Volume 03

Editorial:

Com apenas três anos de existência, o Setor de Arqueologia da UFMG já se firmou no quadro da pré-história brasileira. O relatório de atividades apresentado no final destes Arquivos mostra a importância tanto dos trabalhos de campo e de laboratório como a formação dos quadros técnicos e a divulgação das atividades arqueológicas para o público, especializado ou não. Em setembro de 1978, a Universidade Federal de Minas Gerais recebeu os participantes do Colóquio Interdisciplinar Franco Brasileiro sobre estudo e Cartografia de Formações Superficiais, e suas Aplicações nas regiões tropicais, representando doze países. Este Congresso foi, organizado pelo Centre de Géormorphologie du Centre National de la Recherche Scientifique, o Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, e o Laboratório de Pedologia e Sedimentologia da mesma Universidade. O programa era coordenado por J.P. Queiroz Neto e A. Journaux.
Os temas I-IV foram debatidos na Universidade de São Paulo e ilustrados por mapeamentos realizados neste Estado. O tema V (aplicação à arqueologia), ilustrado pelo karst de Lagoa Santa, foi realizado em Minas Gerais, o que permitiu aos congressistas visitarem esta região, há muito famosa nos anais da pré-história brasileira. Os comentários à esta excursão tendo sido já publicados (Guia das Excursões do Colóquio, publicado pela USP), apresentamos aqui somente os textos recebidos dos congressistas.
Devido à morte da Dra. Annette Laming-Emperaire, a realização do tema V foi quase cancelada e sua preparação sofreu finalmente atrasos importantes, impedindo que vários arqueólogos brasileiros interessados pudessem conseguir financiamento para participar do Colóquio. Por conseguinte, foi organizada uma reunião à margem do Colóquio, que permitiu aos interessados assistir somente a parte ligada à arqueologia e apresentar comunicações referentes ao estudo do meio ambiente na pré-história, tema diretamente correlato ao do Colóquio. Estas comunicações, ou seu resumo, formam a segunda parte dos Arquivos.
A terceira parte é formada por artigos mais particularmente ligados a pesquisas realizadas no Estado de Minas Gerais. O trabalho de O. Dias e E.Carvalho nos apresenta o primeiro relatório sobre as habitações semisubterrâneas do Estado, descobertas pela primeira vez pelo IAB, depois encontradas em vária regiões pelo Setor de Arqueologia da UFMG. Aproveitamos a oportunidade para apresentar nossas desculpas aos integrantes do Instituto de Arqueologia Brasileira que, por um involuntário lapso não foi mencionado entre as entidades pioneiras da arqueologia do nosso Estado em nossa primeira publicação (Arquivos II do Museu de História Natural). Muitos já terão notado este esquecimento, já que entre outros relatórios, o Prof. O. Dias publicou o resultado das suas prospecções no Vale do Rio São Francisco no Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (ver n9 IV e V).
No início de 1977, o Dr. A.Bryan e a Dra. R.Gruhn tendo demonstrado interesse em testar um sítio na região de Montes Claros (MG), o CNPq solicitou-nos montar um projeto em comum. Em consequência, uma escavação foi realizada na Lapa Pequena, com a participação de dois pesquisadores e um estagiário do Setor. Um relatório geral das pesquisas vem neste volume. O Setor de Arqueologia da UFMG procura desde sua criação aproveitar a colaboração de áreas afins; é assim que publicamos aqui artigos sobre paleontologia, palinologia, etno-história e etno-musicologia ligados às nossas pesquisas em Minas Gerais.
No início de 1980, esperamos poder apresentar as monografias sobre dois importantes sítios de Minas Gerais estudados desde 1976: o Dragão (município de Montalvânia) e o abrigo de Santana do Riacho (Serra do Cipó). Outros estudos sobre Quilombos, tecnologia pré-histórica e paleoambientes deverão ser incluídos no próximo número dos Arquivos do Museu de História Natural. Em 1980, os esforços se concentrarão sobre a preparação da publicação da Lapa Vermelha de Pedro Leopoldo, cuja escavação foi realizada sob a orientação da Dra. Laming-Emperaire. Os documentos escritos (fichas, cadernos, plantas, fotografias) nos foram entregues pela Dra. Lavaleé, responsável pela URA n°25 do CNRS francês , com o cargo de tentar levar a cabo o estudo, com a ajuda dos numerosos especialistas empenhados na análise do material coletado . Evitar que sejam perdidos tantos esforços ê a maior homenagem que possamos prestar àquela que tanto fez pela arqueologia brasileira.
Desejamos agradecer aqui as pessoas e entidades que colaboraram conosco na elaboração deste número dos Arquivos do Museu de História Natural, destacando particularmente: as Pró-Reitorias de Extensão e de Administração;
os Diretores do Museu de História Natural, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Exatas; e, particularmente, aos membros e colaboradores do Setor de Arqueologia, que trabalharam para montar e custear boa parte dos presentes Arquivos.


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