Aconteceu dia 16 de outubro, às 14h, o Seminário em Ciência Política: O Mundo em 2020, promovido pela PPGCP e pela DRI/UFMG, com a participação do professor Dawisson Belém Lopes, diretor adjunto de Relações Internacionais, da professora Raquel Vaz Pinto, da Universidade Nova em Lisboa, Portugal e do professor Marcelo de Almeida Medeiros, da Universidade Federal de Pernambuco, com a proposta de tentar ler e interpretar o mundo que nos rodeia no atual contexto pandêmico.

Profa. Raquel Vaz abordou o tema da reconfiguração das potências dominantes no mundo, citando a crescente influência da China. Comentou sobre a ambiguidade de tons que a China tem adotado na relação diplomática mundial, pois apesar de ter uma retórica conciliadora em assuntos gerais, quando se trata de defender interesses nacionais, como dominação sobre Hong Kong, o tom fica mais agressivo. Lembrou que isso é um traço comum nas relações internacionais das grandes potências na defesa de interesses próprios, como tem feito os EUA ao longo do tempo em que tem exercido o seu papel de superpotência mundial. Acrescentou que apesar dessa crescente influência da China, o resultado prático não tem sido eficaz, haja vista a não adesão de países da Europa à tecnologia 5G da Huawei, pois a política e economia global chinesa esbarram na defesa de valores democráticos por parte da Europa Ocidental.

Prof. Marcelo de Almeida Medeiros se dedicou à América Latina e ao Mercosul, que vem sofrendo um processo de desintegração em relação às políticas comerciais adotadas. Outro fator é a postura de liberalismo adotado pelo Paraguai nas suas relações comerciais fazendo acordos por conta própria, e não se restringindo a negociações com o bloco. Apontou também o fator político-ideológico nas orientações políticas dos governos em exercício que tem gerado desentendimento, como no caso atual de Brasil e Argentina.

Em relação à União Europeia, professor Marcelo lembrou o processo de saída do Reino Unido e que ainda não se concretizou, mas há o risco de não haver acordo. Ressaltou uma situação peculiar e de impacto positivo na integração do bloco, que foi a solidariedade entre os estados membros, citando o pacote de ajuda de 750 bilhões de euros aos membros mais vulneráveis na crise gerada pelo COVID-19.

Professor Dawisson contextualizou a diplomacia do Brasil no atual governo, que segundo o professor, tem adotado uma postura pouco pragmática, em suas relações diplomáticas. Citou dados de comércio exterior que apontam a China como principal parceiro comercial do Brasil e os EUA como o segundo. Porém, o governo atual tem adotado uma posição de distanciamento em relação à China, mas de aproximação e de concordância com os EUA em Assembleias Gerais na ONU, sem precedentes na história diplomática do país, entre outras situações.

A palestra convergiu para um diagnóstico do contexto global em pleno processo de transformação, que foi catalisado pela pandemia do COVID-19. A rápida e crescente ascensão da China como potência, a relação da União Europeia com os EUA e a reconfiguração e desmembramento de blocos regionais, são fatores que poderão remodelar a configuração de poder no mundo pós COVID.

Para finalizar, o professor Dawisson mediou as perguntas e os comentários dos participantes que colaboraram com colocações e questionamentos para a discussão dos assuntos abordados.

Confira a palestra na íntegra no canal do Youtube da DRI.