Um grande volume de trabalho, desenvolvido em poucos meses, com zelo, empatia e qualidade, e com muitos desafios pela frente. Essa é a avaliação do ensino remoto emergencial na UFMG feita pelos participantes do 12º fórum online promovido pelo programa Integração Docente, na sexta-feira, 30, pelo canal do Caed no YouTube, onde está gravado.

O evento, que encerra as ações do programa no semestre, discutiu as experiências de monitoramento do modo de ensino adotado pela Universidade em função da pandemia de Covid-19, apresentando as ações da Prograd e de quatro colegiados de cursos de graduação — Psicologia, Engenharia Química, Matemática e Nutrição.

Na abertura do fórum, a pró-reitora de Graduação, Benigna de Oliveira, apresentou a dinâmica do monitoramento concebida pela Prograd para avaliar o ensino remoto.  Nesta primeira fase, executada entre setembro e outubro, questionários com questões fechadas e abertas foram enviados aos envolvidos diretamente com a modalidade, e os dados levantados, repassados à pró-reitoria para análise e sistematização e devolvidos aos colegiados para orientar a tomada de medidas.

“Desde o começo, quando começamos a discutir as possibilidades da retomada por meio do ensino remoto emergencial, já estava previsto um processo de monitoramento e avaliação, de forma que a gente pudesse coletar informações, de forma sistematizada e utilizá-las não só para traçar um perfil do ensino remoto na UFMG, mas de fato identificar as dificuldades: como poderíamos apoiar os colegiados, estudantes e técnicos-administrativos envolvidos com ensino de graduação, como implementar melhorias, como corrigir rumos, mas também como compartilhar e integrar as nossas práticas às aquelas práticas e experiências exitosas”, disse a pró-reitora.

O modo emergencial possibilitou a retomada das atividades por 92% das 10.098 turmas previstas para o primeiro semestre, manutenção de 98% das disciplinas teóricas, 87% das práticas e 90% das teórico-práticas, de acordo com o primeiro levantamento.

Na segunda fase, em andamento desde o começo de outubro, um novo instrumento para avaliação, apenas com perguntas objetivas, será disponibilizado no Moodle, em breve, a toda a comunidade acadêmica, para coletar informações que vão subsidiar melhorias e manutenção das experiências bem-sucedidas.

Semestre de aprendizado

Primeira a compartilhar suas experiências, Érika Lourenço, coordenadora da graduação em Psicologia, falou sobre o processo de implantação, monitoramento e avaliação do ensino remoto no curso, que incluiu a análise das atividades que seriam adaptáveis ao novo modo, ajustes das matrículas e maior comunicação entre os professores e os estagiários docentes, por grupo de mensagens.

A interação com os discentes também foi intensificada, com a criação de uma página no Instagram, atualização do site do colegiado e contato constante com representantes do centro acadêmico (Capsi). Um dos espectadores do fórum, o graduando do 4º período Marlon Teixeira, elogiou a abertura do departamento ao diálogo. “Foi perceptível a atenção que o colegiado e monitores tiveram com os alunos, sempre procurando ter uma escuta por parte dos estudantes e procurando fazer melhorias.”

Para avaliar as ações, foram aplicados questionários para professores, alunos e técnicos e organizadas rodas de conversas com os representantes de turmas e do Capsi. Os levantamentos permitiram identificar problemas e boas práticas e auxiliaram a elaboração de um planejamento para aprimorar as disciplinas no próximo semestre. Estão previstas a criação de material didático para os docentes e, para os estudantes, oficinas de gestão do tempo e de organização de estudos e ações de acompanhamento psicoeducacional e acolhimento.

“O ensino remoto é, de fato, um enorme desafio para todos nós, para a Universidade, como um todo. Está sendo tudo muito novo, e estamos descobrindo formas de fazer acontecer. Então, a nossa postura, no colegiado e no NDE, tem sido de entender esse primeiro semestre como um semestre de aprendizado”, ponderou Érika.

Comunicação e planejamento

Xará da sua antecessora no painel, Érika Cren, coordenadora do colegiado de Engenharia Química, viu como positiva a adoção do ensino remoto pelo curso, citando números como o índice de 12% de insatisfação com o modo, conforme questionários respondidos pelos estudantes; sete trancamentos totais e 65 parciais, algo muito próximo dos períodos anteriores.

O bom resultado foi atribuído a duas ações principais: comunicação, para manter alunos e professores informados e tranquilos, e planejamento, com a elaboração de propostas para a retomada, discutidas pelos coordenadores e pelo NDE. “É impressionante imaginar o que a gente conseguiu fazer em tão pouco tempo. Às vezes, a gente acha que é pouco, que está insuficiente, mas realmente é impressionante os ganhos e o aprendizado que a gente teve. Não foi fácil, a gente não agradou todo, teve problemas, mas posso considerar os resultados positivos e fico feliz com isso”, afirmou.

Iniciativas como videoaulas gravadas nos laboratórios do departamento e em fábricas, intensificação do uso de simuladores para disciplinas mais práticas, variedade de formas de avaliação, como provas orais e quizzes, foram algumas das alternativas encontradas pelos professores do curso para encarar o “novo normal” na sala de aula.

Para aprimorar

Jussara de Matos, coordenadora da graduação de Matemática, abordou as estratégias para monitoramento do ensino remoto definidas pelos coordenadores das disciplinas do Ciclo Básico ofertadas pelo ICEx a cursos de várias outras unidades, e das disciplinas do Ciclo Profissional, comuns às áreas de exatas e de Engenharias.

“Pelo fato de o ensino de remoto ser algo completamente novo, é necessário que a gente avalie, que a gente pense sobre ele. Estamos vendo aparecer mais um semestre em que vamos ficar praticamente remotos novamente, então é só através dessa análise crítica, desse monitoramento, que a gente vai poder tentar ter um segundo semestre melhor e mais produtivo para todos”, explica.

Reuniões periódicas e questionários foram os instrumentos escolhidos para verificar como estudantes, professores e técnicos têm se adaptado à nova forma de ministrar aulas, e aprimorar a experiência para o segundo semestre, que começa no dia 30 deste mês. Formas de manter o interesse e avaliar o aprendizado dos alunos, a produção de material didático e a duração de aulas síncronas são alguns dos desafios identificados. Para acompanhar o impacto das avaliações, o instituto estuda, por exemplo, manter os professores à frente das mesmas disciplinas, manter aulas síncronas mais curtas e destinadas ao esclarecimento de dúvidas sobre o conteúdo já trabalhado.

Encerrando o fórum, a professora Rita de Cássia Ribeiro, à frente da coordenação do curso de Nutrição, fez uma retrospectiva do planejamento do ensino remoto na graduação, iniciado ainda em maio. Desde então, já estava prevista a avaliação contínua das atividades ministradas virtualmente, a partir da visão dos docentes e dos discentes e dos aspectos de gestão, também utilizando questionários.

Os dados obtidos, compartilhados no Moodle com o objetivo de receber contribuições, indicaram que 50% dos docentes pretendem reformular suas práticas para o segundo semestre e que 71% se dizem sobrecarregados com as tarefas.  Esse número chegou a 79% entre os estudantes, grupo do qual quase a metade, 48%, está matriculada em seis ou mais atividades curriculares e 62% afirmam se dedicar seis ou mais horas diariamente ao estudo, quadro que preocupou a coordenadora.

“A nossa orientação é que os alunos, diante desses dados, façam a sua matrícula com base na sua experiência individual nesse semestre. É o que ele dá conta, para que a gente consiga passar por esse processo e chegar do outro lado inteiros e não adoecidos”, aconselha.