Ações virtuais dos museus e seus públicos – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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Ações virtuais dos museus e seus públicos

17 de maio de 2022

 

A discussão referente à inserção dos museus no ambiente virtual teve início nos anos 1990, momento em que se observaram as primeiras experiências de atuação dessas instituições em plataformas digitais e na internet. Nesse contexto, surgiram as discussões sobre museus digitais, webmuseus, cibermuseu e museus virtuais. Embora guardem aproximações, esses conceitos abordam características específicas das configurações dos museus. Mas, ainda hoje, a inserção dos museus no ambiente digital é permeada por desafios, como a escassez de recursos financeiros dessas instituições, dificuldades de acesso à internet pelo público, entre outros. 

 

Em 2020, a pandemia de COVID-19 e a necessidade de distanciamento social acarretaram na suspensão de diversas atividades presenciais, entre elas as visitas a museus e espaços culturais. Essa situação ocasionou uma maior inserção desses espaços no ambiente virtual. Entre as estratégias encontradas pelos museus para manter a relação com o público estiveram a produção de conteúdos, tais como podcasts, vídeos, textos de divulgação, lives e visitas virtuais, e postagens de conteúdos sobre os acervos nas redes sociais.

 

Identidade visual do Espaço Virtual 

 

Nos anos de 2020 e 2021, o Espaço do Conhecimento UFMG desenvolveu diversas atividades que foram reunidas no Espaço Virtual: oficinas educativas virtuais e produção de vídeos; o Espaço Literário; a elaboração de dois podcasts: o Pílulas do Conhecimento e o Conhecicast; uma visita virtual à mostra Mundos Indígenas; bem como lives de astronomia, no projeto Descobrindo o Céu. Além disso, o museu contou, em sua programação, com oficinas e vídeos acessíveis no Sábado com Libras Virtual, com ações voltadas para professores e educadores , com a Mostra Universidade e Cidade e com a exposição virtual Sertão Mundo, além de diversas outras ações para as redes sociais e textos publicados no Blog do Espaço

 

Registro da oficina virtual “Pequenos invasores: ao ataque!”, ocorrida em 16 de outubro de 2021

 

Uma ação importante dos espaços museológicos são os estudos de público, que permitem entender quem são as pessoas visitantes e como elas percebem as exposições, atividades e conteúdos. Essa compreensão auxilia na elaboração e no aprimoramento dos trabalhos dessas instituições, bem como nas estratégias para alcançar os “não públicos”. 

 

Desde 2017, o Espaço do Conhecimento UFMG realiza estudos do seu público, tanto o que visita o museu espontaneamente, quanto aquele que agenda visitas em grupo. Em 2021, foi realizada uma pesquisa junto ao público das ações virtuais do museu, com o objetivo de entender melhor seu perfil e suas interações com nossos conteúdos digitais, especialmente no momento da pandemia¹. A metodologia para a coleta dos dados foi a aplicação de um questionário virtual, com questões sobre idade, gênero, local de residência, escolaridade, atividades virtuais do museu do qual o respondente participou, suporte utilizados para acessar os conteúdos e oficinas, hábitos culturais antes da pandemia, dentre outras.

 

Identidade visual da chamada para a pesquisa de público 

 

O questionário foi divulgado no site do Espaço do Conhecimento UFMG, nas redes sociais e durante os eventos e oficinas online. O formulário online ficou disponível entre outubro de 2021 e janeiro de 2022, e  obteve 174 respostas². Aproximadamente 60% dos respondentes residiam na cidade de Belo Horizonte, 20%, em outras cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), 10% em outras cidades mineiras, e 8,6% declararam morar em outro estado do Brasil.  

 

Na pesquisa realizada em 2017 com o público presencial do museu, observou-se que mais de 50% dos respondentes já tinham cursado ou estavam cursando o ensino superior. Em 2021, considerando o público das atividades virtuais, esse percentual se manteve. Esses dados contrastam com os da população como um todo. Segundo o IBGE, 74% dos brasileiros de 25 anos ou mais de idade não possuíam o ensino médio completo em 2019. No que diz respeito à renda familiar, para 38% do público virtual do Espaço, esta era superior a 5 salários mínimos. Esses dados sugerem que, apesar da internet potencializar o acesso às ações museológicas, ele ainda se restringe a uma parcela específica da população, de mais alta renda e escolaridade, o que constitui um grande desafio para os museus.

 

22,8% dos respondentes não conheciam o Espaço antes da pandemia e 15,4% conheciam, mas não acompanhavam as atividades presenciais, passando a participar das atividades durante a pandemia. Esse achado aponta o grande alcance das ações virtuais do museu no período do distanciamento social. Outro dado interessante é que 74,3% do público utilizava o Instagram como principal meio para acessar as informações referentes às atividades do museu. Isso demonstra a apropriação das redes sociais como uma das principais fontes de  informações sobre eventos e atividades culturais. Em relação ao dispositivo utilizado para interagir com os conteúdos elaborados pelo museu, o aparelho celular ficou em primeiro lugar, seguido do notebook e computador desktop. 

