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O homem de Lagoa Santa

 

Bem perto de Belo Horizonte, na região de Lagoa Santa (Minas Gerais), existem heranças surpreendentes de um mundo muito antigo. Heranças estas que devemos preservar e sobre as quais ainda temos muito a aprender.

 

Em 1835, o cientista dinamarquês Peter Lund, considerado o pai da Paleontologia brasileira, instalou-se em Lagoa Santa, colocando a pequena cidadezinha no mapa da ciência. Lund, ao lado de estudiosos da Botânica e da Zoologia, explorou mais de duzentas grutas, onde descobriram cerca de dez mil fósseis e um importante tesouro: um cemitério com trinta esqueletos humanos. Ele também encontrou ossos de mamíferos da chamada Megafauna. Eram grandes mamíferos, como os gliptodontes (tatus de cerca de um metro de altura), as macrauquênias (herbívoros semelhantes a lhamas com trombas) e as famosas preguiças gigantes, que chegavam a ter até seis metros de altura!

 

Foto: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/dna-antigo-conta-nova-historia-sobre-o-povo-de-luzia

 

O Homem de Lagoa Santa

O “Homem de Lagoa Santa”, como foi batizado o conjunto de fósseis humanos, contribuiu muito com a pesquisa arqueológica brasileira e ajudou a reconstruir um importante período da nossa pré-história. Os pesquisadores acreditam que esses humanos possam ter sido contemporâneos dos animais da Megafauna, que, durante muito tempo, estudiosos como Lund acreditavam já estarem extintos quando surgiram as grandes populações humanas. 

 

Foto: Sydney Picasso
[Documentação da Missão Arqueológica Francesa de Lagoa Santa]
Crânio do acervo do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG

 

A teoria de Lund, porém, só chegou a ser confirmada muito tempo depois, em 2002, com base em análises das ossadas. Isso porque, na época em que foi realizada a escavação, não se utilizava o método do carbono-14 para datações. Essa técnica permite determinar a idade de sedimentos fósseis de forma mais precisa, desde que eles contenham átomos de carbono em sua composição.

 

 

Antes desse método de datação, a idade dos ossos era baseada na suposta fossilização e nos aspectos geológicos e geomorfológicos da região. Analisando a morfologia craniana do “Homem de Lagoa Santa”, Lund considerou-a “primitiva”, pensando ser um tipo de crânio com arcos superciliares. O famoso conjunto está entre os esqueletos humanos mais antigos até hoje descobertos no continente americano. 

 

Luzia

Atualmente, a mais antiga e famosa descoberta fóssil da América do Sul é conhecida como Luzia, também localizada em Lagoa Santa, na década de 1970. O esqueleto, descrito pela equipe do arqueólogo Walter Neves, fortaleceu a hipótese de que o continente tenha sido ocupado por diversas correntes migratórias. De acordo com esta hipótese, o grupo de Luzia teria habitado o sul da China e o sudeste da Ásia e migrado para a América e para a Oceania. 

 

 

Museu Arqueológico da Lapinha

Gostou de saber que bem pertinho de Belo Horizonte existem muitos registros importantes sobre o nosso passado? Que tal conhecer mais um pouco desse passado e descobrir ainda mais vestígios?

 

A cidade de Lagoa Santa fica 50 km ao norte de Belo Horizonte, a cerca de uma hora da capital, e possui um museu aberto para visitação, o Museu Arqueológico da Lapinha. Ele oferece aos visitantes conhecimentos sobre paleontologia e arqueologia, além de pesquisas sobre as escavações de Lund. O museu reúne uma coleção de artefatos, ossadas de animais, crânios e outros ossos humanos, além de uma série de objetos dos homens pré-históricos e de cerâmicas indígenas.

 

Para saber mais:

 

[Texto de autoria de Priscila Gabriele Martins Silva, mediadora do Núcleo de Ações Educativas e Acessibilidade]

 

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