Este ano, o evento tem como tema Epistemes, Estéticas e Subjetividades Negras

Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG
Acadêmicos, servidores técnico-administrativos e docentes do campus Montes Claros se reuniram no final da tarde desta segunda-feira, 17, para a abertura oficial do Novembro Negro da UFMG no campus Montes Claros. O evento, que está em sua oitava edição, começou com uma apresentação artística de Gigio e Rose. A dupla trouxe um repertório ligado à temática. Este ano, o tema do Novembro Negro é Epistemes, Estéticas e Subjetividades Negras. A escolha do tema foi definida mediante consulta pública à comunidade universitária, reafirmando o compromisso social da UFMG em promover a defesa da universidade pública inclusiva e antirracista, por meio de espaços para as ações afirmativas no ensino superior e em suas conexões com a sociedade. “Esse ano, a gente traz o tema Epistemes, Estéticas e Subjetividades Negras para dizer que a presença negra na universidade é na produção do conhecimento. E ela não começou aqui. Nós tivemos deslegitimado e, de alguma forma, foi uma história não contada da presença negra na produção do conhecimento. As primeiras universidades estão no continente africano. Você vai no Marrocos, você vai na Tunísia, no Egito, no Mali. São esses lugares onde tiveram as primeiras universidades. Então, significa que nós temos, nós sabemos, nós produzimos conhecimento. Trazer esse tema da Episteme é trazer essa dimensão de uma capacidade de produzir conhecimento que é negra, que é preta. Então, tem a nossa estética e a nossa subjetividade. E a gente produz conhecimento sem quebrar essas três dimensões” explicou a pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFMG, professora Licínia Corrêa.

Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG
Além da pró-reitora de Assuntos Estudantis, compuseram a mesa de honra o diretor do campus Montes Claros, professor Hélder dos Anjos Augusto e a estudante de Engenharia de Alimentos Cíntia Moura, representante do Coletivo de Indígenas e Quilombolas (Coleiq) da unidade acadêmica. A acadêmica destacou a importância de momentos como o Novembro Negro. “O 20 de novembro nos lembra a força de Zumbi de Palmares e da sua resistência que marcou a história do Brasil. Essa história não ficou no passado. Ela continua viva nos quilombos e nos que, mesmo longe de suas comunidades, seguem carregando a cultura, a luta, a dignidade dos nossos ancestrais. Hoje, estar aqui é reafirmar que essa luta continua. O coletivo existe para garantir que essas pautas circulem pela universidade, para que mais pessoas entendam a importância da representatividade, do respeito e do acesso às informações. Somos um coletivo que se apoia, que se fortalece e que acredita no poder da educação como ferramenta de transformação”.

Foto: Ana Cláudia Mendes i UFMG
O diretor do campus Montes Claros, professor Hélder dos Anjos Augusto, destacou a importância da troca de saberes na construção do conhecimento e da cidadania. “A produção do saber não se dá apenas nas salas de aula, nas quatro paredes. Ela é um processo em construção. E muitas das vezes, esses espaços que nós estamos discutindo aqui hoje, é o momento de fortalecer a nossa cidadania. De fortalecer o sujeito para esse embate na trilha do nosso país. Esse é um momento de formação, onde o saber instituído vai colaborar com os saberes construídos. Os instituídos estão lá nos projetos político-pedagógicos. E os saberes construídos se dão nesse momento aqui, do nosso fortalecimento”.

Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG
Após a abertura, a pesquisadora, artista, poeta e perfomer Patrícia Giselia ministrou uma palestra com o tema “Expressões Negras em Movimento: arte, corpo e ancestralidade. Com a interpretação de uma poesia, ela iniciou sua apresentação e trouxe para o público uma reflexão sobre o processo de construção da contra episteme. “Eu venho das Ciências Humanas, eu dialogo com as Ciências Sociais, e hoje é a primeira vez em cerca de 15 anos que não vou falar para os meus pares. Começo dizendo que é uma opção,é minha escolha trabalhar com a teoria e a teoria nesse caso, que é a episteme, é uma teoria que eu quero apresentar como foi o meu processo de desconstrução de contra episteme, dessa episteme que a gente conhece, que narrou até hoje toda a história dos vencedores, que é uma história eurocêntrica, machista, racista. Então, como que a gente chega até os dias atuais, por exemplo, num curso de graduação, de pós-graduação, sem conhecer pensadores e pensadoras negras”, enfatizou.

Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG
Programação

Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG
As atividades do Novembro Negro no campus Montes Claros tiveram início na última sexta-feira, 14 de novembro, durante a 12ª Feira de Ciências do Norte de Minas Gerais e Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Na ocasião, foi aberta a exposição “O Sagrado”, uma mostra de instrumentos e adereços que representam os orixás e a riqueza da cultura afro-brasileira. A exposição segue aberta ao público na biblioteca do campus. O grupo de Dança Parafolclórica Fitas apresentou o espetáculo de danças regionais que expressam a riqueza das influências afro-indígenas na cultura brasileira. E foi realizada uma oficina de Tranças, como um momento de valorização da estética afro e de celebração das raízes culturais.
Nesta terça-feira, 18, a programação segue com atividades durante todo o dia. A partir das 9:00h, serão realizadas oficinas e rodas de conversa no gramado central, além de apresentações artísticas. O evento é aberto a toda a comunidade.
(Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)