 

Gráfico – Dispositivo utilizado para acessar os conteúdos do Espaço do Conhecimento UFMG. Fonte: Elaboração própria.

 

O Espaço do Conhecimento UFMG retomou suas atividades presenciais em dezembro de 2021, mas, com o avanço das ações virtuais, as atividades retornaram de forma diferente. Há uma tendência à permanência dos museus na internet, em função dos conhecimentos adquiridos durante a pandemia e das interações que as redes possibilitam. Nesse sentido, o museu agora se desdobra para atender tanto o público presencial quanto o virtual.

 

O relatório completo do estudo de público das ações virtuais do museu será divulgado em breve no site do Espaço do Conhecimento UFMG. Mas, caso você tenha ficado interessado em saber um pouco mais sobre o público que frequenta o museu, é possível acessar o relatório da pesquisa realizada em 2017 aqui. Para conhecer mais sobre as ações e os alcances das atividades realizadas virtualmente pelo Espaço do Conhecimento UFMG, acesse abaixo o vídeo Nunca Paramos!

 

 

[Texto de autoria de Bia Souza Pimentel³, Wellington Luiz Silva⁴ e Sibelle Cornélio Diniz⁵

 

[1]  Projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG.

[2] O tamanho da amostra foi calculado com base em informações dos visitantes obtidas fornecidas pelas redes sociais do Espaço. Considerando os valores de 93% de confiança e 5% de erro, foi estabelecido o número de questionários a serem aplicados igual a 171.

[3] Bia Souza Pimentel, estudante do curso de graduação em Museologia e bolsista de iniciação científica do Núcleo de Ações Educativas, Acessibilidade e Estudos de Público do Espaço do Conhecimento UFMG;

[4] Wellington Luiz Silva, assessor do Núcleo de Ações Educativas, Acessibilidade e Estudos de Público do Espaço do Conhecimento UFMG

[5] Sibelle Cornélio Diniz, diretora científico-cultural do Espaço do Conhecimento UFMG e coordenadora do Núcleo de Ações Educativas, Acessibilidade e Estudos de Público do Espaço do Conhecimento UFMG]

 

Referências:

ALMEIDA, Adriana et al. Como podemos conhecer a prática da educação museal no Brasil em tempos de pandemia de Covid-19? Relato de uma pesquisa colaborativa. Museologia e Patrimônio, Vol. 14, No 2 , p. 226-243. Disponível em: http://revistamuseologiaepatrimonio.mast.br/index.php/ppgpmus/article/view/852. Acesso em 15 de maio, 2022.

BAUER, Jonei Eger, Sohn, Ana Paula Lisboa e Oliveira, Bruno Santucci de TURISMO CULTURAL: UM ESTUDO SOBRE MUSEUS E INTERNET. Turismo: Visão e Ação [online]. 2019, v. 21, n. 3, pp. 291-308. 2019. Disponível em:

<https://doi.org/10.14210/rtva.v21n3.p291-308>.  Acesso em 15 de maio, 2022.

FREITAS, Thatyana et al . Museus de ciências em tempos de pandemia: uma análise no Instagram do museu da vida. Revista Práxis, v. 12, n. 1 (Sup.), p. 149- 159, dez.  2020. Disponível em: https://revistas.unifoa.edu.br/praxis/article/view/3483 .   Acesso em 15 de maio, 2022.

GUIMARÃES, Alice Demattos. DINIZ, Sibelle Cornélio. Equipamentos culturais, hábitos e território: um estudo de caso do Espaço do Conhecimento UFMG. URBE, Revista Brasileira de Gestão Urbana, Paraná, v.11,  p. 1-16, maio, 2019. Disponível em: <10.1590/2175-3369.011.e20180093>.  Acesso em 15 de maio, 2022.

MARTINS, Luciana C.; et al. Que público é esse? Formação de públicos de museus e centros culturais. São Paulo: Percebe, 2013. Disponível em: https://www.percebeeduca.com.br/files/uploads/downloads/download_4.pdf.   Acesso em 15 de maio, 2022.

SILVA, André. Pandemia, museu e virtualidade: a experiência museológica no “novo normal” e a ressignificação museal no ambiente virtual. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material [online]. 2021, v. 29 p. 01-27 Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-02672021v29e54>   Acesso em 15 de maio, 2022.

Espaço do Conhecimento UFMG. Pesquisa de Público 2017. Disponível em <https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/wp-content/uploads/2018/01/Pesquisa-de-P%C3%BAblico-2017-2.pdf>. Acesso em: 9 de maio, 2022.

IBGE. Conheça o Brasil – Educação. IBGE, s/d. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html>. Acesso em: 10 de maio, 2022.