Jogos indígenas, rodas de conversa e exibição de filmes fizeram parte da programação

Foto: Paula Caldeira I UFMG
Nesta sexta-feira, 25, o campus regional Montes Claros recebeu as atividades do Abril Indígena da UFMG. Às 9h da manhã foi realizada a cerimônia de abertura. Em seguida, jogos indígenas, exibição de filmes e rodas de conversa. Planejadas pelos próprios estudantes, as atividades foram pensadas para ocorrerem “nos próprios espaços que os alunos indígenas já frequentam”, comenta Anaíne Anikualo Taukane, aluna do 6º período do curso de Direito, no campus Pampulha. “Também estamos buscando uma união com outros grupos, principalmente com estudantes quilombolas, para lutarmos juntos para tornar a educação democrática e acessível, sem perdermos nossa ancestralidade”.
Este é o primeiro Abril Indígena realizado no campus como Coletivo. “A gente montou o Coletivo Indígena e de Quilombolas em 2023 por causa das nossas lutas em comum, de território e pelo nosso passado, além da representatividade. Este evento está sendo um aprendizado para a gente”, explica a estudante de Agronomia, Jaqueline Menezes. Ela destaca ainda a presença crescente de estudantes indígenas no campus. “Quando eu entrei para UFMG, em 2022, havia poucos indígenas no campus. Começamos o Coletivo, em 2023, com três indígenas e dois quilombolas. Esse ano, ingressaram mais três indígenas. O Coletivo foi criado para a gente reafirmar nossa presença no Campus. A gente criou o Coletivo para que os estudantes enxerguem a gente aqui na Universidade, se reafirmem e possam se expressar”, ressalta.
Do acesso à permanência

Foto: Paula Caldeira I UFMG
O Abril Indígena é realizado pelo Colei, em parceria com a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) da UFMG – em particular, com sua Diretoria de Ações Afirmativas, também responsável pelo Novembro Negro UFMG.
O objetivo é chamar a atenção para as lutas indígenas e, particularmente, para a importância da democratização do ensino superior indígena no país, entendido como essencial para a transformação das universidades brasileiras em espaços mais representativamente diversos, plurais e inclusivos.
Em seus primeiros anos, o evento teve foco no acesso indígena à educação superior. Na medida em que os estudantes indígenas começaram a chegar à Universidade, intensificou-se também a preocupação com a sua permanência, que é hoje o principal desafio enfrentado. “Observamos, ao longo desses quatro anos, uma crescente mudança na pauta indígena. Não falamos mais em ‘presença’; buscamos a efetivação de uma formação superior que chegue aos povos indígenas sem ferir nossas identidades”, explica o Colei, em comunicado coletivo.
“Somos cobrados quanto ao rendimento padrão, sem a validação dos nossos saberes. A Universidade precisa se adaptar às mudanças. Quando trouxemos o lema do ‘território indígena UFMG’, em nosso levante pela educação, a ideia era fazer realmente um grito de existência. Seguimos fortes, mas agora em um levante pela educação democrática. Esse é o tema de 2025”, explicam os integrantes do coletivo. Formalmente, o tema deste ano está registrado nos seguintes termos: Raízes que educam: democratização do ensino superior indígena. chegar, ocupar e permanecer para transformar a Universidade.
“Nossa proposta é discutir o papel da Universidade na formação de jovens lideranças através do ensino superior e seus caminhos para a efetivação da presença, indo além da permanência, refletindo sobre a importância da identidade e sua diversidade como um direito”, anota-se no instagram do coletivo. “Pensar as trocas de conhecimento e a sua valorização é o caminho para alcançar a democracia e estabelecer estratégias coletivas ao combate das desigualdades. Por isso, contamos com atividades que buscam essa reflexão, marcando a resistência dos povos indígenas que vão além do mês de abril.”
(Ewerton Martins Ribeiro I Ana Cláudia Mendes I Cedecom)