Como funciona uma base científica na Antártica?
02 de agosto de 2022
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Com uma superfície de 14 milhões de quilômetros quadrados, a Antártica é o quarto maior continente do planeta. Ela se localiza no Polo Sul e, por isso, é um dos lugares mais gelados do globo. 29 países possuem bases científicas na Antártica para diversos fins. Vamos conhecer um pouco mais sobre elas? Para isso, é preciso saber um pouco mais sobre a história do continente.
Os primeiros a ocuparem os territórios antárticos foram os ingleses, no século XIX. Em 1959, doze países assinaram o Tratado da Antártica, que estabelecia que o continente seria utilizado pacificamente para fins de exploração científica, em regime de cooperação internacional. O Brasil aderiu ao Tratado em 1975 e, em 1984, inaugurou a Estação Científica Comandante Ferraz.
Tratado da Antártica. Entre o Chile e a Nova Zelândia está uma parte não reivindicada. (Fonte: Discovering Antarctica UK)
A Antártica é um laboratório fundamental pois, a princípio, é o continente mais frio. As temperaturas podem chegar a -65ºC, sendo que o recorde é de -89ºC. O local oferece oportunidade para o estudo do gelo, da neve, dos animais selvagens, dos efeitos do frio no corpo humano, assim como estudos astronômicos especiais.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, há pesquisas sendo desenvolvidas que trarão benefícios para as áreas da medicina, com a formulação de medicamentos; da agricultura, no desenvolvimento de novos pesticidas e herbicidas; e da indústria, na fabricação de produtos como anticongelantes e protetores solares.
O clima na América do Sul é fortemente influenciado pela Antártica. Por isso, há pesquisas sendo feitas para investigar as mudanças climáticas e o equilíbrio do ecossistema. Segundo o Ministério da Ciência, essas pesquisas são fundamentais para prever cenários futuros de mudança climática no Brasil.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também mantém um laboratório no continente dedicado ao estudo de microrganismos. A intenção com o projeto é identificar potenciais riscos de infecção.
Uma pesquisa coordenada pela UFMG, com a participação dos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Espanha, Chile e Argentina, já escaneou 70% dos sítios arqueológicos da Antártica e o material, em 3D, está disponível na internet a estudiosos de todo o mundo. Mas, este ano, a continuidade dos estudos foi cortada.
O estudo está ajudando a reescrever a história do continente gelado. A equipe do professor da UFMG Andrés Zarankin tenta provar que o homem chegou à Antártica muito antes das expedições de europeus no século XIX e início do século XX.
Segundo o pesquisador, a UFMG tem hoje a maior coleção de objetos arqueológicos antárticos do mundo no laboratório do Departamento de Arqueologia.
A pesquisa, no entanto, foi cortada do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) em 2020. Os cortes sistemáticos de bolsas como a do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) fizeram com que o investimento caísse para um décimo do que era originalmente, de acordo com o professor em entrevista para o G1.
Confira a matéria produzida pela TV UFMG e saiba mais!
[Texto de autoria de Ronan Resende, estudante de jornalismo e bolsista do Núcleo de Comunicação e Design]
Para saber mais:
A importância das estações de pesquisa espalhadas pela Antártica