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A Tecnologia nos Esportes

 

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 – realizados em 2021 por conta da pandemia – acabaram neste domingo, 08, com o Brasil batendo o próprio recorde de medalhas em uma única edição. Foram 21 medalhas (superando as 19 do Rio 2016), sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze. Nas Olimpíadas, e em alguns outros eventos, é possível perceber a utilização de variadas tecnologias e suas evoluções no esporte, tanto para melhorar o rendimento dos atletas, quanto para promover justiça nas partidas. Você já parou para pensar sobre isso?

 

No atletismo, observamos o uso de diferentes tecnologias para melhorar o alto rendimento. Inicialmente, a modalidade foi criada para “medir as habilidades naturais do homem, como correr, saltar e arremessar” (GUIMARÃES, 2013). Entretanto, recentemente, vimos quebras de recordes costumeiras nas mais diversas provas do atletismo, devido às evoluções tecnológicas, como a mudança nas sapatilhas, que fazem com que os atletas sejam cada vez mais rápidos nas provas.

 

A aprovação dessas novas sapatilhas, com tecnologia de cravos que ajudam no contato com o solo, causou incômodo em diversos ex-atletas, sendo um deles o maior da história, Usain Bolt. Recordista dos 100m e 200m rasos, o jamaicano disse não acreditar nas mudanças. “Estamos realmente ajustando os cravos a um nível em que agora está dando aos atletas a vantagem de correr ainda mais rápido”, disse.

 

Na prova de 400m com barreira nas Olimpíadas Tóquio-2020, os três medalhistas bateram o recorde mundial que vinha desde 1992, em Barcelona. Foto: Giuseppe Cacace / AFP.

 

Além das sapatilhas, tênis e chuteiras mais leves, varas (do salto com vara) que dobram mais e aumentam a altura do salto, bolas (de diversas modalidades) melhores, roupas. Tudo isso ajudou os atletas a melhorarem sua performance nos esportes. Um caso que ganhou destaque no mundo esportivo foi o dos “supermaiôs”, desenvolvidos para os profissionais da natação. Os trajes surgiram no ano de 2008, quando uma marca de acessórios esportivos da Austrália lançou uma roupa feita a partir do material poliuretano, simulando a pele do tubarão. O traje auxiliava o fluxo de oxigênio no corpo dos atletas, que também ganhavam uma nova posição hidrodinâmica e uma velocidade incrível dentro da água.

 

Entre 2008 e 2009, quando os supermaiôs foram utilizados nas competições esportivas da modalidade (inclusive durante as olimpíadas de Pequim), mais de 200 recordes mundiais foram batidos, alguns deles superados no intervalo de dias. O próprio Michael Phelps fez uso da tecnologia, e registrou 8 recordes mundiais em um desses trajes.

 

Phelps utilizou traje feito de poliuretano durante as Olimpíadas de Pequim, em 2008. Créditos: Speedo

 

A polêmica sobre a utilização do material foi tanta que em 2010 a Fina, Federação Internacional de Natação, proibiu os supermaiôs, e criou regra específicas para os trajes dos nadadores: atualmente, as roupas aquáticas devem ser desenvolvidas com material têxtil e não mais a partir do poliuretano. Os maiôs também têm que cobrir uma área menor do corpo, podendo ir dos ombros até os joelhos, para as mulheres, e apenas uma bermuda até os joelhos, no caso dos homens.

 

Com tantas controvérsias acerca do assunto, podemos perceber que a utilização da tecnologia para aumentar o rendimento dos atletas ainda é uma discussão em aberto, que gera polêmicas até mesmo dentre as grandes autoridades do esporte. Talvez a questão não seja bater o martelo em se é certo ou errado, mas sim em encontrar a medida ideal para que elas contribuam com o desenvolvimento do esporte de forma acessível a todos.

 

Justiça

Mas não só para melhorar a performance dos atletas que a tecnologia é utilizada no esporte. Muitas vezes, principalmente no futebol, nós vemos aquele quadrado sendo “desenhado” no ar. O símbolo universal para o árbitro de vídeo já existia no tênis, no vôlei e até no judô, apesar de ter sido popularizado no futebol. Este “árbitro de vídeo” existe por um único motivo: promover a justiça.

 

Com a revisão, o árbitro tem uma nova chance de ver o lance e decidir o que marcar. Foto: Reprodução / Internet

 

Bola dentro ou bola fora, pênalti ou não. As inúmeras utilidades do VAR foram mostradas nas Olimpíadas esse ano. O replay instantâneo sendo usado nos esportes permite placares mais justos. Quantas vezes não ocorreram lances em que nós achávamos que uma bola tinha sido dentro, o juiz computava como dentro, mas na realidade, ela foi fora?  Com o auxílio da tecnologia, isso deixa de ser um problema.

 

Hawk-Eye

A tecnologia Hawk-Eye é parte da composição que chama atenção. Ela é composta por câmeras nos fundos e nas laterais da quadra que acompanham o curso da bola. O sistema, sem interferência humana, calcula, segundo operações matemáticas preestabelecidas, a trajetória do objeto. Em segundo, dá a resposta se a bola foi fora, se entrou no gol ou se tocou na linha.

 

Ao olho nu, lances como esses são muito difíceis de acertar. Com o desafio, foi possível assinalar o correto. Créditos: Volleyball TV

 

Além disso, as diversas câmeras podem apontar outras irregularidades. Um pênalti não marcado, um toque da bola no bloqueio ou um golpe de judô que não havia sido constatado pelo árbitro principal, mas que o árbitro de vídeo verificou. Com as tecnologias sendo bem operadas, os 4 anos de preparação do atleta não são prejudicados por um erro. Claro que nós humanos, mesmo olhando uma câmera, vamos falhar, mas reduzir a chance de erro é crucial para os atletas e para o esporte.

 

[Texto de autoria de Thiago Peruch, estagiário de som do Núcleo de Comunicação e Design]

 

Para saber mais:

Olimpíadas: Evolução de sapatilhas dá esperança de quebra de recorde ‘imbatível’ nos 100m feminino

Foco nos pés: a guerra tecnológica dos calçados chega às Olimpíadas

Evidências tecnológicas no universo do atletismo: uma análise dos materiais e equipamentos esportivos

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