa valorizou os alunos vindos da escola pública, conjuntamente com o seu mérito acadêmico. Acho que esta lógica é inversa ao debate tradicional sobre o mérito. Sabemos que o sucesso na escola depende sim do indivíduo, mas também de uma certa “bagagem” relacionada com as condições de vida, como diria Pierre Bourdieu. Então, eu avalio que participo de um programa de qualificação de futuros professores, mas também de uma ação para democratizar certas oportunidades que o mundo acadêmico exige dos seus alunos e nem todos podem corresponder.

Você está entre os 3% melhores alunos da Universidade de Coimbra. Além do mérito acadêmico, há outros critérios adotados pela instituição?

O único critério é o acadêmico, conforme edital público (você pode conferir as regras no site da UC). As médias são calculadas com base nas notas tiradas nas disciplinas, por sua vez ponderadas de acordo com os créditos (ECTS) correspondentes a cada matéria cursada.

Destaque algumas semelhanças e diferenças entre o seu curso na UFMG e na UC.

A UFMG tem uma Escola de Belas Artes, ao passo que a UC tem um curso de Estudos Artísticos, situado numa Faculdade de Letras. A matriz curricular é bastante diferente, embora as Artes e as Humanidades estejam em diálogo. Ciente de que estou em processo de dupla titulação, busquei criar uma relação suplementar entre os dois cursos. Há também algumas diferenças conceituais no modelo de ensino e eu, particularmente, vejo com bons olhos o modelo brasileiro. Apesar de precisarmos contornar algumas questões estruturais, nossa universidade é de fato pública, gratuita e de qualidade. No Brasil não pagamos taxas compulsórias de matrícula, temos ainda programas de extensão, iniciação científica e à docência, oferecidos aos alunos de Licenciatura.

Você está no final do seu intercâmbio na UC. Conte para nós alguma experiência que você ache enriquecedora para os alunos que se interessam em participar do PLI e/ou de outros Programas de internacionalização propiciados pela UFMG.

Penso que é importante o estudante se perguntar porque deseja sair do Brasil. Para mim, um programa de intercâmbio só faz sentido se não estabelecemos hierarquia entre a nossa cultura e a do outro. Em Coimbra, há estudantes e investigadores de muitas partes do mundo, e sua constante presença traz uma atmosfera interessante e plural para a universidade. Através do PLI, convivi diariamente com pessoas de diversas regiões do Brasil e vi o quanto preciso compreender mais a nossa cultura e nossa arte. Do ponto de vista pessoal, é uma ótima chance de amadurecimento e reflexão. Lidar com o adverso torna-se cotidiano quando estamos sozinhos e longe de casa. Por fim, um programa de internacionalização é uma oportunidade única para o estudante de arte ir a museus, sítios históricos e arqueológicos onde estão obras sempre abordadas nos programas de estudo. Basta escolher o lugar e a instituição que melhor se adapta ao seu projeto acadêmico.