A exposição Desconstrução do esquecimento: golpe, anistia e justiça de transição recebe visitantes até 31 de agosto. A mostra integra a programação do 49º Festival de Inverno da UFMG e relembra momentos da história do país. Com o tema Criação e resistência: poéticas da transformação, a edição deste ano do Festival estabelece a ação artística como processo e ação de resistência política.

Concebida no âmbito do projeto Memorial da Anistia do Brasil e estruturada em três eixos – golpe, anistia e justiça de transição –, a mostra foi montada em cinco salas da galeria Aretuza Moura, do Centro Cultural UFMG, localizado no centro da capital mineira, e reúne obras inéditas de oito artistas. Outros subtemas também integram a exposição, entre eles as estruturas de repressão, o desrespeito aos direitos indígenas, a articulação das mulheres na luta pela anistia e as políticas de reparação.

Para uma das coordenadoras da exposição, a socióloga Silvana Coser, a mostra tem o objetivo de resgatar a história de um dos momentos mais difíceis do país. “A ditadura é uma história ainda pouco conhecida pelos mais jovens, que não viveram o Golpe de 64. As pessoas precisam saber como foi aquele período para conhecer os riscos que a interrupção do processo democrático pode trazer”, diz.

Ela acrescenta que a exposição permite que os visitantes reflitam sobre o presente político brasileiro, uma vez que podem ser observadas semelhanças entre o que ocorreu naquela época e o atual momento do país. “A exposição é uma maneira de prevenir, precisamos conhecer o passado para que ele não se repita. Enquanto montávamos a mostra, o Brasil iniciou um processo de perda de direitos de seus cidadãos e que traz retrocessos ao povo. Esse momento tem semelhanças com o que vivemos em 1964, então precisamos estar atentos.”

Foto: Cyro Almeida / Divulgação

Parceria acadêmica
O material para a exposição Desconstrução do esquecimento: golpe, anistia e justiça de transição é fruto de pesquisa do Projeto República, núcleo de pesquisa, documentação e memória vinculado à Fafich, e do Centro de Estudos sobre Justiça de Transição (CJT), da Faculdade de Direito. Os grupos se basearam no mapa curatorial da exposição de longa duração do Memorial da Anistia Política do Brasil.

Oito artistas convidados de diferentes áreas das artes criaram obras inéditas para a mostra, que integrarão o acervo do Memorial da Anistia Política do Brasil e serão apresentadas com exclusividade na mostra Sentimentos, na sala Celso Renato, no segundo pavimento do Centro Cultural UFMG: Clébio Maduro, Eder Santos, Eustáquio Neves, Jorge dos Anjos, Marco Túlio Resende, Mário Zavagli, Maurício Gino e Shirley Paes Leme.

Produzida pelo curador da exposição, professor Fabrício Fernandino, a escultura Projeções da memória homenageia os quatro estudantes da UFMG mortos pela ditadura militar – Gildo Macedo Lacerda, Idalísio Soares Aranha Filho, José Carlos Novaes Mata Machado e Walquíria Afonso Costa – e pode ser vista no pátio interno do Centro Cultural.

Abaixo, é possível ouvir a entrevista que o curador Fabrício Fernandino ofereceu à Rádio UFMG Educativa sobre a exposição:

Confira também o vídeo produzido pela TV UFMG sobre a mostra:

Exposição: Desconstrução do esquecimento: golpe, anistia e justiça de transição
Aberta até 31 de agosto de 2017 no Centro Cultural UFMG, que fica na Avenida Santos Dumont, 174, Centro, Belo Horizonte.
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 13h.
O 49º Festival de Inverno da UFMG ocorre entre 28 de julho e 5 de agosto. A programação do evento está disponível on-line.

(Inicialmente, esta notícia dava conta de que a exposição ficaria em cartaz até 31 de julho. Posteriormente, a duração foi estendida por mais um mês.)