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Ailton Krenak visita o Espaço do Conhecimento UFMG

O líder indígena, recentemente eleito ‘imortal’ pela Academia Brasileira de Letras, é um dos mestres que guiam a renovação da exposição “demasiado humano”, inaugurada em 2010 no museu 

 

14 de agosto de 2024

 

Na manhã do dia 03 de agosto (sábado), o Espaço do Conhecimento UFMG recebeu o líder indígena, filósofo e escritor Ailton Krenak. Durante a visita, o pensador se reuniu com a equipe do museu para conhecer de perto as transformações na exposição “demasiado humano”, que está incorporando em suas instalações atualizações de conteúdo e perspectivas contracoloniais. A sabedoria ancestral de Krenak, que se entrelaça à do também mestre, lavrador, poeta e quilombola Antônio Bispo dos Santos, Nego Bispo (in memoriam), cuja presença ilustre o museu recebeu em maio de 2023, perpassa a mostra acionando importantes reverberações. Ambos os encontros foram marcos importantes no processo de renovação da exposição que agora considera aspectos das culturas afro-indígenas, além de sua confluência – temas amplamente discutidos pelos dois pensadores. 

 

Ao explorar as instalações em montagem, o líder indígena destacou uma visão de mundo baseada na expressão “Shuku shukuwe” da língua Kaxinawá (Huni Kuĩ),  que traduz a ideia de um ciclo contínuo que diz que ‘a vida é sempre’. “É começo-meio-começo… começo-meio-começo. É assim que os Kaxinawá entendem a experiência da vida. Pensei: nossa, que coisa boa. O Nego Bispo conseguiu expressar essa poética e dar nome para ela. Mais uma confluência afro-indígena”, enfatizou o mestre.

 

Krenak também abordou outro objetivo do processo de renovação da exposição, caracterizado pela importância de superar uma divisão imposta entre o ser humano e a natureza, destacando a necessidade de nos reconectarmos com a Terra, como um ato de amor e respeito ao corpo e ao ambiente natural. “A natureza é uma invenção da nossa cabeça, resultado de uma discordância e de uma falta de amor ao nosso corpo. Porque se esse amor estiver vivo, a gente sonha a terra, mergulha na lama e vai buscar o lençol freático, onde a água é limpa”, afirmou Krenak.

 

EXPOSIÇÃO DEMASIADO HUMANO

Exibição principal do museu, “demasiado humano” trata da aventura do conhecimento, abordando a origem da vida, a evolução e a trajetória humana na Terra. Atualmente dividida em quatro módulos – O Aleph, Pensar as Origens, Modos de Existir e Sonhar a Terra – a exposição convida os visitantes a compreender a ciência e a cultura como processos vivos, marcados por dúvidas, incertezas e descobertas contínuas. Essa narrativa, imbuída de ideais contracoloniais, desafia as fronteiras tradicionais do conhecimento, confluindo saberes ancestrais e contemporâneos em uma experiência enriquecedora e transformadora.

 

A nova versão da exposição de longa duração “demasiado humano” reflete o compromisso da UFMG com a valorização e a inclusão das múltiplas perspectivas culturais, mas também com a criação de espaços que incentivem o diálogo, a reflexão crítica e o reconhecimento da sabedoria ancestral. 

 

Durante os últimos meses, a equipe do museu dedicou-se ao diagnóstico, pesquisa e implementação de alterações nas instalações da exposição, localizadas no terceiro e quarto andar do prédio. Nesta primeira etapa, foram realizadas mudanças no quarto andar, trazendo atualizações de dados e conceitos nas instalações “Extratos do Tempo”, “Paisagens Geológicas” e “Pangeia”. Agora, o terceiro andar do prédio ganha uma nova configuração, onde os visitantes poderão explorar as instalações “Por um Memorial da Confluência Afro-Indígena”, “Cosmologias”, “Poema-rio” e “Mundos (Des-envolvidos e Envolvidos)”.

 

A exposição, já aberta ao público, possui visitação gratuita de terça a domingo, das 10h às 17h, e aos sábados, das 10h às 21h. Em 2025, novas instalações serão incorporadas à exposição, aprofundando as discussões e ampliando a compreensão do que é ser demasiado humano.

 


 

O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Liberdade, o museu é fruto da parceria entre a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço integra a Pró-reitoria de Cultura (Procult) da Universidade e conta com o apoio da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade (FRMFA) e da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) no desenvolvimento de seus projetos. É amparado pelas Leis Federal, Estadual e Municipal de Incentivo à Cultura e conta com patrocínio do Instituto Unimed-BH e da Cemig.