Em evento sobre impactos da pandemia no ensino superior, UFMG reafirma compromisso com inclusão e qualidade

A preocupação com inclusão e com a qualidade de ensino marcou o I Fórum online Impactos da Pandemia no Ensino Superior, promovido nesta sexta-feira, como parte do projeto Integração Docente: Ações Formativas para as Práticas Pedagógicas, iniciativa da Prograd, Caed, GIZ e DTI.

Responsável pela abertura do evento, a reitora da UFMG, Sandra Goulart de Almeida, destacou a complexidade e a incertezas trazidas pelo momento de pandemia e a necessidade de pensar a retomada das atividades a partir do diálogo com toda a comunidade acadêmica. “Qualquer que seja a decisão da Universidade, nós sabemos que se dará por meio de etapas, em curto, médio e longo prazo, e da reflexão e da discussão com os vários setores da Universidade e da deliberação dos órgãos colegiados.”

A reitora reiterou a importância de que as ações sejam pautadas em valores como o respeito à autonomia universitária e às particularidades do contexto da instituição, uma das maiores do país. “Estar na educação superior, no nosso entender, é um direito, e a UFMG, ao longo dos anos, tem se comprometido muito com essa missão maior do direito à educação. A nossa comunidade mudou muito nos últimos anos, principalmente com a lei das Cotas. Hoje 54% dos nossos alunos vêm de escolas públicas, então nós temos uma responsabilidade muito grande com a qualidade do curso, da qual não abrimos mão, com equidade e a inclusão”, afirmou a professora, lembrando que o país também é marcado pela desigualdade digital.  A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) de 2018 aponta que 1 em cada 4 brasileiros não tem acesso à internet.

Retomada em debate

A pró-reitora de Graduação, Benigna de Oliveira, abordou as repercussões da pandemia sobre a graduação, cujas atividades presenciais, assim como as da pós-graduação e dos programas de  extensão, foram suspensas no dia 18 de março, em função das medidas adotadas para prevenir o avanço do coronavírus.

Ela apresentou as ações promovidas pela Prograd para planejar o retorno das aulas, incluindo a elaboração de uma ampla pesquisa para levantar dados sobre o acesso adequado a meios digitais e condições de estudo e consultas aos colegiados e aos núcleos estruturantes dos cursos para discutir questões como a oferta de disciplinas online. “O nosso projeto não é migrar totalmente para a educação a distância, é pensar em que momento podemos ter o melhor do ensino presencial, mas aproveitando o potencial das tecnologias de Informação e de Comunicação”, ressalva a pró-reitora.

A interlocução com departamentos e professores também inclui pontos como o aproveitamento de atividades realizadas durante o período de suspensão das aulas presenciais, a revisão do calendário  e eventuais escalonamentos e rodízios para os encontros presenciais, quando for recomendado pelas autoridades sanitárias e pelo Comitê Permanente para Enfrentamento ao Coronavírus.

Gestão democrática em tempos de crise

Carlos Jamil Cury, professor emérito da FaE e da PUC-MG, analisou o princípio da gestão democrática do ensino público, incluso no art. 205 da Constituição de 1988, e como tem sido efetivado pela Universidade, desde a promulgação da Carta até agora.

“A gestão democrática é voltada para o processo de decisão cuja base é a deliberação, a autoridade compartilhada. Mais do que nunca esse princípio transparece na UFMG e dá visibilidade à coparticipação que se expressa em inúmeras iniciativas que têm sido tomadas, como as citadas pela professora Benign; uma gestão que faz brotar o novo e dá visibilidade aos seus atos.

Professor da filosofia da educação da FaE/UFMG, Bernardo Jefferson de Oliveira abordou as dificuldades que têm afetado o ensino superior, como movimentos que negam a ciência, como o terraplanismo e a destruição de marcos legais de proteção à saúde, educação e meio ambiente, machismo e racismo estrutural. “Os desafios não são novos, mas foram exacerbados nos últimos meses e se tornaram ainda mais urgentes com a pandemia e com o contexto social. O que é novo é  o encontro entre a pandemia e o pandemônio que enfrentamos.”

Para o docente, a crise, no entanto, pode ser uma oportunidade para repensar práticas pedagógicas e no projeto de educação almejado. “Os professores sempre estiveram interessados nessas tecnologias, mas não se dedicavam a isso por falta de tempo e pelas outras tarefas, mas agora estamos aprendendo e, inclusive, descobrindo os limites desses recursos, como os ambientes virtuais”, explica.

Encerrando o fórum, a mediadora e presidente do Comitê Permanente para Enfrentamento ao Coronavírus, Cristina Alvim, adiantou que novos eventos serão realizados a fim de manter o diálogo e pediu união à comunidade acadêmica . “Com muito respeito às muitas diferenças, quero destacar a importância de estarmos unidos e conscientes da nossa responsabilidade de sermos todos nós UFMG.”

Começo promissor

Para Eliane Palhares, diretora de EaD da UFMG, o evento foi positivo, especialmente por ter atraído o público de diversos setores da Universidade. “Acompanhando chat durante a transmissão, deu para perceber a participação de alunos, servidores, professores e isso enriquece o debate.”

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Ações integradas 

Proposto pela Universidade no contexto da pandemia, o projeto Integração Docente: Ações Formativas para as Práticas Pedagógicas, pela qual foi promovido o fórum, tem o objetivo de oferecer capacitações e prestar auxílio aos professores da UFMG, no desenvolvimento de atividades virtuais, com o uso de tecnologias de comunicação.

A iniciativa, uma parceria entre a Prograd, GIZ, Caed e DTI, disponibilizará oficinas, cursos de curta duração, webinars e material de apoio. Todas as informações sobre as atividades estarão reunidas no site lançado na primeira quinzena de junho.

Imagem: Raphaella Dias